Planta do terror: mamona quebra colhedoras e faz Brasil perder milhões na exportação

Mamona, planta invasora paralisa máquinas, contamina cargas de exportação e obriga produtores a bancar rebeneficiamento de grãos

A mamona (Ricinus communis), conhecida por suas utilidades industriais como a produção do óleo de rícino, emergiu como um dos principais vilões econômicos no campo brasileiro. Sua presença em lavouras está causando uma onda de prejuízos significativos, que vão desde a redução da produtividade até a recusa de cargas em portos de exportação, obrigando produtores a arcar com custos extras de rebeneficiamento.

A planta, com alta capacidade de competição e fácil disseminação, já preocupa produtores rurais em diversas regiões. O alerta é reforçado pela toxicidade de suas sementes, que, misturadas aos grãos, tornam a carga totalmente inaceitável pelas normas de classificação, gerando um efeito cascata de perdas.

“A mamona, embora tenha utilidades industriais, representa um sério risco econômico para as lavouras e para a comercialização de grãos,” afirma Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP.

O risco vai além da competição

Especialistas alertam que o problema da mamona ultrapassa a competição por água, luz e nutrientes. A planta, que rapidamente se transforma em arbusto, torna-se um obstáculo físico intransponível na hora da colheita.

“A mamona rouba produtividade, interfere na qualidade da matéria-prima e, o mais grave, atrapalha a mecanização na colheita,” explica Edison Baldan Junior, engenheiro agrônomo e consultor no manejo de plantas daninhas. Ele detalha os danos: a planta invasora tem potencial para quebrar para-brisas, furar pneus e danificar o sistema de alimentação das colhedoras, resultando em tempo de máquina parada e aumento drástico dos custos de produção.

No Paraná, a infestação está historicamente ligada ao uso da torta de mamona como adubo orgânico, uma prática comum em antigos cafezais. As sementes tóxicas contidas nessa torta acabaram germinando e se espalhando, inviabilizando grandes áreas de cultivo.

Contaminação na classificação gera devolução de cargas

O maior temor do produtor é que as sementes da mamona cheguem ao armazém. Por serem consideradas tóxicas, não há nível de tolerância para sua presença nas normas de classificação de grãos.

Ivonete Rasêra, engenheira agrônoma e classificadora do Sistema FAEP, relata a gravidade da situação: “Caso sejam encontradas durante a classificação, toda a carga é devolvida para rebeneficiamento. Temos relatos de cargas que chegaram ao Porto de Paranaguá para exportação e foram recusadas.”

A devolução implica custos não só de rebeneficiamento, mas também de transporte, penalizando o produtor que já perdeu produtividade na lavoura. No caso de culturas como o milho, o risco é maior, pois a semente da mamona tem tamanho semelhante, facilitando sua passagem e aumentando o risco de contaminação do lote.

Controle exige estratégia contínua

Para combater o que se tornou uma ameaça persistente, o manejo da mamona exige um esforço contínuo e o uso de múltiplas estratégias.

O agrônomo Edison Baldan Junior enfatiza a necessidade de planejamento: “Não existe um produto milagroso ou uma única aplicação. É um trabalho contínuo de manejo.” O controle eficaz inclui mapeamento da área, aplicação de herbicidas pré e pós-emergentes e, principalmente, reaplicações periódicas, geralmente após 180 dias.

O Sistema FAEP vem reforçando o treinamento de profissionais do campo com cursos de classificação de grãos e sobre o “Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD)”, buscando munir o produtor de conhecimento para lidar de forma mais eficiente com essa e outras plantas de difícil controle, minimizando os prejuízos na produção e na comercialização.

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