Mitos e verdades sobre a cerca elétrica utilizada no campo

Apesar da eficácia reconhecida no controle de animais e na proteção contra invasores, muitos produtores ainda hesitam em adotar a tecnologia por acreditarem que é perigosa, ilegal ou de alto custo

Em um cenário onde a produtividade e a proteção da propriedade rural são cada vez mais estratégicas, a cerca elétrica tem se destacado como uma ferramenta essencial no campo. De confinamentos a piquetes rotacionados, de hortas a lavouras de grãos, seu uso tem se expandido, mas ainda cercado por dúvidas, desconfianças e informações distorcidas.

Apesar da eficácia reconhecida no controle de animais e na proteção contra invasores, muitos produtores ainda hesitam em adotar a tecnologia por acreditarem que é perigosa, ilegal ou de alto custo. Foi o caso de um pequeno agricultor em Goiás, que resistia à instalação por medo de ferir os animais. Após orientação técnica e a instalação correta, viu não só sua pastagem durar mais, como também reduziu em 40% os danos causados por javalis. Se você também tem dúvidas, este artigo é para você.

Mito ou verdade? O que realmente acontece com a cerca elétrica no campo

1. “A cerca elétrica é perigosa e pode matar pessoas” – Mito

Essa é, talvez, a dúvida mais comum — e também a mais carregada de desinformação. A verdade é que a maioria das cercas elétricas rurais é projetada para emitir pulsos intermitentes de alta voltagem, mas com baixa amperagem, ou seja, choques intensos o suficiente para inibir a aproximação, mas sem risco real de causar lesões graves ou morte.

A energia é fornecida por um transformador que converte a eletricidade convencional em uma corrente pulsada que, embora desconfortável, não é contínua e não oferece perigo se instalada corretamente. Contudo, a instalação deve sempre ser feita por profissionais capacitados, garantindo isolamento, aterramento e uso de componentes adequados.

2. “Funciona só com animais de grande porte” – Mito

Engana-se quem pensa que a cerca elétrica só serve para conter bois ou cavalos. Na prática, ela funciona com eficiência para animais de diversos portes — de grandes ruminantes até cães, gatos e animais silvestres.

O choque, além de imediato, tem efeito de condicionamento: após poucas experiências negativas, o animal aprende a respeitar o limite físico imposto pela cerca. Por isso, a tecnologia também é amplamente usada em hortas, lavouras de frutas e plantações suscetíveis a ataques de pequenos invasores.

3. “Cerca elétrica é ilegal” – Mito

Outro mito recorrente é o de que cercas elétricas são proibidas. Na realidade, o uso é legalizado na maioria das regiões rurais do Brasil, desde que siga normas técnicas e regulamentações locais.

Em áreas urbanas, pode haver restrições, mas no meio rural seu uso é amplamente permitido. A norma ABNT NBR 16.852, por exemplo, estabelece os critérios técnicos para sua instalação segura, incluindo distâncias mínimas, sinalização e aterramento adequado. A recomendação é sempre consultar a legislação municipal antes de instalar o sistema.

4. “São caras e consomem muita energia” – Mito

Embora o investimento inicial possa parecer alto em comparação a cercas convencionais, a relação custo-benefício da cerca elétrica é extremamente favorável a médio e longo prazo. Isso porque ela demanda menos mão de obra, menos manutenção e pouco consumo energético.

Para se ter uma ideia, uma cerca elétrica típica consome apenas 10% da energia de uma lâmpada comum. Isso se traduz em baixa despesa mensal, especialmente com a adoção de energizadores eficientes e manejo bem planejado.

5. “Podem ser enganadas facilmente” – Verdade parcial

Sim, é tecnicamente possível burlar uma cerca elétrica usando materiais isolantes, como luvas de borracha. No entanto, na prática, isso é raro e pouco viável — a maioria dos animais e invasores não conhece esses artifícios, e a simples presença da cerca já atua como dissuasão.

Além disso, modelos mais modernos possuem sistemas de detecção de falhas, como alarmes sonoros e luminosos que disparam quando a cerca é cortada ou rompida. Muitos produtores também combinam o sistema com câmeras de vigilância e sensores, formando barreiras de proteção integradas.

Mitos e verdades sobre a cerca elétrica utilizada no campo
Foto: https://blog.mfrural.com.br

Benefícios reais e comprovados da cerca elétrica no campo

  • Redução de perdas em áreas agrícolas e pastagens.
  • Barreira eficaz contra animais invasores, como javalis, capivaras e cães.
  • Maior eficiência no manejo rotacionado de pastagens.
  • Menor custo de manutenção, com vida útil prolongada quando bem instalada.
  • Mais segurança para pessoas e animais, ao evitar arames cortantes e acidentes comuns com cercas convencionais.

O que diz a legislação sobre cerca elétrica rural?

A cerca elétrica é regulamentada pela norma ABNT NBR 16.852, que define diretrizes como:

  • Sinalização obrigatória com placas visíveis;
  • Altura mínima para instalação em áreas próximas a estradas ou vias públicas;
  • Aterramento adequado e isolamento elétrico;
  • Proibição de ligação direta à rede elétrica sem transformador.

O não cumprimento dessas regras pode representar riscos e até resultar em penalidades, por isso a assessoria técnica especializada é indispensável.

Cuidados técnicos essenciais para garantir segurança e eficiência

  • Escolha correta do energizador, de acordo com o tamanho da área e o tipo de animal.
  • Aterramento de qualidade, com hastes galvanizadas e em número suficiente.
  • Isoladores resistentes, especialmente em regiões úmidas ou com vegetação densa.
  • Evitar contato com plantas ou galhos, que podem desviar a corrente.
  • Monitoramento periódico com voltímetro para checagem da carga.

A cerca elétrica deixou de ser apenas uma alternativa e se tornou uma aliada estratégica na proteção de áreas produtivas e no manejo de rebanhos. Ainda que os mitos persistam, a realidade mostra que, quando bem instalada e utilizada com responsabilidade, ela traz ganhos diretos em produtividade, segurança e rentabilidade.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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