Mancha Verde tenta o tricampeonato com a potência da agro brasileiro

A Mancha Verde foi a penúltima escola a atravessar a avenida, com o dia já amanhecendo, na primeira noite de desfiles no Sambódromo do Anhembi.

A escola de samba Mancha Verde encantou o público no Carnaval de São Paulo deste ano com o enredo “O Campo que preserva, o campo que produz e o campo que alimenta“. A escola busca destacou, na noite de ontem, a importância do setor agropecuário na cultura brasileira, homenageando desde os indígenas e a mandioca até os ciclos econômicos do país, como a cana-de-açúcar, o café, a borracha e o cacau.

O desfile representa a dualidade do agro brasileiro, desde a agricultura mecanizada e ultra-produtiva até a resistência da agricultura familiar, ressaltando a importância desta última para o país.

A presidente da escola, Paulo Serdan, ressalta a importância de apresentar uma visão positiva do agro, que frequentemente é mal compreendido e até mesmo vilanizado. A homenagem ao ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, que liderou a Revolução Agrícola Tropical Sustentável, é um dos pontos altos do desfile.

Com um desfile colorido, a Mancha passeou pelas colheitas brasileiras. Com alas dedicadas à soja, ao café, ao cacau, ao milho e à pecuária, com bois, galos e porcos, a escola ressaltou a riqueza da agricultura nacional. Algumas alas revisitaram também a história e a religiosidade, como o que retratava os jesuítas e o ciclo de exploração e o que simbolizava a devoção a São José, a quem os agricultores pedem a chuva para regar as plantações. O desfile também mostrou o sincretismo religioso do país, abrindo com um carro que representava o Olubajé, banquete oferecido ao orixá Omolu, e encerrando com um carro que retratava a Santa Ceia.

Viviane Araújo, que desfila pela escola há 18 anos, veio toda de verde, com um chapéu de fazendeira cheio de brilho. Algumas musas da escola vieram vestidas de inseto, com asas e antenas, complementando a fantasia da ala das baianas, que surgiram vestidas de abelhas para “polinizar” a escola de samba.

A ideia da Mancha Verde foi fugir de questões políticas ligadas ao universo agrícola para focar a sua homenagem na agricultura familiar e no trabalho do pequeno produtor rural que ajuda a alimentar o mundo.

É um enredo que procura reforçar o valor da simplicidade da vida no campo e o conhecimento profundo da natureza – que, dentro da narrativa adotada pela escola, se reflete numa preocupação também com o desenvolvimento saudável do solo. Integrantes da escola visitaram fazendas no interior de Minas Gerais para conhecer os processos de produção e para encontrar as melhores soluções estéticas para reproduzir este cenário na avenida.

Antes de o galo cantar e a flor-do-campo nascer / Vem semear a nossa eterna aliança / E da semente, o amor / A nossa gente plantou / Mancha Verde de esperança! – Trecho do samba cantado pelo intérprete Fredy Vianna.

Paulo Serdan, presidente da Mancha Verde, admite que a disputa pelo Grupo Especial está acirrada. No entanto, ela acredita que a escola teve um bom desempenho. “Passamos bem pra caramba. Apesar de uma coisinha ou outra ao longo do caminho, mas isso é o Carnaval.”

A Mancha Verde corre atrás de seu terceiro título no Grupo Especial. Fundada em 1995, a Mancha Verde, ligada à torcida organizada do Palmeiras, tem sede na Barra Funda, zona oeste da capital. Bicampeã, conquistou títulos em 2019 e 2022. No ano passado, beliscou o caneco, mas acabou perdendo para a Mocidade.

No encerramento de seu desfile, a Mancha Verde prestou uma homenagem a Alysson Paolinelli, agrônomo falecido no ano passado que é considerado o grande responsável pela revolução que tirou o Brasil da condição de importador de alimentos para atingir não só a autossuficiência como também a condição de potência mundial na agricultura.

Hoje, o Brasil alimenta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro e é por isso que a última alegoria vista do alto forma a bandeira do país. Sem que esse orgulho, no entanto, apague uma mensagem importante: “Nesse carro virá uma encenação da Santa Ceia pra mostrar que, junto com o alimento, precisamos pensar no próximo. Com tanta produção, ainda dá tempo de tirar as pessoas da fome”, argumenta Fredy Vianna, intérprete

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM