Iniciativa Agro investe R$ 5 milhões em sistema que conecta o médio produtor rural ao mercado de capitais

Plataforma analisa a gestão “porteira para dentro”, traduz o risco do agricultor para a linguagem financeira e abre caminho para crédito mais justo e eficiente, reduzindo a dependência do barter, que gera custos de pelo menos 15%.

A Iniciativa Agro, empresa especializada em inteligência de risco, originação e estruturação de operações para o agronegócio, desenvolveu uma plataforma que viabiliza crédito mais barato e rápido para o pequeno e médio produtor. Batizado de Sistema Integrado de Originação (SIO), a ferramenta analisa risco voltado a esse ecossistema, com foco em destravar o acesso a capital competitivo. A solução consumiu parte dos investimentos de R$ 5 milhões feitos pela empresa em 2025. E vai demandar outro montante dos  R$ 8 milhões, que vão ser alocados pela Iniciativa Agro no ano que vem.

“A Iniciativa Agro desenvolveu uma alternativa ao barter e as tradicionais ferramentas de concessão de crédito para esse perfil de produtor”, afirma Marcelo Trapé, engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP, com MBA em Agronegócios, e Chief-Executive Officer (CEO) da Iniciativa Agro. O barter é uma operação financeira estruturada que envolve troca de insumos por produção futura, funcionando como uma forma alternativa de crédito rural. Em outras palavras, o produtor recebe insumos atrelados a pacotes fechados, com baixa liberdade de escolha, spreads elevados e forte assimetria de informação.

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Com o SIO, o foco da Iniciativa Agro é o produtor com necessidade anual de crédito entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões por safra. Nessa faixa de demanda por financiamento, o agricultor tem um crédito disponível atualmente, que pressiona margens, restringe competitividade e concentra poder na intermediação. Tanto que estudos da empresa apontam que o seu modelo é capaz de proporcionar uma economia na largada ao redor de 15%, quando comparado às modalidades disponíveis atualmente, além de eliminar a obrigação de contratação de “pacotes tecnológicos”. Características do modelo barter

“Nosso ponto de partida é um problema estrutural: o Plano Safra cobre em torno de 30% a 35% das necessidades de financiamento do setor, deixando a maior parte da demanda sujeita a operações mais caras e pouco transparentes”, explica Bruno Youssif, Diretor de Finanças Sustentáveis da empresa. Administrador e com mestrado em Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Youssif acumula passagens pela KPMG, entre outras grandes empresas, e se juntou à Iniciativa Agro, com a missão de fomentar a agricultura regenerativa.

Como funciona

O Sistema Integrado de Originação propõe o movimento inverso da lógica estabelecida na concessão de crédito vigente no mercado. Em vez de enquadrar produtores em modelos padronizados, a plataforma captura, organiza e interpreta dados da gestão “porteira para dentro” – insumos utilizados, perfil tecnológico, práticas agronômicas, produtividade, aderência a padrões regionais definidos por instituições como a ESALQ – tradicional escola de engenharia agrônoma da Universidade de São Paulo (USP) -, além de informações públicas e privadas associadas ao agricultor. Com isso, produz uma análise de risco ajustada à realidade de cada operação agrícola e compreensível para o mercado financeiro e de capitais.

“Hoje, boa parte do crédito para o agro é precificada com base em recortes situacionais – cultura, região, tamanho médio – que geram taxas flat e não distinguem quem faz gestão de excelência de quem opera com baixa eficiência. Nosso sistema cria essa diferenciação com critério técnico, permitindo que o bom produtor seja reconhecido como tal e acesse capital em condições mais justas”, afirma Renato Plachi, Diretor de Operações da Iniciativa Agro, graduado em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP, com pós-graduação em Gestão de Empresas e com passagem por grandes grupos do agronegócio e do setor financeiro.

Contudo, a plataforma não é uma fintech de crédito. Ela funciona como infraestrutura de inteligência e matchmaking entre produtores e financiadores.

A partir, por exemplo, do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e da vinculação com propriedades e cadastros rurais, a Iniciativa Agro integra bases de dados públicas e privadas, notas fiscais de insumos, parâmetros técnicos regionais e indicadores de manejo. Esses dados são processados de forma impessoal e remota, com apoio de cooperativas, revendas e outros agregadores, reduzindo fricção para o produtor. O resultado é uma fotografia técnica da performance agrícola e do perfil de risco, pronta para ser usada por bancos, fundos e estruturas de mercado de capitais.

Portanto, um dos diferenciais estratégicos está na conexão com finanças sustentáveis. E essa lógica de análise “porteira para dentro” permite identificar o grau de aderência dos produtores a práticas de agricultura regenerativa, de baixo carbono e ao uso de insumos menos tóxicos. Isso posiciona a SIO como ferramenta pronta para dialogar com a recém-lançada Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) aplicada à agricultura, facilitando a originação de operações verdes e temáticas.

“Quando conseguimos demonstrar, com dados, que um produtor reduz impacto ambiental, faz bom manejo e está alinhado a critérios de agricultura regenerativa e de baixo carbono, abrimos para ele a porta de bolsos mais pacientes e sofisticados: fundos, estruturas rotuladas como verdes, instrumentos sustentáveis. Nossa tese é simples: informação qualificada no campo vira acesso a capital melhor e mais coerente com a nova regulação”, explica o  diretor de Finanças Sustentáveis da Iniciativa Agro.

Com sede no Brasil e atuação junto a fundos de investimento e instituições financeiras, a Iniciativa Agro já apoiou o desenvolvimento de projetos agrícolas que somam mais de R$ 250 milhões. A companhia participa da coordenação do Subgrupo de Agricultura e Uso Sustentável da Terra do Laboratório de Inovação Financeira (LAB) e participa de agendas institucionais voltadas à transição para uma agricultura de baixo carbono e regenerativa.

Seu conselho e sua equipe executiva reúnem ainda nomes como os sócios Leonardo Bonetti, Ronaldo Varela e Álvaro Carramaschi, todos com histórico em cargos relevantes em instituições financeiras e mercado de capitais, somando rigor técnico, visão estratégica e compromisso com o futuro sustentável do crédito agrícola brasileiro.

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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