Moraes bloqueia empresa bilionária do setor de grãos

A gigante no ramo da soja, que fatura cerca de R$ 10 bilhões por ano e possui mais de três mil funcionários empregados, teve seus ativos bloqueados pelo Ministro do STF.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, congelou os ativos da empresa Sipal, uma das principais do ramo do agronegócio brasileiro, gigante no ramo da soja, que fatura cerca de R$ 10 bilhões por ano e possui mais de três mil funcionários empregados.

Moraes bloqueou, na última quinta-feira (17), as contas bancárias de 43 pessoas e empresas suspeitas de relação com as manifestações e bloqueios em rodovias federais, dentre elas a Sipal. De acordo com o ministro, os grupos “querem propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito eleitoral”.

Oito empresários de Mato Grosso que tiveram as contas bancárias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foram responsáveis pela doação de R$ 887.223,22 à campanha de Jair Bolsonaro (PL), que correu à reeleição e foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recebeu 50,9% dos votos. Das 43 pessoas jurídicas e físicas listadas por suspeita de financiar e organizar atos antidemocráticos, 34 são do estado.

Ao determinar o bloqueio de contas bancárias de 43 supostos financiadores de manifestações de caminhoneiros, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atingiu a Sipal, gigante do setor de grãos. Com faturamento de R$ 10 bilhões por ano, a empresa tem 3 mil funcionários.

Conforme o ministro, o bloqueio nas contas tem o objetivo de frear a utilização de recursos para financiar atos ilícitos e antidemocráticos.

Em virtude da decisão judicial de Moraes, caminhoneiros têm se organizado para fechar rodovias ao redor país. Áudios que circulam em grupos da categoria mostram que a iniciativa já alcançou Mato Grosso, que emprega grande quantidade de funcionários da Sipal.

Conforme noticiado, os protestos de caminhoneiros aumentaram nesta semana. O mais recente Boletim da Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa que há 17 manifestações de caminhoneiros em rodovias do país: quatro bloqueios totais em estradas federais e 13 interdições parciais.

Em nota, o Sindicato Rural de Sorriso, cidade em Mato Grosso a 400 quilômetros de Cuiabá, emitiu uma nota se solidarizando com os funcionários da Sipal. “É importante destacar que a livre manifestação e a liberdade de expressão são garantias constitucionais, cláusulas pétreas e representam os alicerces do Estado Democrático de Direito”, afirmou a organização.

“Faz-se necessário que haja uma sociedade bem informada e participativa no sistema jurídico-partidário, devendo ser coibido qualquer ato de censura.”

Sobre a Sipal

A empresa, que tem suas fábricas localizadas na cidade de Sorriso, no estado do Mato Grosso, tem um faturamento de mais de R$ 10 bilhões por ano, conta com mais de 3 mil funcionários e tem mais de 50 anos de mercado. Fundada no ano de 1970, o empreendimento também atua nos mercados de Etanol, Portos e Concessionárias.

O motivo do congelamento das contas da Sipal é um possível financiamento das manifestações que travaram rodovias pelo Brasil. Fausto Choll, membro da família que administra a Sipal, doou a quantia de R$ 50 mil para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições 2022.

Até o momento de publicação desta matéria, a empresa não havia emitido nenhum pronunciamento oficial sobre o congelamento de suas contas. Entretanto, na do dia 20 de novembro de 2023, a empresa entrou em contato, através do seu Departamento Jurídico, informando que:

Com relação à Sipal Indústria e Comércio Ltda., inclusa, à época, na lista das empresas com ordem de bloqueio de ativos emitida pelo Ministro Alexandre de Moraes por suposta participação nos atos antidemocráticos investigados, gostaríamos de retificar que, logo após prestados os esclarecimentos na Pet 10.685/DF, a empresa foi excluída das investigações por determinação do próprio Ministro

– Conforme os argumentos apresentados ao Poder Judiciário, os veículos em nome da Sipal utilizados nas manifestações antidemocráticas haviam sido vendidos a terceiros antes da utilização destes nos eventos noticiados pela mídia, o que foi comprovado pelos contratos de compra e venda apresentados naquele processo. À época, contudo, as transferências de titularidade dos veículos não haviam ocorrido porque dependiam do pagamento integral dos referidos bens pelos compradores, condição esta prevista nos contratos firmados entre a Sipal e os respectivos adquirentes.

Esclarece-se, ainda, que Fausto Schöll não possui nenhuma relação com o quadro societário do Grupo Sipal, motivo pelo qual sua conduta pessoal e política não deve ser associada à empresa.

Assim, a Sipal apenas reforça que não possui nenhuma relação com os eventos noticiados.

Novas manifestações

Ato bloqueia BR-174 em Pontes e Lacerda (MT). — Foto: Celso Garcia

Nesta sexta-feira (18), novos atos antidemocráticos voltaram a ser registrados em Mato Grosso. Segundo a Concessionária Rota do Oeste e a Polícia Rodoviária Federal, pontos da BR-163 em Diamantino, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Pontes e Lacerda foram fechados pelos manifestantes. Em alguns locais, os bolsonaristas atearam fogo em pneus e jogaram óleo na pista.

A Polícia Rodoviária Federal informou que as equipes estão trabalhando para desobstruir os trechos e devem direcionar força total às localidades, com medidas administrativas e judiciais e, se necessário, será feito o uso da força.

“A Polícia Rodoviária Federal tem o compromisso constitucional de garantir a ordem e manter a livre circulação que, especialmente, garante o direito de ir e vir de todo cidadão mato-grossense”, disse o superintendente da PRF em Mato Grosso, Francisco Elcio Lucena.

Já em Tangará da Serra, manifestantes fecharam a MT-358 e as aulas presenciais no campus da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) foram suspensas. Segundo a instituição, as atividades serão desenvolvidas online.

As manifestações começaram no final de outubro, depois da apuração dos votos. Elas perderam força depois que o ministro Alexandre de Moraes autorizar que a PRF e as forças de segurança estaduais agissem para desbloquear as vias. No Estado, mais de 30 trechos de rodovias federais foram fechados por pessoas que não aceitaram o resultado nas urnas.

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