México deve habilitar 14 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina; veja quais

Expansão em negociação com missão brasileira visa consolidar o país como parceiro estratégico do setor e México deve habilitar 14 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina

O México emerge como a nova aposta do setor exportador de carne bovina do Brasil, com potencial para impulsionar ainda mais os números já expressivos de 2025. Em uma ofensiva diplomática e comercial liderada pelo vice‑presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o país busca ampliar sua base de fornecedores e consolidar laços com o gigante latino‑americano.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, revelou à Coluna do Estadão que o México deve autorizar 14 novos frigoríficos distribuídos em oito estados brasileiros para exportação de carne bovina.

O anúncio ocorre no âmbito de uma missão comercial, da qual Perosa faz parte, voltada para ampliar o acesso e diversificar os fornecedores brasileiros no mercado mexicano.

As unidades que podem ser habilitadas são:

  • Espírito Santo: Frisa
  • Rondônia: Minerva, Distriboi e JBS
  • Mato Grosso: Marfrig, Minerva e Agra
  • Minas Gerais: Minerva
  • Goiás: JBS e Prima
  • São Paulo: Meat Snack e Better Beef
  • Rio Grande do Sul: BRF
  • Mato Grosso do Sul: Iguatemi

Se todas essas plantas forem aprovadas, o total de frigoríficos brasileiros aptos a exportar para o México elevar-se-á para cerca de 50 unidades, fortalecendo o Brasil como parceiro estratégico no segmento.

Contexto atual das exportações: México supera os EUA em agosto

Dados até 25 de agosto de 2025, compilados pela Abiec, mostram que o México ultrapassou os Estados Unidos como o segundo maior destino da carne bovina brasileira — atrás apenas da China. Entre os dias 1º e 25 de agosto, foram exportadas 10,2 mil toneladas, equivalentes a US$ 58,8 milhões, enquanto os embarques para os EUA somaram 7,8 mil toneladas (US$ 43,6 milhões).

De janeiro a julho de 2025, o Brasil exportou 67.659 toneladas de carne bovina para o México (US$ 365 milhões) — quase três vezes mais do que no mesmo período de 2024.

Exportações de carne bovina em agosto: rumo ao recorde histórico

Especialistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) confirmam que as exportações de carne bovina in natura seguem em ritmo acelerado no mês de agosto, apontando para um possível novo recorde mensal.

  • A média diária de embarques saltou para 12,3 mil toneladas, um avanço de quase 25% em relação a agosto de 2024, e também superior ao índice de julho — que já havia sido recorde.
  • O Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) indica que, até a quarta semana de agosto, foram embarcadas 212,92 mil toneladas, com uma média diária de 13,3 mil toneladas — o que representa um aumento de 34,66% sobre o mesmo período de 2024. A projeção para todo o mês ultrapassa 250 mil toneladas, consolidando agosto de 2025 como potencial balança recorde.
  • Além do volume, houve valorização significativa no preço: o valor médio da tonelada exportada chegou a US$ 5.602, elevação de 26,3% em relação ao ano anterior.

Motivos do desempenho excepcional em agosto

  1. Tarifaço americano: A imposição de uma sobretaxa de 50% sobre a carne brasileira pelos EUA, além da tarifa anterior de 26,4% fora da cota, reduziu a competitividade do produto brasileiro naquele mercado, favorecendo países como o México.
  2. Desvalorização do real, combinada à alta do dólar e dos preços internacionais, manteve o valor recebido em reais estável — mesmo com câmbio desfavorável.
  3. Oferta interna reduzida: A produção brasileira não acompanhou o rítmo das exportações. No primeiro semestre de 2025, os embarques ao exterior (in natura e processados) superaram os do mesmo período de 2024 em 164,1 mil toneladas, enquanto a produção cresceu apenas 122 mil toneladas.
  4. Maior fatia para exportação: A parcela da produção formal destinada à exportação aumentou de 25,1% em 2024 para 28,7% no primeiro semestre de 2025, atingindo 29,9% no 2º trimestre — a maior participação externa da história.

Impactos e perspectivas

  • Setor exportador em alta: Os números confirmam que o setor está em um momento de vigoroso dinamismo, com produção voltada ao mercado externo e resultados financeiros robustos.
  • Importância estratégica do México: O país se reafirma como destino prioritário, especialmente em meio à volatilidade nas relações com os EUA. Ampliar o número de frigoríficos autorizados e negociar acordos de livre‑comércio são apostas do Brasil para garantir previsibilidade e competitividade.
  • Demanda internacional aquecida e menor disponibilidade doméstica devem sustentar os preços e o volume de exportações nos próximos meses.

Com o México assumindo posição de destaque nas exportações brasileiras de carne bovina e com um agosto prestes a fechar como melhor mês da história, o agronegócio brasileiro vive um momento de expansão e ressignificação de mercados. A estratégia de ampliar o número de frigoríficos habilitados – onde México deve habilitar 14 frigoríficos brasileiros – e fortalecer acordos comerciais reafirma a disposição do país em consolidar sua força global no setor.

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