Leite A2: O que é, como verificar no seu rebanho e quem pode consumir?

O leite A2 é obtido de vacas que possuem o genótipo a2a2 para a proteína betacaseína. O que é, como verificar no seu rebanho e quem pode consumir? Confira tudo sobre esse leite

Atualmente, surgem debates intensos sobre os efeitos do consumo de leite no organismo. Algumas pessoas experimentam desconforto gástrico após ingerirem ou seus derivados, devido à alergia às proteínas lácteas ou sensibilidade aos produtos lácteos, que pode estar relacionada à presença de caseína.

Apesar disso, o leite é reconhecido como um alimento completo, repleto de nutrientes essenciais para a saúde humana. Uma alternativa que tem despertado interesse é o leite A2. A composição inclui água e sólidos, sendo estes últimos compostos por proteínas totais, gordura, lactose, minerais e vitaminas, variando em quantidade conforme a dieta e a raça dos animais.

As proteínas presentes no leite podem ser classificadas em dois grupos distintos:

Um grupo é composto pelas proteínas do soro, como alfa lactoalbumina e betalactoglobulina, que correspondem em média a 20% do total. O outro grupo é formado pelas proteínas do leite, conhecidas como caseínas, que incluem alfa-s1, alfa-s2, kappa e beta-caseína, representando 80% das proteínas totais. Entre essas, a beta-caseína possui diversas variantes genéticas, sendo as mais estudadas as variantes A1 e A2 em bovinos.

A diferença crucial entre essas variantes de caseína está na sua digestão no trato gastrointestinal. O leite contendo a variante A1, quando digerido, libera peptídeos ativos como a beta-casomorfina7 (BCM-7). Este peptídeo tem sido associado a efeitos adversos em seres humanos, incluindo o potencial de predisposição ao desenvolvimento de alergias à proteína do leite e sintomas como gases e desconforto abdominal após o consumo.

Leite A2: O que é, como verificar no seu rebanho e quem pode consumir?

Em contrapartida, o leite que contém apenas a variante A2 não produz o BCM-7 em quantidades significativas durante a digestão, resultando no peptídeo beta-casomorfina9 (BCM9), que não demonstra efeitos adversos clinicamente relevantes. Este tipo é frequentemente considerado de mais fácil digestão, pois não interfere significativamente nas contrações intestinais nem na secreção de muco, minimizando o desconforto após seu consumo. O leite A2 é obtido de vacas que possuem o genótipo a2a2 para a proteína betacaseína do leite.

Na década de 70, houve um avanço significativo com a determinação da sequência de aminoácidos das quatro caseínas e a descoberta das variantes genéticas associadas. Inicialmente, acredita-se que toda a população bovina possuía apenas o alelo A2, sugerindo que uma mutação posterior tenha introduzido o alelo A1.

É observado que bovinos de raças zebuínas apresentam uma maior prevalência tanto alélica quanto fenotípica da variante A2. Nos rebanhos de bovinos, há três combinações genotípicas possíveis para a produção de caseína: vacas A1A1, vacas A1A2 e vacas A2A2.

Animais com genótipo A1A1 produzem leite contendo exclusivamente caseína A1. Os que possuem genótipo A1A2 produzem ambos os tipos de caseína, enquanto os A2A2 produzem exclusivamente caseína A2.

A produção das diferentes variantes de caseína está diretamente determinada pela genética dos animais, tanto das vacas quanto dos reprodutores. Portanto, para identificar qual variante de caseína está presente no leite produzido, é necessário realizar a genotipagem do animal, não sendo possível determiná-lo diretamente através de testes no leite.

O leite disponível nas prateleiras dos supermercados geralmente contém uma combinação das diferentes caseínas, uma vez que é proveniente de múltiplos animais. No entanto, com o aumento do conhecimento sobre as proteínas do leite, tem-se discutido bastante sobre os benefícios associados ao consumo de leite produzido por vacas com genotipagem A2A2.

Pessoas com alergia à proteína do leite podem consumir leite tipo A2?

Vários estudos indicam que o leite A2 é considerado hipoalergênico, ou seja, provoca menos reações alérgicas. Portanto, o leite proveniente de vacas com genotipagem A2A2 é visto como uma opção mais segura para indivíduos sensíveis à beta-caseína A1, minimizando o aparecimento de sintomas clínicos associados ao seu consumo.

No entanto, não podemos afirmar que é totalmente seguro para pessoas alérgicas à proteína do leite, uma vez que na maioria dos casos a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é desencadeada pela β-lactoglobulina ou por mais de uma proteína.

No Brasil, já existem rebanhos certificados como A2A2, produzindo leite e seus derivados que estão disponíveis no mercado. Além disso, muitos produtores estão atualmente realizando genotipagem de seus rebanhos para determinar se produzem leite A2, e estão implementando programas de melhoramento genético para selecionar animais com essa característica, visando a produção de leite com maior valor agregado.

É fundamental que as informações de genotipagem e outros dados relevantes do rebanho sejam devidamente registrados e armazenados de maneira segura. Isso não apenas auxilia na tomada de decisões dos produtores e técnicos, mas também permite um gerenciamento eficiente da fazenda.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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