Jerseys são “mais econômicas” do que outras raças

As Jerseys são mais econômicas do que outras raças, consumindo menos ração para produzir a mesma quantidade de leite. Uma vaca construída para a indústria.

Por que o número de vacas Jersey aumentou nos Estados Unidos e no Canadá nos últimos anos? É bastante simples, segundo quem conhece a raça. Esta “linda vaquinha” oferece muito mais do que aparenta.

“É uma vaca construída para a indústria [láctea] de hoje”. É assim que o ex-gerente da Jersey Canada, Russell Gammon, descreve esta raça. As Jerseys são mais econômicas do que outras raças, consumindo menos ração para produzir a mesma quantidade de leite.

Por serem menores, as Jerseys também produzem menos dejetos. O leite é de qualidade substancialmente superior. As Jerseys oferecem boas taxas de fertilidade, partos fáceis e funcionam bem com robôs ordenhadores. Esses atributos são bem conhecidos há décadas.

Também há novas evidências de que elas podem comer maiores quantidades de volumosos sem reduzir a produção de leite.

No entanto, Gammon diz: “Por muito tempo, as Jerseys foram consideradas na América do Norte como não sendo produtivas o suficiente, como vacas bonitas, mas não como importantes produtoras de leite. Mas agora, por uma ampla variedade de razões, é inteligente ordenhar Jerseys.”

De fato, o crescimento do rebanho Jersey no Canadá e nos Estados Unidos tem sido constante. Primeiro, vejamos os números canadenses, que requerem algum exame do contexto histórico.

“O número de Jersey atingiu o pico por volta de 1960”, explica Gammon. “Na época, havia um programa nacional para comercializar o leite Jersey separadamente, que era muito popular. No entanto, com o ‘pooling de leite’ [entrando em vigor], esse programa terminou e começou um forte declínio no número de animais Jersey.”

Alguns produtores resistiram e outros trocaram suas Jerseys por outras raças. Então, na década de 1980, no Canadá, a indústria começou a focar no aumento da produtividade, o que fez com que alguns produtores olhassem novamente para a “vaca bonita”.

Aumentando o interesse pelas vacas Jersey

No início da década de 1990, no Canadá, foi introduzido o “preço dos múltiplos componentes”, em que os produtores eram pagos por gordura, proteína etc., separadamente. Isso também gerou interesse pelas Jerseys.

Ao mesmo tempo, um forte mercado de exportação de vacas e sêmen Jersey também se desenvolveu, principalmente para os Estados Unidos, mas também para outros países como Colômbia, Brasil e México.

No entanto, quando a BSE (encefalopatia espongiforme bovina ou doença da vaca louca) foi registrada em 2003, as exportações caíram profundamente e nunca se recuperaram, mas a associação Jersey Canadá acabou aproveitando isso. “Houve algum dinheiro de recuperação da indústria fornecido pelo governo por volta de 2005”, explica Gammon, “e a Jersey Canadá investiu sua parte na expansão das vendas de vacas e da educação.”

Outro fator pró-Jersey surgiu por volta de 2008, quando os conselhos provinciais de leite começaram a permitir o processamento de leite na fazenda. Isso novamente permitiu a segregação e a comercialização do leite Jersey para os produtores que tivessem interesse, o que abriu oportunidades para a comercialização do leite com valor agregado.

No total, cerca de 15 fazendas canadenses de Jersey fabricam e comercializam seus próprios produtos, a grande maioria localizada em Quebec. A Sargent Family Dairy em Ontário, por exemplo, abriu durante o verão de 2021 e não consegue acompanhar a grande demanda por leite Jersey nos sabores normal e chocolate.

Parece haver uma atração pela raça que ressoa nos consumidores de hoje, além da admiração pela bela aparência Jersey. Além disso, o maior teor de gordura do leite resulta produtos mais homogêneos e ricos.

Ordenhadeiras robóticas

Enquanto isso, outros fatores começaram a contribuir para o crescimento do número de Jerseys no Canadá. “As ordenhadeiras robóticas começaram a ganhar fama e as Jerseys se encaixam bem nelas; elas são ordenhadas facilmente e aprendem rápido”, explica Gammon.

“Também houve alguma redução na razão do pagamento para leite desnatado com relação ao leite integral, o que também tornou o Jerseys atraente.” As Jerseys podem produzir cerca de 25 kg de leite por dia com cerca de 5% de gordura. O leite da Jersey também é cerca de 15% mais rico em cálcio e contém mais proteínas e vitamina B12.

