Líder global aposta no sistema BoiTeca e quer cultivar 60 mil hectares em parceria com pecuaristas

Com liderança global nas exportações de madeira, empresa brasileira TRC planeja ampliar cultivo para 60 mil hectares até 2040 e aposta na integração com a pecuária com sistema BoiTeca

A TRC (Teak Resources Company), companhia florestal brasileira especializada no cultivo de teca (Tectona grandis) — uma das madeiras mais nobres e valorizadas do mundo — está promovendo uma revolução silenciosa e altamente lucrativa no campo brasileiro. Líder mundial na produção e exportação de teca plantada, a empresa atua há mais de 30 anos no setor e já administra 40 mil hectares cultivados exclusivamente no Brasil.

Os principais destinos das exportações são Índia, China e Vietnã, seguidos por mercados consolidados na Europa, Estados Unidos e Paquistão. A teca, famosa por sua alta densidade, durabilidade, resistência à umidade e facilidade no manuseio, é amplamente utilizada em móveis de luxo, embarcações e arquitetura de alto padrão.

“O mercado de teca é premium. Trata-se de uma madeira de alta densidade e resistência, mas ao mesmo tempo fácil de trabalhar em marcenaria, o que permite transformar o design em realidade. Essa combinação explica sua demanda crescente em países como a Índia, que passa por um momento de expansão similar ao da China há 20 anos”, explica Eduardo Castro Prado, diretor da TRC.

Sistema BoiTeca: o casamento perfeito entre boi e floresta

Um dos projetos mais inovadores da TRC é o BoiTeca, programa que integra pecuária e floresta em um sistema silvipastoril. A proposta é plantar cerca de 160 árvores de teca por hectare em áreas já utilizadas com pastagem, aproveitando terrenos degradados sem necessidade de abrir novas áreas.

Durante o primeiro ciclo, de 10 a 18 meses, a pastagem é retirada para permitir o desenvolvimento das mudas até atingirem cerca de 4 metros de altura. Após esse período, o gado retorna à área, garantindo renda contínua com a pecuária enquanto as árvores crescem.

“É uma forma de expandirmos sem precisar adquirir novas fazendas. O pecuarista entra com a terra e, em contrapartida, fica com 20% da produção”, detalha Prado. “Assim, o produtor se beneficia da floresta sem abrir mão do gado.”

Segundo dados da Embrapa, o modelo de integração pode garantir até R$ 4,70 de retorno para cada R$ 1 investido, e o faturamento estimado por hectare varia entre R$ 120 mil e R$ 140 mil ao longo de 18 a 20 anos, prazo médio para o corte da madeira.

Além do ganho econômico, o sistema melhora o conforto térmico dos animais, reduz emissão de metano por quilo de carne e aumenta a produtividade do pasto, tornando-se um exemplo de intensificação sustentável.

Metas ambiciosas e expansão nacional

A TRC projeta um salto em capacidade produtiva nos próximos anos. A meta é alcançar 60 mil hectares plantados até 2040, sendo 20 mil hectares já implantados nos próximos cinco anos.

As regiões prioritárias para expansão incluem Cáceres e Rondonópolis (MT), Xinguara e Redenção (PA), além da Zona da Mata de Pernambuco e Barra de Lagoas (AL).

A empresa aposta em um crescimento orgânico e sustentável, sem fusões ou aquisições, mas com apoio de investidores institucionais que enxergam o potencial de longo prazo da madeira nobre.

“É um investimento de 18 a 20 anos até o corte da madeira. Por isso, temos sócios em algumas fazendas, mas a TRC segue 100% controlada pela família Coutinho, com gestão brasileira e foco no futuro”, reforça Prado.

Sustentabilidade e mercado de carbono

Embora a teca seja cientificamente reconhecida como uma espécie captadora de carbono, projetos de monocultivo ainda enfrentam resistência em algumas metodologias de crédito de carbono. A TRC tem atuado ativamente nesse debate e participou da Climate Week, em Nova Iorque, ao lado de líderes de empresas como Apple e Amazon.

“O mercado voluntário de carbono tem se expandido de forma consistente, com empresas buscando descarbonizar suas cadeias de suprimento. Mesmo que falas políticas criem ruídos, a movimentação privada é mais forte e sustenta esse mercado”, avalia Prado.

Com o BoiTeca, o produtor pode acessar certificações como Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC), agregando valor à carne e à madeira produzidas.

Teca: Cadeia de valor e liderança global

A cadeia da teca envolve desde viveiros clonais especializados, com mudas de alta performance genética, até uma rede internacional de serrarias e marcenarias.

Na Índia e na China, o setor é tão segmentado que há empresas dedicadas exclusivamente à produção de puxadores, gavetas e pés de móveis, tamanha é a sofisticação do mercado.

Atualmente, cerca de 15 empresas brasileiras exportam teca, mas a TRC se mantém como o maior player do país, responsável por grande parte da madeira premium exportada.

“O Brasil tem entre 130 e 140 milhões de hectares de pastagem. Se o modelo silvipastoril for amplamente adotado, o potencial de expansão da teca é gigantesco. Queremos estar à frente desse movimento e reforçar o protagonismo do país na produção de madeira de alto padrão”, completa Prado.

Uma aposta de longo prazo com resultados sólidos

O BoiTeca representa um novo paradigma para o agronegócio brasileiro, ao unir renda imediata com o gado e acúmulo de patrimônio florestal ao longo dos anos. Com retorno seguro e crescente demanda internacional, o sistema consolida o Brasil como um dos principais fornecedores globais de madeira nobre e sustentável.

Mais do que uma alternativa, o modelo se apresenta como uma oportunidade estratégica para o futuro do agro — onde pecuária, floresta e sustentabilidade caminham juntas.

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