Exportação do boi segue elevada, mas preço interno cai. Protestos deixam setor avícola em alerta. Com paralisações, perecibilidade do leite preocupa.
As exportações brasileiras de carne bovina in natura vêm se sustentando em patamares elevados ao longo deste ano. Depois de o volume embarcado ter ficado acima de 200 mil toneladas em agosto e em setembro, somou quase 190 mil toneladas em outubro.
Segundo pesquisadores do Cepea, esse bom desempenho, contudo, não foi suficiente para impedir que o boi gordo se desvalorizasse em outubro no mercado interno. No acumulado do mês (entre 30 de setembro e 31 de outubro), o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 recuou quase 4%.
Dados da Secex indicam que o Brasil embarcou em outubro 188,56 mil toneladas de carne bovina in natura, queda de 7,3% frente a setembro/22, mas expressiva alta de 129,42% frente a outubro/21 (quando, vale lembrar, os envios de carne à China, maior destino da proteína nacional, estavam suspensos) e 16% acima da de outubro/20. Trata-se, também, do maior volume já exportado em um mês de outubro.
Frango
De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, apesar de os bloqueios promovidos por manifestantes em diversos pontos de rodovias do Brasil nos últimos dias atrapalharem a comercialização da carne de frango em boa parte das regiões do País, travando a entrega do produto, não foram registradas oscilações expressivas de preços no período.
Ainda assim, agentes do setor seguem apreensivos, tendo em vista que, nas principais regiões produtoras, como Santa Catarina e Paraná, ainda há bloqueios, prejudicando o transporte de rações, animais e até mesmo da carne, o que eleva o risco de desabastecimento nas gôndolas dos supermercados, caso o movimento persista.
Leite
Os bloqueios em rodovias têm impedido fluxos comerciais e, para o setor do leite, a preocupação é acentuada por conta da perecibilidade do leite cru, matéria-prima dos laticínios, e também de grande parcela dos lácteos. De modo geral, colaboradores do Cepea indicam que os bloqueis impactaram negativamente as atividades em todas as regiões – sobretudo entre segunda-feira, 31, e quarta-feira, 2.
A captação do leite pelos laticínios junto às fazendas foi menos afetada do que o transporte dos derivados lácteos aos canais de distribuição – uma vez que em muitos locais foi possível se utilizar de vias vicinais para a coleta nas propriedades. Agentes de mercado consultados pelo Cepea relataram dificuldades em assegurar a coleta do leite cru nos entrepostos de resfriamento e fazer o transporte até as indústrias. Eventualmente, os bloqueios cederam passagem para as cargas perecíveis, sobretudo à noite, mas, em geral, houve atraso na recepção do leite cru nas indústrias, e as perdas foram pontuais.
Os bloqueios prejudicaram mais intensamente a logística dos produtos já processados, com cargas represadas em diversas rodovias no início desta semana. As paralisações também impediram o retorno dos caminhões esvaziados para serem usados em viagens posteriores. Assim, todas as indústrias relataram problemas nas negociações junto aos canais de distribuição.
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O maior ponto de atenção se dá em Santa Catarina. Ainda assim, agentes do setor não acreditam que os bloqueios tenham força para provocar desabastecimento ou alterações bruscas nas tendências de mercado. Nessa quinta-feira, 3, inclusive, as atividades estavam menos tumultuadas e, apesar de ainda haver atrasos em alguns pontos, na maioria dos casos, os agentes de mercado já consideraram as atividades próximas da normalização.
Fonte: Cepea
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