No início dos anos 1960, havia 17.000 Jerseys registradas anualmente no Canadá, e agora esse número se está em cerca de 12.000. “É o melhor valor desde 1963”, disse Gammon. “Provavelmente cerca de 90% das Jerseys são registradas e o número de rebanhos membros da Jersey Canada é de cerca de 1.000 a 1.100”. Existem cerca de 10.000 fazendas leiteiras no Canadá.

Dejetos

Outro fator atraente é que as Jerseys produzem 50% menos fósforo (P) em seus dejetos em comparação com outras raças leiteiras. Cientistas canadenses descobriram recentemente que, à semelhança de outras jurisdições, as maiores quantidades de P em solo canadense são encontradas em áreas de alta densidade de gado.

O chefe de Jersey Quebec, Jarold Dumouchel, relata que o rebanho total de Jersey de Quebec é de 8.000, registrados e não registrados. “Pelo que ouvimos, os produtores mudam para as Jerseys por muitos motivos: fósforo, é mais barato mudar para Jersey em vez de construir um celeiro maior para acomodar vacas Holandesas, economia com ração, etc.” A Jersey Quebec está trabalhando ativamente em vídeos sobre como mudar para o gado Jersey e comercializar produtos lácteos da raça.

“É uma vaca construída para a indústria de hoje”, diz Gammon, “e não acho que haja dúvida de que haverá mais crescimento. A maior quantidade de robôs e a necessidade de eliminar o excedente de proteína do leite do Canadá só tornarão a Jersey muito mais atraente. Tudo se resume à economia.”

Perspectiva dos EUA

Nos Estados Unidos, o rebanho nacional Jersey aumentou de 63.000 em 1980 para cerca de 362.000 em 2021. A maioria das Jerseys é encontrada na Califórnia, seguida por Wisconsin e Oregon.

Mais importante, Kim Billman, diretora de comunicação da American Jersey Cattle Association, observa que de 2000 a 2019, as vacas Jersey ordenhadas nos EUA aumentaram como porcentagem do total de vacas leiteiras, levando-se em consideração as 5 principais raças leiteiras (Jersey, Holandesa, Guernsey, Pardo-Suíça e Ayrshire) de 3,8% a 13,4%. A vaca leiteira Holandesa caiu durante esse período de 95% para 86%.

Da mesma forma que no Canadá, Billman diz: “As Jerseys tiveram um crescimento considerável devido à forma como o leite é precificado na maior parte do país. Além disso, muitos rebanhos com vacas Holandesas fizeram a transição para Jerseys, pois é a raça mais econômica com base na eficiência alimentar, reprodutiva e lucratividade geral”.

“Estamos vendo mais e mais rebanhos mistos em nossa população, já que muitos produtores continuaram a adicionar Jerseys aos rebanhos de Holandesas, Pardo Suíço e Ayrshire para aumentar os sólidos nos tanques e nos controles de leite.”

Como também é o caso no Canadá, um número crescente de produtores de Jersey nos Estados Unidos está optando por processar seu próprio leite, comercializando leite e queijos artesanais. “Ambas as opções são essencialmente nichos de mercado e atraem o segmento de consumidores que buscam comer ou comprar localmente”, disse Billman, mas ela acrescenta que o maior teor de gordura (cremosidade), proteína e cálcio no leite e no queijo também atraem os consumidores.

Pesquisa de eficiência alimentar

O professor Paul Kononoff da Universidade da Nebraska-Lincoln publicou recentemente um estudo sobre o desempenho da raça Jersey com uma dieta rica em forragens, seguindo uma pesquisa feita anos atrás no Reino Unido.

“Alimentamos as Jerseys com mais NDF [forragem em detergente neutro] e mais forragem, e a produção de leite foi mantida”, diz Kononoff. “Os dados são bastante limitados, mas acho que, juntos [a pesquisa atual e a do Reino Unido], esses documentos sugerem que as Jerseys podem ser alimentadas com proporções levemente maiores de forragem.”

A eficiência alimentar – e as características positivas das Jerseys – continuarão melhorando com o progresso genético. Billman relata que, nos Estados Unidos, tem sido feito grande esforço para analisar a genética do gado leiteiro e existem centenas de milhares de Jerseys genotipadas. “O intervalo entre gerações reduzido e a precisão aprimorada de seleção”, disse, “contribuíram para acelerar o avanço genético da raça”.

As informações são do Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.

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