
Em vídeo contundente, o biólogo e influenciador Richard Selvagem, defende o controle populacional do animal no Brasil, classificado como espécie exótica invasora, e ironiza quem se opõe à caça: “Adote um javali e leve pra casa!”
A polêmica sobre o controle de javalis no Brasil ganhou mais um capítulo — desta vez com a participação do biólogo e influenciador Richard Selvagem, que não poupou críticas à omissão do poder público e à romantização da presença desse animal invasor. Em entrevista à página Aqui Tem Javali, fundada e comandada por Rafael Salerno, que reúne caçadores legalizados e defensores do controle responsável, Richard foi direto: “Javali é exógeno, é praga, tá na Constituição: tem que ser eliminado!”
A fala viralizou nas redes e reacendeu o debate sobre o impacto do javali na agropecuária, no meio ambiente e na biodiversidade brasileira. Os dados divulgados com exclusividade pelo Compre Rural são alarmantes e, segundo Salerno, é preciso abater mais de um milhão de javalis neste ano para frear o avanço dessa praga pelo país.
Javali: A praga que devasta lavouras e nascentes
Originário da Europa, o javali (Sus scrofa) não é uma espécie nativa do Brasil. Sua presença foi identificada no país a partir de introduções irregulares para criação em cativeiro e fins cinegéticos, e rapidamente o animal passou a se reproduzir descontroladamente em áreas rurais e de mata.
Hoje, o javali é considerado uma espécie exótica invasora, com alto poder destrutivo: ele destrói nascentes, compete com espécies nativas, transmite doenças para suínos e reviram plantações inteiras de milho, soja, mandioca e pinhão. Os prejuízos ao agronegócio e ao meio ambiente são bilionários.

“Se o Estado não faz, alguém precisa fazer”
Durante a gravação do vídeo, Richard ironiza a ausência de políticas públicas eficazes para lidar com o problema. “O Estado vai fazer isso? Não. Então alguém precisa fazer”, afirma. Segundo ele, há caçadores legalizados, treinados e equipados atuando no controle dessa praga, cumprindo uma função que o Estado abandonou.
Ele também aponta a hipocrisia de quem se opõe à caça legalizada, mas ignora os impactos da presença do javali. “Você não gosta de caçar? Não tem problema. Alguém vai fazer isso por você. Vai eliminar o javali, que compete com os nossos animais, que destrói as nascentes de água, que acaba com o agronegócio.”
“Você não gosta de caçar? Não tem problema. Alguém vai fazer isso por você.”
Vegetariano ou não, o problema é de todos
O influenciador ainda brinca com o fato de que o javali é essencialmente herbívoro: “Ele adora milho, soja, mandioca e pinhão. Ou seja, nem o vegano está seguro!” A crítica é clara — mesmo quem não consome carne é afetado pela devastação provocada por essa espécie.
“Eu descobri que sou vegano também. Terceirizado. Deixe de romantizar. Alguém vai fazer esse serviço pra você”, disse Richard, em tom sarcástico.
“Adote um javali”? Só se pagar o frete
A fala mais provocativa do vídeo talvez tenha sido a proposta irônica de uma campanha: #AdoteUmJavali. “Quer proteger o javali? Leva pra casa. Mas me manda o Pix antes pra eu pagar o frete!”, brincou Richard, arrancando risadas e indignações.
Controle responsável: o papel dos caçadores
A página @aquitemjavali representa um grupo crescente de caçadores legalizados que atuam de forma responsável, com registro no IBAMA e treinamento para o manejo ético e seguro do javali. O grupo defende que a caça, nesse contexto, não é esporte, mas uma necessidade sanitária e ambiental.
Eles se apresentam como “caçadores do bem”, que assumiram a tarefa de proteger o campo, os produtores e a biodiversidade nacional de um desequilíbrio ecológico crescente.
“Javali é exógeno, é praga, tá na Constituição: tem que ser eliminado!”, diz Richard Selvagem
A legislação é clara
De acordo com a Instrução Normativa IBAMA nº 12/2013, o javali é classificado como exótico e nocivo, e a sua caça é permitida mediante autorização, justamente como forma de controle populacional. A Constituição Federal garante proteção à fauna, mas especifica que espécies exóticas invasoras podem e devem ser controladas quando ameaçam o equilíbrio ambiental.
Enquanto o Estado não apresenta soluções estruturadas, a responsabilidade recai sobre grupos organizados, como os caçadores legalizados, que enfrentam o problema diretamente. E, como pontuou Richard, o tempo de romantizar acabou: ou se controla, ou se colhe os prejuízos — para o agro, para o meio ambiente e para todos os brasileiros.
Confira a entrevista completa abaixo:
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