
Parasita ameaça rebanhos, já atinge humanos e reacende alerta para a pecuária na América do Norte; casos de bicheira carnívora já atingiu mais de 5 mil animais, avança rumo aos EUA e preocupa a cadeia da carne bovina
A pecuária mexicana enfrenta um surto alarmante de bicheira carnívora (screwworm), parasita capaz de destruir rebanhos em poucos dias. Segundo dados oficiais, mais de 5.000 casos já foram confirmados até agosto, um salto de 53% em apenas um mês. Do total, cerca de 650 continuam ativos, acendendo o sinal vermelho para produtores e autoridades sanitárias.
A praga, conhecida por se alimentar de tecidos vivos de animais de sangue quente, afeta principalmente bovinos, mas já há registros também em cães, cavalos, ovelhas e até seres humanos. Em julho, uma mulher de 86 anos morreu em Campeche após complicações de saúde agravadas pela infestação.
A mosca Cochliomyia hominivorax deposita centenas de ovos em feridas abertas ou mucosas de animais de sangue quente. As larvas eclodem e passam a se alimentar do tecido vivo, ampliando as lesões e podendo levar o hospedeiro à morte em poucos dias, caso não haja tratamento. Chamados de “piranhas voadoras”, esses parasitas podem matar um boi em sete a dez dias e também se espalham por meio de cervos, porcos selvagens e até aves.
Autoridades mexicanas informaram que hospitais em estados como Campeche e Chiapas receberam dezenas de pacientes tratados contra a infestação, incluindo o caso da mulher de 86 anos que morreu em julho, após complicações de um câncer de pele agravado pela presença das larvas
México registra aumento de 53% nos casos de bicheira carnívora, com mais de 5 mil animais infestados. Parasita ameaça a pecuária, já atinge humanos e preocupa Brasil e EUA.
Impacto para a pecuária com aumento de casos da bicheira carnívora
O surto atual teve início em 2023 na América Central, avançando para o México em novembro de 2024 e aproximando-se da fronteira norte. Nos Estados Unidos, pecuaristas temem que uma possível entrada da praga no Texas — maior estado produtor de gado — cause prejuízos estimados em US$ 1,8 bilhão
Além do prejuízo direto nos rebanhos, a crise ameaça a cadeia de exportação de gado, já que EUA e México fecharam fronteiras de forma intermitente para conter a propagação, o que tem pressionado confinadores e frigoríficos.
A rápida expansão dos casos preocupa especialistas. “Ter um aumento de 50% em apenas um mês, especialmente no calor extremo, mostra que ainda não está sob controle”, alertou Neal Wilkins, CEO do East Foundation, grupo de conservação e pecuária.
Segundo a National Cattlemen’s Beef Association, muitos confinadores nos EUA enfrentam dificuldades para manter seus lotes devido à suspensão de entrada de animais mexicanos
Reação internacional
Para tentar controlar o avanço, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou um investimento de US$ 680 milhões na produção de moscas estéreis, técnica que já havia erradicado a praga no país nos anos 1960. Enquanto isso, pecuaristas mexicanos relatam preocupação crescente com o avanço do parasita, favorecido pelo calor extremo e pelas condições tropicais.
Autoridades mexicanas e norte-americanas intensificam a vigilância e medidas de contenção, mas especialistas reforçam que a prevenção é crucial. Para humanos em áreas afetadas, recomenda-se cobrir feridas, usar repelente e procurar ajuda médica diante de sintomas como lesões cutâneas inexplicáveis, sensação de movimento sob a pele ou presença de larvas em feridas.
O avanço da bicheira carnívora coloca em risco não apenas a saúde animal e humana, mas também a estabilidade da cadeia produtiva de carne bovina nas Américas, exigindo ação coordenada entre governos, produtores e entidades de saúde.
Alerta também para o Brasil
Embora os casos estejam concentrados no México, o cenário acende alerta em toda a América Latina. O Brasil, que mantém exportações intensas de carne bovina, acompanha de perto a situação, já que a presença da bicheira em regiões produtoras poderia trazer impactos econômicos e sanitários severos.
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