Mato Grosso não está preocupado em perder áreas de Pecuária para a Agricultura

“Transformar o Mato Grosso no maior produtor de arrobas por hectare”; Projeto promove a produção de carne de maneira eficiente e sustentável

Muito se fala atualmente em pastagens degradadas, sustentabilidade na pecuária, mas, nem todo material divulgado tem embasamento e critério na divulgação dos dados. Um exemplo vem do Mato Grosso, estado do Centro-Oeste brasileiro com grande potencial tanto na produção de grãos quanto na pecuária.

Segundo o economista e consultor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Amado de Oliveira, quando se trata de pastagens degradadas há aquele tipo de pastagem que é utilizada para outra atividade agrícola, e, portanto, não está improdutiva para o agronegócio.

Compreensão da área total do Mato Grosso

  • 60,6% – Florestas preservadas
  • 1% – Cidades/ áreas urbanas
  • 25,1 – Pecuária de corte
  • 13,3 – Agricultura

“Quando se trata de pastagens degradadas tem cardápio para tudo quanto é tipo de gosto. O Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás fez um estudo amplo das pastagens do Mato Grosso e, segundo o estudo,  nós temos menos pastagens do que nós divulgamos, quando se fala em pastagem degradada fala-se que chega até 14 milhões de hectares para transferir para a agricultura, e na verdade fala esse número há três quatro safras atrás, então existem áreas que estão sendo transferidas para a agricultura mas não só áreas degradadas, depende de como está o mercado, ao ponto de que um hectare de terra com aptidão para agricultura chegou a valer mil sacos de soja no Mato Grosso muito recentemente”, explicou.

Segundo ele, no município de Paranatinga sentido ao distrito de Santiago do Norte, o plantio de soja está acontecendo em terras levemente onduladas. “Então nós podemos ter 14 milhões de hectares degradados, agora com aptidão agrícola ela muda”.

Cadeia em harmonia

Segundo o economista a cadeia anda em harmonia, e isso não deixa os produtores numa situação desconfortável porque quando se aumenta a produção de milho para produzir etanol, por exemplo, produz os DDG (Dried Distillers Grains – Grãos Secos de Destilaria) e o WDG (Wet Distillers Grains – Grãos Úmidos de Destilaria) que são coprodutos da produção de etanol, oriundos da fermentação de grãos e podem ser utilizados como fonte de alimentação para o gado.

“O DDG e WDG sai variando em cerca de 30% de proteína pura, então nem se pode dar a massa in natura porque dá diarreia nos animais. Então o agro no Mato Grosso, no Brasil em geral está se reinventando constantemente, não vai haver conflito dentro do agro por questões e ocupação de terra e por oportunidade de negócio, nós entendemos que o pecuarista é soberano em sua propriedade, e hoje estamos fazendo o sistema de produção de agricultura e pastagem de forma integrada, em três safras, então tem jeito para tudo”, explicou.

Cadastro Ambiental Rural não foi consolidado

Para o consultor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso, o que tem que ser resolvido no Brasil são os problemas burocráticos, muitos que ‘empacam’ literalmente a produção agrícola.

“O que nós precisamos é resolver problemas que têm históricos. O Código Florestal tramitou durante 12 anos no Congresso Nacional já está no mercado de quase 12 anos aprovado e o Brasil tem 0.92% dos Cadastros Ambientais consolidados resolvidos, Mato Grosso está na frente por volta de 7% mas não se resolve essas questões, isso sim impede o avanço da agricultura e produção do agro como um todo. Porque o Mato Grosso tem só áreas que não serão consolidadas por volta de 8 milhões de hectares só na pecuária de corte, em função de legislação”, argumentou.

“Então a transferência de cultura para nós não é nenhum problema, os grandes gargalos que são impostos, ou por legislação ou por barreiras internacionais quando você vai exportar isso sim nos preocupa muito, e é motivo de nós estarmos todo dia pensando nisso e fazendo alguma coisa.

Chegou ao ponto que a própria Febrabran colocou regras para os seus bancos associados a impor comando de controle sob o financiamento para o produtor rural, não tem uma reunião que esse assunto não venha à tona, barreiras impostas na agricultura e principalmente na pecuária”, contou.

Segundo ele, estão sendo realizadas ações em conjunto com o governo para auxiliar os produtores a saberem se o CAR (Cadastro Ambiental Rural) está em andamento ou não e o motivo.

“Muitas vezes não é culpa do Estado, a gente já sabia disso, envolve o profissional que faz o CAR, dependendo do porte, isso sim pode emperrar a produção agropecuária do Estado, pois vai chegar um momento que a legislação impõe que ele não vai poder emitir uma nota fiscal, ele sai fora do sistema de sanidade da defesa da SEFAZ. É uma coisa muito complexa, legislação muito severa e o Estado Brasileiro não conseguiu acompanhar, tanto que o Estado do Mato Grosso teve que desenvolver um sistema próprio”, disse.

Pasto Forte

Dentre os diversos projetos executados pela associação está o Pasto Forte, ele consiste em gerar recomendações de investimento que garantam a sustentabilidade de sistemas produtivos em Pecuária de Corte, fornecer opções econômicas e eficientes no controle de plantas daninhas e no manejo de adubação de pastagem para assim melhorar a produtividade das pastagens e ajudar no direcionamento dos investimentos na propriedade.

Além de encontrar o ponto de equilíbrio entre investimento em pasto e ganho financeiro da produtividade, fortalecer a cadeia produtiva da carne bovina no Mato Grosso e melhorar a rentabilidade dos produtores; auxiliar no desenvolvimento de uma pecuária intensiva e de baixa emissão de carbono e estimular o consumo de carne bovina produzida em áreas com baixa emissão de carbono.

“A minha proposta é a sustentabilidade da bovinocultura de corte do Mato Grosso em números, os nossos resultados nos habilitam dizer que nós temos um caminho grande na sustentabilidade a percorrer, mas nós já somos uma produção sustentável em função da questão operacional do agronegócio da bovinocultura de corte que nos credencia a dizer isso”, explicou.

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) foi fundada em 17 de setembro de 1970, e é uma entidade representativa, sem fins lucrativos, que atua em todo o Estado de Mato Grosso.

tamanho as propriedades de pecuaria no mato grosso
Fonte: INDEA

Segundo a entidade, rebanho bovino mato-grossense é o maior do Brasil com aproximadamente 32,5 milhões de cabeças. A entidade reúne em torno de 3 mil associados em seu quadro.

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