Apesar de não existir um levantamento oficial do número de pedidos de Recuperação Judicial (RJ) feitos no setor nos últimos meses, fontes do mercado estimam que o valor dos débitos em negociação se aproximam de R$ 3,5 bilhões.
Não é novidade que o aumento exponencial do número de pedidos de recuperação judicial no agro tem preocupado o mercado financeiro. Muitos bancos e fundos de investimento que aportaram recursos em produtores têm encontrado dificuldade para executar as garantias contratuais, especialmente propriedades rurais, que têm sido consideradas bens essenciais em decisões de primeira instância na Justiça. Entretanto, o entendimento da justiça mudou recentemente, após um pedido do Governo Federal, trazendo limites à vista para RJ de produtor rural, entenda o caso abaixo.
Os pedidos de recuperação judicial para proprietários rurais que atuam como pessoas físicas saltaram 535% em 2023. É o que revelou uma pesquisa da Serasa Experian divulgada na primeira quinzena deste mês. Somente no ano passado, foram registradas 127 solicitações do recurso, com alta de 62% entre o terceiro e o quarto trimestre. O head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, afirmou que a alta já era esperada, e que fatores como o clima e o cenário econômico explicam a procura pela recuperação judicial no setor.
A nova estratégia de muitos agricultores tem sido incluir nos pedidos de recuperação dívidas referentes às Cédulas de Produto Rural (CPR), usadas para financiar a produção. Com isso, os produtores que recorrem à medida querem ganhar tempo para honrar os pagamentos e até mesmo renegociar os valores juntos aos credores. Muitos juízes já acataram esse tipo de pedido.
A situação chegou a ser levada ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que enderessou o assunto ao colega da Esplanada, Carlos Fávaro. O ministro da Agricultura encaminhou um ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pedindo a atuação do órgão para conter possíveis excessos e interpretações erradas dos juízes de primeira instância.
Porém, uma decisão do Tribunal de Justiça de Goiás a favor da Agrex pode começar a mudar esse cenário. A trading conseguiu excluir o crédito de uma CPR equivalente a 30 mil sacas de soja do pedido de recuperação feito pelo produtor Luciano Cândido Soares.
Apesar de não existir um levantamento oficial do número de pedidos de RJ feitos no setor nos últimos meses, fontes do mercado estimam que o valor dos débitos em negociação se aproximam de R$ 3,5 bilhões. Ainda assim, especialistas defendem que a crise não permeia todo o setor produtivo.
Os estados de Mato Grosso e Goiás aparecem no topo da lista dos que mais pediram recuperação judicial para pessoas físicas do agronegócio. Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Roraima também tiveram requisições.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, é um dos que refutam a ideia de crise generalizada no agronegócio. Para ele, depois de três anos consecutivos de margens acima da média, é natural que o setor viva agora um momento de instabilidade.
Quem abordou o assunto, comentando sobre a importância do cuidado com a decisão do produtor de entrar com o pedido de RJ foi a Dra. Olímpia Souza de Paula, advogada e colunista do Compre Rural. “Sem dúvidas, a Recuperação Judicial para o produtor rural “pessoa física” foi uma grande vitória para o setor, mas ainda é uma ferramenta muito complexa e que deve ser usada com cautela”, afirmou ela em seu artigo para o portal.
“Afinal, se uma RJ não for para frente, certamente haverá falência, que significa o fim daquele negócio e a venda de todo o patrimônio que, na maioria das vezes, é familiar, com grande valor sentimental e vem de muitas gerações. Logo, a consequência pode ser catastrófica“, alerta ela sobre o tema.
Tarifaço dos EUA sacode a tilapicultura brasileira e força o setor a reinventar seu futuro
Com salto das taxas de importação, Brasil perde espaço no mercado americano, acelera a diversificação de destinos, fortalece a sanidade e redescobre o mercado interno como pilar estratégico do crescimento
Metade das propriedades rurais de São Paulo já está em dia com a regularização ambiental
São Paulo alcança 5 mil títulos de terra e 200 mil CARs, garantindo segurança jurídica, regularidade ambiental e mais oportunidades ao produtor rural.
Medicilândia pode ganhar o título de Capital Nacional do Cacau
Medicilândia (PA), responsável por quase metade do cacau do Pará, pode se tornar Capital Nacional do Cacau, destacando sustentabilidade e geração de renda.
Continue Reading Medicilândia pode ganhar o título de Capital Nacional do Cacau
Déficit de armazenagem redefine mercado de grãos do Brasil diante da expectativa de safra recorde
Crescimento acelerado da produção brasileira expõe gargalos logísticos, pressiona preços no pico da colheita e transforma a armazenagem de grãos em um dos principais ativos estratégicos do agronegócio
Boi gordo em “clima de férias” mantém R$ 325/@, apoiado nas exportações e baixa oferta de boiada
Mercado opera com lentidão, mas sustentação vem da escassez de animais e demanda externa; preços do boi gordo se mantêm firmes mesmo com consumo interno ainda contido
STF forma maioria de votos – 6 x 0 – contra marco temporal de terras indígenas
Dois anos após a Corte declarar o marco inconstitucional, os ministros voltaram a analisar o tema. Corte tem placar de 6 votos a 0 pela inconstitucionalidade da regra do marco temporal para demarcação de terras indígenas
Continue Reading STF forma maioria de votos – 6 x 0 – contra marco temporal de terras indígenas





