Morre Mateus Paranhos, cientista que humanizou a pecuária brasileira

Referência internacional em bem-estar animal, o zootecnista Mateus Paranhos deixa legado técnico, ético e científico que transformou o modo como o Brasil trata seus animais de produção

A pecuária brasileira amanheceu de luto neste sábado, 5 de julho. Morreu aos 68 anos o zootecnista Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, um dos mais influentes cientistas do agro nacional e nome de peso na área de bem-estar animal. Professor, pesquisador, formador de gerações e comunicador incansável, ele foi o responsável por introduzir práticas mais humanas, eficientes e conscientes no trato com bovinos, transformando para sempre os sistemas produtivos no país.

Paranhos era graduado em Zootecnia pela Unesp (1981), com doutorado em Psicobiologia pela USP e pós-doutorado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Em 1992, fundou o Grupo ETCO (Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal), no campus da Unesp de Jaboticabal (SP), onde também lecionava como professor adjunto. O grupo tornou-se referência internacional no manejo racional de animais de produção.

Seu trabalho combinava ciência de ponta com empatia e sensibilidade, voltado para entender o ponto de vista dos animais. A partir dessa abordagem, desenvolveu protocolos de manejo mais eficientes, como currais de baixa contenção, embarque e desembarque mais seguros e tecnologias que reduzem o estresse animal, como os brincos eletrônicos. Mateus Paranhos defendia com convicção: “Bem-estar não é luxo, é condição de eficiência.”

Mais de 120 artigos e impacto além da academia

Autor de mais de 120 artigos científicos, Paranhos se destacou pela capacidade de traduzir conhecimento acadêmico em prática de campo, colaborando com grandes empresas do setor agropecuário, influenciando produtores rurais, consultores técnicos, estudantes e formuladores de políticas públicas. Em 2019, foi coeditor do livro bilíngue O Bem-Estar Animal no Brasil e na Alemanha, que reforçou sua visão de responsabilidade compartilhada entre ciência, mercado e sociedade.

Líder gentil, voz respeitada

As homenagens à sua partida foram imediatas e carregadas de emoção. A Associação Brasileira dos Criadores de Nelore (ACNB) destacou a “imensurável perda para todos que são apaixonados pela pecuária” e ressaltou que Paranhos “atuou com foco em bem-estar animal e deixa um legado que contribuiu para o avanço das melhores práticas da cadeia bovina”.

O Grupo ETCO, fundado por ele, declarou em nota que “se o Brasil é uma referência no bem-estar animal, muito se deve à sua persistência, sua observação e sua forma gentil e humana de falar com todos”. Já a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) lembrou que ele “inspirou não só estudos, mas também mudanças práticas e éticas dentro e fora do Brasil”.

Mateus Paranhos também participou ativamente da comunicação científica. Sua presença era comum nos principais congressos do agro, simpósios científicos e eventos técnicos, sempre com o mesmo objetivo: levar a ciência até a fazenda e o produtor até o conhecimento.

Sua morte encerra um capítulo, mas seu legado segue como base para uma nova pecuária — mais inteligente, mais ética e mais sustentável. Como bem definiu uma homenagem no Instagram: “O Mateus faz parte de nossa formação profissional e ética no trato com o agronegócio”.

Quem foi Mateus Paranhos da Costa

  • Zootecnista formado pela UNESP (1981)
  • Doutor em Psicobiologia (USP) e pós-doutor pela Universidade de Cambridge
  • Fundador e coordenador do Grupo ETCO (Unesp – Jaboticabal)
  • Publicou mais de 120 artigos científicos
  • Referência em bem-estar animal no Brasil e no mundo
  • Consultor de grandes empresas do agro
  • Professor, palestrante e comunicador técnico
  • Defensor de uma pecuária mais racional, eficiente e humanizada .

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