
A UFN-III, com potencial de ser a maior produtora de fertilizantes da América Latina, localizada em Três Lagoas, pode contar com o auxílio da chinesa Sinopec para a retomada das obras e início das operações
Após o anúncio do retorno da Ansa – unidade de produção de fertilizantes da Petrobras localizada no Paraná, há a expectativa em torno da retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul (MS). A unidade tem potencial de se tornar a maior produtora de fertilizantes da América Latina, quando finalizada as obras.
De acordo com fontes, a Petrobras vem mantendo conversas com os chineses da Sinopec para a retomada da UFN-III, conforme divulgado pelo O Globo, neste último dia 19. A unidade começou a ser construída em 2011 e hoje está cerca de 80% pronta. Mas, segundo divulgado pelo Governo, algumas estruturas precisam ser revistas, já que estão a muito tempo sofrendo com o impacto do tempo em que a obra ficou parada, sendo necessário um levantamento da atual situação e projeção das obras.
As obras, no entanto, estão paradas desde dezembro de 2014. Em 2017, a Petrobras chegou a colocar a fábrica à venda, mas sempre encontrou dificuldades para se desfazer da unidade.
Ainda segundo as fontes ouvidas pelo O Globo, a Sinopec já deu indícios à Petrobras de que tem interesse no empreendimento. A proposta que está sendo costurada é que os chineses terminem a obra e recebam parte em ações do empreendimento em troca. Isso iria permitir, de acordo com essas fontes, mais celeridade ao início da retomada das obras da UFN-III, cuja intenção da estatal é iniciar já em 2024.
Para essa fonte, se a Petrobras abrir uma nova licitação para retomar as obras sozinha, o cronograma poderia atrasar para 2025. Ainda não se sabe qual seria o total de ações que a Sinopec teria no empreendimento em Três Lagoas, pois esse percentual pode variar a depender da intenção entre as duas companhias.
“O cenário ainda está sendo desenhado, mas o cenário desejável é iniciar as obras esse ano”, disse a mesma fonte.
Na manhã desta quinta-feira, a estatal assinou com empresa China National Chemical Energy Company (CNCEC) um protocolo de intenções abrangendo diversas áreas, com destaque para energias renováveis e transição energética.
“A parceria também prevê a avaliação de potenciais acordos comerciais nas áreas de exploração de petróleo; produção de fertilizantes a partir de gás natural e outras fontes; desenvolvimento da produção; refino; biorrefino e petroquímica; engenharia, construção e serviços; além de pesquisa, desenvolvimento e inovação“, disse a Petrobras em nota.
Alckmin e Simone Tebet devem visitar a maior fábrica de fertilizantes da Petrobras
Prefeito de Três Lagoas, Ângelo Guerreiro (PSDB) afirmou que a previsão é de que a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), visitem a obra da fábrica de fertilizantes UFN3, na cidade.
“A vinda deles na próxima sexta-feira ainda não foi realmente confirmada, mas já pediram ao nosso diretor do aeroporto, algumas informações para o avião presidencial e com certeza estará vindo aí junto o vice-presidente, a ministra Simone, que ela quem está engajada no tocante ao UFN3”, explicou.
A retomada da obra é muito aguardada pelos três-lagoenses para potencializar a economia por meio do fornecimento de fertilizantes para o agronegócio. “Assim deixaremos de fazer a importação desse produto, claro que não vai entender 100% a produção da ureia e de fertilizante. Mas será um grande ganho ao nosso Estado“, destacou o Prefeito.
Produção na fábrica UFN3
Segundo o levantamento realizado, este apontou que o funcionamento da UFN3 poderia reduzir em 30,4% os fertilizantes importados pelo Brasil. Dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) apontam que em 2022, foram importadas 7,2 milhões de toneladas de ureia. A produção anual da maior fábrica de fertilizantes da América Latina, quando em pleno funcionamento, será de 1,3 milhão de toneladas, ou seja, 18,3% do total importado pelo País no último ano.
Já quanto a amônia, outro fertilizante que será produzido em Três Lagoas, foram importadas 6,6 milhões de toneladas em 2022. A produção anual da indústria será de 0,8 milhão de toneladas, ou 12,1% do total. Portanto, considerando os dois tipos, são 30,4% de fertilizantes importados que deixariam de ser comprados no exterior.
“A UFN3 realmente responderia por 18,3% da ureia do Brasil e 12,15% da amônia. Então, é um projeto importante para reduzir substancialmente a dependência do Brasil da importação de ureia e de amônia”, disse ao Correio do Estado o titular da Semadesc, Jaime Verruck.

Sobre a fábrica de fertilizantes
A UFN III, a maior fábrica de fertilizantes da América Latina, quando concluída, terá um papel fundamental na redução da dependência brasileira em 15% dos nitrogenados, contribuindo para a autonomia nacional no setor de fertilizantes. No entanto, há desafios a serem superados, como a necessidade de equacionar o fornecimento de gás nos próximos dois anos para atender à demanda estimada em 2,5 milhões de metros cúbicos de gás natural.
A unidade localizada em Três Lagoas começou a ser construída em 2011. A fábrica integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. Quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões.
Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade fabril. O principal motivo para que o contrato não fosse firmado, na época, foi a crise boliviana que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales.
Com 81% da obra realizada, a construção foi paralisada no final de 2014. A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.
Em 2018, quando uma due diligence (vistoria para compra) foi realizada na UFN3, foi constatado que a unidade precisaria de pelo menos US$ 1 bilhão para ser concluída. Até o momento já foram aplicados mais de R$ 3 bilhões em sua construção. Atualmente, não há uma avaliação do investimento necessário para retomar a obra.
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