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Mortes em conflitos no campo atingem maior número desde 2003

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, que divulga anualmente um relatório sobre o tema, 70 pessoas foram assassinadas em 2017

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou na segunda-feira (16/4) os dados do seu relatório anual sobre os assassinatos em conflitos no campo no Brasil em 2017. O número é o maior desde o ano de 2003: 70 mortes. Em relação a 2016, ano em que a CPT registrou 61 mortes, o aumento foi de 15%.

O Pará foi o Estado com mais mortes: 21 pessoas foram assassinadas, dez delas no Massacre de Pau D’Arco. Em seguida vem Rondônia, com 17, e Bahia, com 10 assassinatos. A Pastoral indica que as vítimas são principalmente trabalhadores rurais sem-terra, indígenas, quilombolas, posseiros, pescadores e assentados.

Dentre as mortes, a Pastoral destaca quatro massacres que ocorreram nos Estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia. A CPT também lembra, ainda, da suspeita de ter ocorrido um massacre de indígenas isolados no Amazonas, entre julho e agosto de 2017.

Segundo denúncias recebidas pela Pastoral, seriam cerca de 10 vítimas dos “índios flecheiros”, como são conhecidos, do Vale do Javari. O Ministério Público Federal no Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai), contudo, não chegaram a um consenso sobre o episódio, e, diante das poucas informações que a CPT teve acesso, o caso não foi incluído nos números do relatório atual.

Assassinatos em conflitos no campo de 2003 a 2017 (Foto: Centro de Documentação Dom Tomás Balduino/Comissão Pastoral da Terra)

As mortes ocorridas em massacres, aliás, correspondem a 40% do total. Foram 28. Desde 1985, início do registro de mortes em conflitos no campo pela Pastoral, foram registrados 46 massacres no país, com 220 vítimas.

A CPT destaca que, durante este período de 32 anos de pesquisas, registrou 1.438 casos de conflitos no campo em que ocorreram assassinatos, com 1.904 vítimas. Apenas 113 casos foram julgados — 8% do total — com 31 mandantes dos assassinatos e 94 executores condenados.

Desde 1985, a região Norte contabiliza 658 casos com 970 vítimas. O Pará é o Estado com mais casos no país. Foram 466 conflitos, com 702 vítimas. Maranhão vem em segundo lugar com 168 vítimas em 157 casos. Em terceiro, o Estado de Rondônia, com 147 pessoas assassinadas em 102 casos.

O relatório completo ainda será disponibilizado pela Pastoral. Segundo a entidade, seu lançamento foi atrasado este ano por causa de uma série de ataques de hackers ao Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, responsável pela catalogação e compilação dos dados de conflitos no campo.

Assassinatos em conflitos no campo em 2017, de acordo com levantamento da Comissão Pastoral da Terra (Foto: Centro de Documentação Dom Tomás Balduino/Comissão Pastoral da Terra )

Geralmente, a CPT divulga o relatório na semana do dia 17 de abril, o Dia Internacional de Luta Camponesa, em memória aos trabalhadores rurais sem-terra assassinados na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, Pará, em 1996.

POR REDAÇÃO GLOBO RURAL

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