Menor participação de matrizes deixa “fábrica” de bezerros de MT com menor produção

Queda no número de vacas em idade reprodutiva preocupa o setor; produção de bezerros recua e abre alerta sobre oferta futura de bois gordos

Mato Grosso, maior rebanho bovino do país, enfrenta um movimento que pode alterar de forma significativa a dinâmica da pecuária nos próximos anos. O grupo de fêmeas acima de 24 meses — base essencial para a chamada “fábrica de bezerros” — caiu 3,43% em 2025, marcando o terceiro ano seguido de retração. Esse encolhimento reduz o potencial de reposição do rebanho e impacta diretamente a produção de animais para engorda.

Segundo dados do IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a participação das matrizes no rebanho total de fêmeas caiu para 61,30%, o menor patamar já registrado. Esse recuo ajuda a explicar a queda histórica de 4,27% na produção de bezerros (0 a 12 meses), a maior registrada até agora na série histórica.

Menos matrizes, menos bezerros

A queda no número de vacas destinadas à reprodução funciona como um freio para a oferta de bezerros no Estado. Em termos práticos, isso significa que haverá menor disponibilidade de animais de reposição nos próximos anos, aumentando a disputa entre pecuaristas e reforçando a tendência de valorização da cria.

No curto prazo, a escassez de bezerros tende a pressionar os preços da reposição, encarecendo o custo para quem atua na recria e engorda. Já no médio prazo, o efeito é positivo para o boi gordo, pois a redução na “fábrica de bezerros” limita a oferta de animais terminados, sustentando a arroba no mercado físico.

Reflexos no mercado

A situação ocorre em paralelo ao bom momento das exportações brasileiras de carne bovina, que em agosto caminham para novo recorde histórico. Essa combinação — demanda externa aquecida + oferta interna mais curta — gera um ambiente de preços firmes para o boi gordo.

Ainda assim, especialistas alertam que o ciclo pecuário segue em transição. Se por um lado a cria ganha protagonismo, por outro a intensificação via confinamento e melhoria da produtividade tornam-se indispensáveis para equilibrar os custos e manter margens positivas.

Números que chamam atenção

  • 32,16 milhões de cabeças compõem o rebanho bovino de Mato Grosso em 2025 (queda de 2,03% frente a 2024).
  • As fêmeas acima de 24 meses tiveram retração de 3,43%.
  • A produção de bezerros caiu 4,27%, maior queda da série histórica.
  • Participação de matrizes no rebanho total de fêmeas: 61,30%, a menor já registrada.

O que isso significa para o produtor

  • Para o criador: cenário favorável de valorização, já que o bezerro tende a ser mais disputado.
  • Para recria e engorda: maior necessidade de planejamento, já que a relação de troca boi/bezerro deve ficar mais apertada.
  • Para o mercado em geral: perspectiva de arroba sustentada no médio prazo, com reposição mais cara e margens apertadas no ciclo incompleto.

Em resumo: Mato Grosso está produzindo menos bezerros, e isso muda o jogo da pecuária. A menor base de matrizes reduz a reposição, valoriza a cria e sustenta o boi gordo no médio prazo.

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