Justiça pede para Unigel separar negócio de fertilizantes em nova empresa

Conforme estipulado no plano, a Unigel tem um prazo de 30 dias, a partir da homologação judicial do plano de RE, para apresentar uma proposta detalhada de separação da unidade de fertilizantes. Esta proposta deverá incluir a transferência de todos os ativos e passivos relacionados à produção de fertilizantes para a nova entidade; confira

A Unigel, uma das principais empresas do setor químico e petroquímico no Brasil, deu um passo significativo em sua reestruturação financeira com a aprovação do plano de recuperação extrajudicial (RE). Na última segunda-feira (20), detentores de mais de 50% dos créditos abrangidos no acordo, totalizando R$ 4,14 bilhões, aprovaram o plano que prevê a criação de uma nova empresa dedicada exclusivamente ao negócio de fertilizantes, a mais recente aposta do grupo.

Conforme estipulado no plano, a Unigel tem um prazo de 30 dias, a partir da homologação judicial do plano de RE, para apresentar uma proposta detalhada de separação da unidade de fertilizantes. Esta proposta deverá incluir a transferência de todos os ativos e passivos relacionados à produção de fertilizantes para a nova entidade.

Identificado como plano das “Sociedades Agro”, este processo de reestruturação será implementado pela “nova” Unigel. Na nova configuração, os atuais credores do grupo terão uma participação de cerca de 50% na nova empresa, enquanto a família Slegynzer, atual controladora, verá sua participação diluída para 50%. Esta medida visa equilibrar as responsabilidades e potencialmente atrair novos investimentos e parcerias para o setor de fertilizantes.

Atualmente, a unidade agro da Unigel enfrenta significativos desafios financeiros. O negócio inclui duas fábricas de fertilizantes arrendadas da Petrobras, localizadas em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE). A queda nos preços da ureia no mercado internacional resultou em prejuízos expressivos para a companhia.

A Petrobras não só aluga as fábricas de fertilizantes (conhecidas como “fafens”) para o grupo privado, mas também é a principal fornecedora de gás natural, essencial para a produção de fertilizantes nitrogenados. Devido às dificuldades financeiras, a Unigel paralisou as operações em ambas as unidades enquanto tentava renegociar o preço do gás com a Petrobras.

Uma alternativa considerada pela Unigel para retomar a produção foi a assinatura de um contrato de industrialização sob encomenda, conhecido como “pedágio”. Este contrato, que previa o pagamento de R$ 759,2 milhões à Unigel pela prestação de serviços de industrialização, armazenamento, expedição e pós-venda de ureia, amônia e Arla (um agente redutor de emissões para veículos a diesel), foi barrado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) antes de entrar em vigor.

A área técnica do TCU suspendeu o contrato devido a “indícios de irregularidades” e potenciais prejuízos estimados em cerca de R$ 487 milhões à Petrobras. Com a mudança na administração da Petrobras, o ministro do TCU, Benjamin Zymler, decidiu que caberia à nova gestão reavaliar o acordo.

Apesar das dificuldades, a Unigel investiu cerca de R$ 600 milhões na reativação das fábricas de fertilizantes. No entanto, as operações permanecem paralisadas enquanto a empresa trabalha para resolver as questões pendentes e buscar uma solução viável para a continuidade da produção.

O plano de recuperação extrajudicial da Unigel representa uma tentativa estratégica de resolver seus problemas financeiros e operacionais, particularmente no setor de fertilizantes. A criação de uma nova empresa dedicada a este segmento, com participação equilibrada entre credores e a família Slegynzer, pode proporcionar a estabilidade necessária para superar os desafios atuais e garantir um futuro mais promissor para a companhia. As próximas semanas serão cruciais para a definição dos detalhes da separação e a implementação efetiva do plano.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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