
População de javalis e javaporcos explode e ameaça produção agrícola na próxima safra
A presença cada vez mais frequente de porcos selvagens em propriedades rurais de Mato Grosso tem gerado impactos severos na agricultura, especialmente nas lavouras de milho. Em Brasnorte, no noroeste do estado, os estragos já são visíveis: áreas superiores a 25 hectares foram comprometidas pela ação dos animais, que invadem os campos desde os primeiros estágios do cultivo, escavando o solo, danificando sementes e destruindo plantas em formação.
Na fazenda Flecha de Ouro, por exemplo, onde estão cultivados cerca de 3 mil hectares de milho, os ataques se intensificaram. Em algumas áreas, a perda já chega a 10%. O estrago não se resume apenas ao que os porcos consomem ou destroem diretamente — ao abrir clareiras e revirar o solo, eles favorecem o crescimento de plantas daninhas, que competem com o milho e elevam os custos com manejo e controle.
Diante desse cenário, muitos produtores estão sendo forçados a mudar seus planos. Em algumas propriedades, a área de milho foi drasticamente reduzida — em um dos casos, houve uma diminuição de 70% na área plantada nesta safra. Ainda assim, os ataques continuam: em um único episódio, os animais devastaram até 15 hectares de uma só vez. Com prejuízos acumulados e a perspectiva de novos danos até a colheita, alguns agricultores já decidiram abandonar o cultivo do milho na próxima temporada por inviabilidade financeira.
Outras culturas também estão na mira dos javalis e javaporcos. Lavouras de soja já registram perdas de até 20% em algumas propriedades, enquanto as plantações de feijão começam a sofrer os primeiros impactos conforme a cultura se aproxima da colheita. Em uma única fazenda, estima-se que mais de 600 porcos selvagens estejam circulando pela área — um número que impressiona e preocupa.
O problema vai além das lavouras. Criadores de gado relatam prejuízos com animais feridos e estruturas danificadas, como cercas derrubadas durante os ataques dos bandos.
A Aprosoja Mato Grosso classificou a situação como crítica e reforçou o alerta para o avanço dessas espécies invasoras, com destaque para a região sul do estado, incluindo municípios como Alto Taquari. De acordo com a entidade, os porcos selvagens, por serem exóticos e altamente agressivos, representam uma ameaça tanto à produção agrícola quanto à fauna nativa, com uma capacidade de reprodução elevada e sem inimigos naturais que controlem sua população de forma eficaz.
Buscando alternativas para enfrentar o problema, representantes do setor agropecuário têm se reunido com o Ibama com o objetivo de implementar medidas de controle populacional baseadas em critérios técnicos e sustentáveis. A urgência é evidente: se nenhuma ação for tomada, o cultivo de milho — e outras culturas — pode se tornar insustentável em muitas regiões produtoras do estado.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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