Movimento sem terra promove ‘Carnaval Vermelho’ no Paraná

A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade informou que seus integrantes efetuaram uma invasão na jornada do movimento Carnaval Vermelho

Os integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) comunicaram através de suas redes sociais, que no domingo (11) realizaram uma realizaram uma grande ocupação urbana na cidade de Paiçandu, Paraná. Ainda segundo a frente a invasão faz parte da jornada do Carnaval Vermelho, em uma área pública para exigir moradia digna a todas famílias, que vivem na extrema pobreza sem um teto para morar.

A FNL é uma das mais conhecidas organizações que luta pela reforma agrária no Brasil e tem forte atuação na região do Pontal do Paranapanema, aquela com maior registro de conflitos agrários no estado de São Paulo. Uma das lideranças do movimento e ex-membro da direção nacional do MST, José Rainha Júnior, preso em 2023 sob suspeita de tentarem extorquir fazendeiros.

O comunicado reforça que somente a luta organizada e a organização coletiva com amplo apoio da sociedade será possível a vitória dos pobres contra os poderosos, e é isso que a FNL vem fazendo em todo Brasil.

Foto: Divulgação / FNL

Confira mais alguns destaques da nota

Por outro lado, repudiamos as atitudes individuais oportunista de individuo que se apropria do instrumento de luta do povo para satisfazer seus egos pessoais com proveito próprios, deixando a coletividade da organização como princípio de luta.

Queremos deixar claro e explicito para todos trabalhadores que hoje estão acampados nas torres do Acampamento Dom Elder, que a FNL não tem um dono, a bandeira são os lutadores do povo, a bandeira pertence ao povo e não a um indivíduo, por isso as atitudes do Sr. Carlão em retirar a bandeira do acamamento, são atitudes personalistas, oportunistas e irresponsável, e não tem apoio nem da direção estadual e nem da direção nacional da FNL.

Queremos reafirmar o compromisso de luta da FNL com todos os lutadores do Acampamento Dom Elder, assim como toda sociedade de Paiçandu, Maringá e região, que continuaremos as nossa lutas pela moradia, pela terra, pela Reforma Agraria, assim como as lutas dos Quilombolas, Indígenas, e de todas as categorias dos trabalhadores do campo e da Cidade.

A nota é assinada pela direção nacional e paranaense do movimento.

O partido político PSOL – Partido Socialismo e Liberdade – veio a público se solidarizar com o movimento de ocupação da área. Confira a nota publicada em suas redes sociais:

O Psol PR vem a público manifestar o seu apoio mutuo a ocupação Paulo Freire realizada na manhã de hoje pela Frente Nacional de Luta Campo e Cidade na cidade de Paiçandu – PR. É de conhecimento de toda sociedade Brasileira que temos um déficit habitacional que ultrapassa 6 milhões de moradias, sabemos que mais de um milhão de famílias se encontra de baixo dos viadutos das grandes metrópoles no Brasil. A miséria, a fome, o desemprego é alarmante, a cada dia que passa. As políticas públicas foram abandonadas nos últimos 4 anos, o governo do Genocida Jair Bolsonaro levou nosso País ao abismo total, são 33 milhões de famílias na pobreza extrema e mais de 70 milhões com alguma insegurança alimentar.

O PSOL PR vem reafirmar seu compromisso de luta, com as ocupações tanto no Campo como na Cidade, reafirma sua política de aliança com todos os partidos, movimentos, sócias que tem compromisso com a luta de classes.

O ‘Carnaval Vermelho‘ é tradicional movimento de sem-terra no país, mas ficou suspenso durante o governo de Jair Bolsonaro. No ano passado — o primeiro do deste novo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva —, o número de invasões (71) do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já tinha superado todos os quatro antes do mandato de Jair Bolsonaro (62). Lula não só está ignorando o fato como tem procurado formas de agradar os sem terra e atender suas exigências.

O líder do MST João Pedro Stédile em depoimento à CPI do MST
O líder do MST João Pedro Stédile em depoimento à CPI do MST, na Câmara, nesta terça (15) — Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai aumentar ainda mais o número de invasões de terra em 2024. A previsão é do líder do agrupamento, João Pedro Stedile, em entrevista à Folha de S.Paulo. Segundo Stedile, as “dificuldades” dos sem-terra farão com que as invasões aumentem ainda mais. “Se o governo não toma a iniciativa, a crise capitalista continua se aprofundando”, declarou. “O ser humano não é igual ao sapo, que o boi pisa, e ele morre sem dizer nada. Vai haver muito mais luta social.”

Embora seja um aliado histórico do PT, o líder do MST afirmou, em entrevistas anteriores, que 2023 foi o pior em número de famílias assentadas em 40 anos.

No governo Bolsonaro, com a facilitação da defesa dos proprietários rurais, as invasões caíram drasticamente. Nesse período, o MST passou a se concentrar na venda de objetos ligados ao movimento, como bonés e camisetas, em lojas físicas chamadas de Armazém do Campo.

Porém, a estratégia de invasões de terras será retomada. A política de ocupações não pode ser abandonada, afirma o líder do MST. “A pressão nos governantes deve ser constante. Não há, na história da reforma agrária do mundo, nenhum processo de correção das distorções fundiárias sem que a população se mobilize. Em nenhum país do mundo o governo resolveu: Ah, onde é que tem sem-terra? Vou dar terra para vocês’”, declarou Stedile à Folha.

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