
Do TikTok ao campo: como um doce simples provocou alta de até 100% no preço do morango e virou fenômeno nacional; Descubra tudo sobre o ‘Morango do Amor’
Nos últimos dias, um doce colorido, nostálgico e altamente compartilhável tem movimentado desde as redes sociais até os centros de abastecimento de frutas do país. O “Morango do Amor”, como ficou conhecido, viralizou no TikTok e Instagram e fez o preço da fruta base da receita praticamente dobrar em menos de um mês, de acordo com dados da Ceagesp e da Ceasa-DF.
A sobremesa, que lembra a tradicional maçã do amor das festas juninas, consiste em um morango fresco, envolto por brigadeiro branco e coberto com uma casquinha crocante de caramelo vermelho, servido no palito ou como bombom. Simples, visualmente atrativo e com forte apelo de sabor, o doce virou a nova febre nacional — com impacto direto na produção rural, no comércio local e até nas pizzarias.
Receita viral aquece mercado e esgota morangos grandes
A combinação do brigadeiro com o azedinho do morango tem agradado o paladar dos brasileiros, mas também esvaziado os estoques nas propriedades produtoras. Segundo levantamento da Globo Rural, o quilo do morango na Ceagesp saltou de R$ 24,66 no dia 2 de julho para R$ 48,07 em 25 de julho — uma alta de 95% no período .
Na região de Jundiaí (SP), o produtor Maurício Preterotto, que cultiva 12 mil pés de morango, relatou que a busca por frutas do tipo extra-grande dobrou. “Antes eu vendia em bandejas. Agora, com o preço subindo e a procura aumentando, vendo por unidade. Cada morango grande sai por R$ 2”, afirmou, em entrevista à Globo Rural .
O mesmo ocorre em Atibaia, capital do morango paulista, onde o agricultor Rafael Maziero afirmou que a caixa com quatro bandejas do morango tipo grande subiu de R$ 30 para R$ 45 em duas semanas, e a versão “fondue”, usada na nova receita, já ultrapassa R$ 60 .
‘Morango do Amor’ virou febre nas docerias e até em pizzarias tradicionais
A explosão da procura não ficou restrita ao campo. Em Brasília, a tradicional pizzaria Dom Bosco, conhecida desde 1960 por oferecer apenas um sabor — mussarela — aderiu ao doce, vendendo 300 unidades em três dias na unidade da 414 Sul. Cada “morango do amor” custa R$ 18.
“Não dá pra quem quer. A clientela está levando pra casa, pra empresa, pros funcionários. Todo mundo quer provar”, contou Valéria Souza, responsável pela confeitaria anexa à pizzaria, em entrevista ao g1 .
A demanda intensa também afetou os preços no Distrito Federal. Segundo o vice-presidente da Ceasa-DF, Poliano Bonfim, a caixa com quatro bandejas, antes vendida a R$ 19 no campo, passou a R$ 30, e o valor de revenda em docerias subiu de R$ 25 para R$ 35 .
Como fazer o Morango do Amor em casa
A receita, que circula em vídeos curtos nas redes sociais, é simples. Segundo a Rádio Itatiaia, os ingredientes são:
- 10 morangos grandes e firmes
- 1 lata de leite condensado
- 1 colher de sobremesa de manteiga
- 4 colheres de sobremesa de leite em pó
- 2 xícaras de açúcar cristal
- ½ xícara de água
- 1 colher de sopa de vinagre
- Corante vermelho alimentício
A montagem consiste em envolver os morangos com brigadeiro branco em ponto de enrolar e, depois, mergulhá-los na calda de caramelo vermelho em ponto de bala dura .
Oportunidade para empreendedores e alerta dos especialistas
O “morango do amor” pode ser mais do que um modismo culinário. Para o especialista em empreendedorismo Rafic Farah, o sucesso da receita é uma oportunidade de ouro para pequenos negócios que souberem surfar a onda com agilidade e criatividade.
“É sobre entender o movimento, adaptar o negócio e usar como isca para atrair clientes. Moda é passageira, mas a atenção é ouro”, afirmou Farah ao g1 .
E a tendência continua?
Apesar do entusiasmo, há quem lembre que toda febre passa. No entanto, produtores como Admir Bento da Silva, de Bom Repouso (MG), afirmam que esta foi a primeira vez que observaram tamanha movimentação fora de datas especiais. “Estamos acostumados com picos no Dia das Mães e no Natal. Agora, sem data comemorativa, foi uma surpresa”, disse à Globo Rural .
A expectativa dos produtores é que a tendência se estenda até o fim da safra, que vai até novembro. Caso isso ocorra, o “morango do amor” pode se consolidar como um divisor de águas na forma de consumir e comercializar frutas frescas no Brasil.
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