Mariangela Hungria recebe medalha por contribuição à agricultura sustentável

A pesquisadora também é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro da Academia Brasileira de Ciências e Mundial de Ciências.

Brasília, 6 – A pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) doutora Mariangela Hungria recebeu na quarta-feira, 5, a Medalha de Mérito Apolônio Salles por suas contribuições à agricultura sustentável. A medalha foi entregue pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em solenidade na sede do ministério. A medalha foi criada no ministério para premiar servidores e cidadãos com destacados serviços à agricultura brasileira.

Mariangela Hungria foi laureada recentemente com World Food Prize, conhecido como o “Nobel da Agricultura”. A pesquisadora, ingressa na Embrapa desde 1982, voltou sua carreira voltada à pesquisa em microbiologia do solo e desenvolveu mais de 30 tecnologias voltadas à substituição de fertilizantes químicos por microrganismos capazes de fixar nitrogênio e melhorar a nutrição das plantas. Hoje, a tecnologia de fixação biológica de nitrogênio (FBN) está presente em 85% da área cultivada com soja no Brasil e em lavouras de feijão, milho, trigo e pastagens com braquiárias. A pesquisadora também é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro da Academia Brasileira de Ciências e Mundial de Ciências.

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Ao entregar a medalha, o ministro afirmou que a honraria se estende a toda a Embrapa e que a estatal orgulha o governo brasileiro. Fávaro ressaltou também que os bioinsumos são “fundamentais” para o Brasil mostrar ao mundo que a produção agropecuária respeita o meio ambiente. “Por 40 anos, ela pesquisou inoculantes biológicos e bioinsumos e hoje o Brasil se tornou referência mundial de bioinsumos, ainda mais em tempos em que devemos prestar conta do sistema produtivo e do respeito ao meio ambiente. Essa certamente é uma das grandes vitrines brasileiras para o mundo”, afirmou Fávaro.

Hungria relatou o processo de convencimento dos agricultores dos impactos dos biológicos na produtividade das lavouras. Ela ressaltou ainda a importância do investimento de empresa pública em pesquisa de décadas e do retorno dos aportes à sociedade. Hungria ponderou que, apesar do Brasil ser líder mundial na adoção de biológicos na agricultura, o uso ainda é incipiente. “O uso é no máximo de 15% em relação aos químicos. E temos a tecnologia pronta para atingir 50%, 60% de adoção, sobretudo com os pequenos produtores. Para os outros 40%, precisamos investir em ciência e tecnologia disruptivas, porque acredito que podemos chegar até 100% de vários biológicos na agricultura”, defendeu.

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou que a tecnologia da fixação biológica do nitrogênio (FBN) gerou economia de R$ 38 bilhões na cultura da soja em 2024, substituindo parte dos insumos químicos utilizados nas lavouras. Ela ressaltou ainda que se trata de tecnologia que ajuda a reduzir a dependência do Brasil de insumos importados. “Essa pesquisa mostra para o mundo inteiro que a gente tem uma agricultura sustentável nas três dimensões, ambiental, econômica e social. Nesse momento da COP30, é importante mostrar essa trajetória do futuro e que a agricultura brasileira é uma potência agroambiental”, destacou a presidente da Embrapa.

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