Maior fábrica de celulose do mundo é erguida com investimento de US$ 4,6 bilhões; veja onde

Com investimento de US$ 4,6 bilhões – aproximadamente R$ 27 bilhões – da chilena Arauco, Inocência (MS) sedia o maior projeto de celulose do planeta no Vale da Celulose; Estado atrai gigantes e vira referência internacional em bioindústria, inovação e sustentabilidade

O Brasil acaba de dar mais um passo rumo à liderança global da bioeconomia. Em Inocência, cidade com cerca de 8 mil habitantes no leste de Mato Grosso do Sul, está sendo erguida a maior fábrica de celulose do mundo, fruto de um investimento de R$ 27,3 bilhões (US$ 4,6 bilhões) da gigante chilena Arauco. Batizado de Projeto Sucuriú, o empreendimento terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose de fibra curta por ano, superando o Projeto Cerrado, da brasileira Suzano, em Ribas do Rio Pardo (MS).

A fábrica será a primeira unidade industrial da Arauco no Brasil e deve começar a operar no último trimestre de 2027, reforçando a imagem de Mato Grosso do Sul como o “Vale da Celulose”, região que concentra os maiores investimentos privados do setor florestal no país e atrai as maiores empresas globais do segmento.

Os gigantes do Vale da Celulose em Mato Grosso do Sul

Com clima ideal para o cultivo de eucalipto e localização estratégica para escoamento, o estado se tornou polo das maiores fabricantes do mundo. Confira os principais investimentos no MS:

EmpresaCidadeInvestimento (R$)Capacidade (ton/ano)Status
Arauco (Chile)Inocência27,3 bilhões3,5 milhõesEm construção
Suzano (Brasil)Ribas do Rio Pardo22,2 bilhões2,55 milhõesEm operação (desde 2024)
Eldorado BrasilTrês Lagoas8 bilhões1,5 milhãoEm operação
Fibria (Suzano)Três Lagoas7,7 bilhões1,3 milhãoEm operação
International PaperMogi Guaçu / MS (florestas)Atuação florestal

Com esses projetos, o estado reúne mais de 8 milhões de toneladas de capacidade instalada, consolidando-se como um dos maiores polos produtores do mundo.

Projeto Sucuriú: tecnologia, energia limpa e impacto histórico

A planta da Arauco em Inocência contará com duas linhas de fibras, três secadoras, seis picadoras, dois digestores e a maior caldeira de recuperação do planeta, fornecida pela Valmet, com capacidade para queimar mais de 15 mil toneladas de resíduos por dia. O projeto também inclui uma planta de gaseificação, que produzirá biocombustível para abastecer os próprios fornos de cal.

Com estrutura de indústria 4.0, a unidade terá controles automatizados, conectividade em tempo real, simuladores operacionais e gestão integrada da cadeia produtiva — do processamento da madeira à expedição da celulose.

Outro grande destaque do empreendimento é a autossuficiência energética: serão gerados mais de 400 megawatts (MW) a partir de biomassa, dos quais 200 MW serão utilizados internamente, e o restante, suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes, será injetado na rede nacional de energia.

Arauco: Cadeia de produção e estrutura logística

Para abastecer a produção, o projeto contará com 400 mil hectares de florestas de eucalipto, cultivadas por meio de parcerias com proprietários rurais locais. Essa área representa quase metade da extensão territorial de Campo Grande. A operação vai demandar infraestrutura logística de alta performance, incluindo:

  • Ramal ferroviário de 47 km até a malha nacional com destino ao Porto de Santos (investimento de R$ 1 bilhão, início das obras em setembro de 2025);
  • Aeroporto em Inocência, com R$ 15,4 milhões aplicados em pistas, pátio e infraestrutura de apoio para receber insumos e executivos.

Empregos, impacto social e capacitação

Durante o pico da obra, o Projeto Sucuriú deve empregar mais de 14 mil trabalhadores — quase o dobro da população local. Após a inauguração, a operação deve manter cerca de 6 mil empregos permanentes, com impacto direto estimado em 100 mil pessoas envolvidas na cadeia produtiva.

Para mitigar os impactos sociais, a Arauco firmou um plano estratégico com o governo estadual e prefeitura de Inocência, que identifica nove áreas prioritárias — entre elas, saúde, educação, segurança e habitação. Também foram firmadas parcerias com o SENAI para oferecer capacitação gratuita em operação de tratores, caminhões, retroescavadeiras e motoniveladoras.

Aposta estratégica do Estado

Para o governador Eduardo Riedel, a consolidação do Vale da Celulose representa a materialização de uma estratégia iniciada ainda em 2020: “Estabelecemos um ambiente seguro, desburocratizado e competitivo. Hoje colhemos os frutos dessa política de atração de investimentos sustentáveis”.

Já o presidente da Arauco no Brasil, Carlos Altimiras, destacou o comprometimento regional: “Inocência entra para o mapa mundial da bioindústria, com um projeto que projeta a marca do Brasil para o mundo inteiro”.

Com a chegada da Arauco, o Brasil reafirma sua liderança global na celulose e Mato Grosso do Sul transforma-se definitivamente no coração verde da industrialização florestal do século XXI.

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