
Fábrica da Nutratta Nutrição Animal nega responsabilidade da morte de 63 cavalos e diz aguardar laudos; governo proíbe venda da ração Forrage Horse em todo o Brasil
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) determinou, no último dia 5 de junho, a suspensão cautelar das atividades da fábrica da Nutratta Nutrição Animal, localizada em Itumbiara (GO), após a morte de 63 cavalos em diferentes regiões do Brasil. A medida foi tomada diante de indícios de contaminação na ração Forrage Horse, produzida pela empresa, que passou a ter sua venda e consumo proibidos em todo o território nacional.
A decisão do MAPA veio após o registro de óbitos suspeitos em haras de vários estados, com destaque para Indaiatuba (SP), onde 29 cavalos morreram em um intervalo de poucas semanas. A primeira notificação na cidade ocorreu em 23 de abril, seguida por outros oito casos até o fim de maio. A ração investigada era utilizada de forma contínua nesses animais há mais de cinco anos.
Ração recolhida e atividades suspensas
Segundo ofício publicado pelo Ministério no dia anterior à interdição (4 de junho), foram encontrados “indícios da presença de contaminantes que podem prejudicar a saúde animal”, o que levou à determinação imediata de recolhimento de todos os lotes da ração produzidos a partir de 8 de março de 2025. A pasta também orientou que a ração não seja fornecida a nenhuma espécie animal até que as investigações sejam concluídas.
A ação do MAPA gerou forte repercussão no setor e levou o Conselho Regional de Medicina Veterinária a solicitar uma inspeção imediata na fábrica da Nutratta. Em Indaiatuba, técnicos da prefeitura realizaram vistoria em um haras onde nove animais morreram. Segundo o laudo preliminar, os cavalos apresentaram sintomas de intoxicação alimentar, como letargia e alterações hepáticas, mas não foram encontradas irregularidades no ambiente.
Empresa contesta decisão e nega vínculo com mortes
Em nota oficial enviada ao Globo Rural, a Nutratta classificou a interdição como “uma reação desproporcional e sem respaldo técnico”. O advogado da empresa, Diêgo Vilela, alegou que “não há nenhum elemento técnico conclusivo que relacione a ração Forrage Horse à morte dos animais”, e que a empresa já havia iniciado voluntariamente o recolhimento dos produtos suspeitos nas regiões afetadas.
“O MAPA já sabia que estávamos recolhendo os lotes, e mesmo assim optou por uma medida extrema, cedendo a pressões externas. Não há relatos de problemas com outros produtos da linha, o que torna a suspensão das atividades da fábrica injustificável”, afirmou Vilela.
A defesa da Nutratta também não descarta a possibilidade de a eventual contaminação ter ocorrido fora do processo produtivo da empresa, e argumenta que o problema pode estar relacionado a fatores externos ou até mesmo a outras fontes alimentares.
Investigação sobre morte de 63 cavalos segue sem laudo conclusivo
O MAPA confirmou que as investigações estão em curso e ainda não há confirmação oficial da causa das mortes. Amostras da ração estão sendo analisadas por laboratórios especializados, mas os resultados finais ainda não foram divulgados. Apesar disso, o governo optou pela interdição por precaução, devido à gravidade e ao número elevado de animais mortos.
Enquanto isso, donos de haras, criadores e médicos veterinários em todo o país permanecem em alerta, com muitos suspendendo o uso de qualquer ração da Nutratta como medida preventiva. Há ainda a mobilização de associações de criadores, que cobram mais celeridade nas análises e maior transparência nas ações oficiais.
O que diz o Ministério da Agricultura
- A ração Forrage Horse está proibida para qualquer espécie animal.
- Todos os lotes produzidos a partir de 8 de março de 2025 devem ser recolhidos.
- Mais de 60 mortes de cavalos estão sob investigação, com foco na alimentação como possível causa.
- A pasta reforça que denúncias e informações devem ser enviadas à Ouvidoria do MAPA para auxiliar na coleta de dados.
Nota do Compre Rural
A equipe do Compre Rural manifesta solidariedade a todos os criadores e profissionais que perderam seus animais durante este período crítico. Seguiremos acompanhando o desenrolar das investigações com o compromisso de informar com responsabilidade e rigor técnico.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.