Itália dá passos largos para a proibição de carne sintética no país

Proibição da comercialização de carne sintética foi aprovado no Senado italiano; lei também se aplica a outros alimentos fabricados em laboratório

O Senado da Itália aprovou nesta quarta-feira (19) um projeto de lei que proíbe a produção de carne artificial, por 93 votos a 28, com 33 abstenções. O texto, que também se aplica a outros alimentos fabricados em laboratório, agora será analisado pela Câmara.

Esse tipo de carne, também chamada de sintética, cultivada, carne de laboratório ou carne de cultura, é produzida pela reprodução in vitro de células de animais — o produto final, portanto, não requer criação e abate de gado.

“A Itália, líder europeia em matéria de qualidade e segurança alimentares, tem o dever de estar na vanguarda das políticas alimentares de defesa dos cidadãos e das empresas”, declarou Ettore Prandini, presidente da Coldiretti, principal organização agrícola italiana.

O ministro da Agricultura, Soberania alimentar e Florestas da Itália, Francesco Lollobrigida, comemorou a decisão: “Isso nos coloca na vanguarda do mundo. Somos o primeiro país a vetar a venda, importação e produção de comida sintética. Mais um passo fundamental na única direção que o governo Meloni conhece: a do interesse nacional. Em frente assim, pela Itália”.

O texto aplica as mesmas restrições a quaisquer produtos “constituídos, isolados ou produzidos a partir de culturas celulares ou tecidos derivados de animais vertebrados para o emprego na preparação de alimentos, bebidas e rações”. Entre os argumentos dos senadores do governo para aprovar o projeto está o da falta de estudos sobre a segurança do produto.

“Um relatório da OMS [Organização Mundial da Saúde] cita a necessidade de dar atenção aos componentes usados nos biorreatores, como hormônios, e sobre o modo como as moléculas podem interferir com o metabolismo. É oportuno estudar mais e, enquanto isso, vetar a circulação”, disse o parlamentar da sigla governista Irmãos da Itália (FdI), Marco Scurria.

A união entre os partidos de centro Ação e Itália Viva se dividiu sobre a questão. “O Ação vai se abster porque não há certezas sobre o veto à pesquisa. Itália Viva vê a possibilidade de proteger a pesquisa italiana, o Made in Italy, os agricultores e mais de 600 mil criadores de gado italiano”, declarou a senadora Silvia Fregolent.

Já a oposição levantou acusações de negacionismo e interdição do debate científico. “Enquanto o mundo todo poderá pesquisar, a Itália diz um seco ‘não’ ideológico. Fazemos em nome da defesa do Made in Italy. Mas talvez seja o contrário, destruímos a possibilidade de existência de um empreendimento italiano no setor”, disse a senadora do Partido Democrático (PD) Ylenia Zambito.

Guerra à comida sintética

O governo da Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido populista de direita Irmãos da Itália (FdI), declarou guerra aos alimentos sintéticos, que seriam uma “ameaça à tradição agrícola italiana”. O governo afirma ser necessário proteger a comida italiana de inovações tecnológicas supostamente nocivas, e renomeou a pasta do setor Ministério da Agricultura e Soberania Alimentar.

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