
Executivo lidera operações da JBS nos EUA e é cotado como sucessor global da companhia; estreia na Bolsa de Nova York marca virada histórica da empresa fundada pela família Batista
A transição de poder na JBS, maior processadora de carne do mundo, parece estar cada vez mais próxima de se concretizar dentro da família Batista. Com apenas 33 anos, Wesley Batista Filho, atual CEO das operações da empresa nos Estados Unidos, surge como o nome mais provável para assumir o comando global da companhia. A informação foi revelada com destaque em reportagem exclusiva do The Wall Street Journal.
Filho de Wesley Batista e neto de José Batista Sobrinho, fundador da empresa em 1953, Wesley Filho representa a terceira geração à frente do império da proteína animal. O jovem executivo está no centro de um dos momentos mais simbólicos da história da JBS: a listagem direta das ações da companhia na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), concretizada em julho de 2025 após mais de uma década de tentativas frustradas.
De Greeley ao topo: formação prática e legado familiar
Com um olhar apurado herdado desde a adolescência, Wesley Filho aprendeu a interpretar a saúde de uma planta frigorífica por sinais simples: se a grama está aparada, se há flores plantadas ao redor da unidade e se os trabalhadores parecem satisfeitos. Essa sensibilidade foi desenvolvida nos tempos em que trabalhava no turno da noite de uma unidade da JBS em Greeley, no Colorado, ainda durante a juventude.
A carreira começou cedo. Aos 19 anos, ele estagiava nas linhas de produção. Aos 21, já liderava as operações de carne bovina no Uruguai e no Paraguai, e logo depois assumiu os negócios no Canadá. Em 2014, comandava a divisão de carne bovina da JBS nos Estados Unidos, antes de alcançar o posto atual.
Seu estilo de gestão é marcado pela simplicidade e eficiência. Em Greeley, trabalhava entre os demais funcionários, com uma mesa quase vazia — apenas sua cuia de chimarrão, um copo feito com chifre de boi e um galão de água com o rótulo “JBS Paraguai” faziam parte do cenário.
Estreia histórica em Nova York: símbolo de virada na JBS
A estreia na NYSE ocorreu em um cenário festivo e simbólico. Ao lado do avô José Batista Sobrinho, do pai Wesley e do tio Joesley, Wesley Filho tocou o sino da bolsa, marcando a nova fase da companhia. O evento também contou com a presença da esposa do executivo e do filho do casal.

A listagem foi feita de forma direta, sem roadshow, e simboliza a tentativa de reabilitação da imagem da empresa, que enfrentou anos turbulentos após escândalos de corrupção que afastaram seu pai e tio da diretoria. Hoje, os dois controlam cerca de 85% do poder de voto da empresa, que emprega 280 mil pessoas no mundo, sendo a maior produtora de carne bovina nos EUA e a segunda maior em frango e carne suína.
Superando escassez e apostando em expansão
A operação liderada por Wesley Filho representa mais da metade da receita anual da JBS, que chegou a US$ 80 bilhões. Apesar da crise na oferta de gado — com o rebanho bovino norte-americano no menor nível desde 1951 — e da redução na mão de obra após políticas migratórias da era Trump, o executivo tem conduzido iniciativas estratégicas como o programa “white bone”, que visa otimizar o aproveitamento das carcaças nas linhas de desossa.
Além disso, lidera uma série de investimentos em expansão, como a construção de uma fábrica de salsichas de US$ 135 milhões em Iowa e investimentos na área de ovos, além de ampliações nas plantas bovinas nos EUA.
Sucessão em curso na JBS
Embora a sucessão ainda não tenha sido oficialmente confirmada, o ambiente entre executivos e investidores já trata a ascensão de Wesley Filho como inevitável. Guilherme Cavalcanti, diretor financeiro da JBS, afirmou estar impressionado com a experiência e liderança do jovem executivo, lembrando que ele teria sucesso “em qualquer lugar”.
Com formação internacional, fluente em vários idiomas, e uma trajetória marcada pela prática e convivência com a rotina do negócio, Wesley Batista Filho caminha para consolidar um novo capítulo da JBS, voltando a colocar a empresa sob o comando direto da família, mas agora com uma nova geração à frente.
As informações foram publicadas originalmente pelo The Wall Street Journal, em reportagem de Patrick Thomas, no dia 30 de junho de 2025.
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