MP denuncia empresário por golpe contra 120 agricultores e causar prejuízo de R$ 20 milhões

Ministério Público aponta que empresário continuou negociando grãos após vender sua cerealista; Golpe de cerealista atinge agricultores e empresário é considerado foragido da Justiça

O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou Celso Antônio Fruet, de 72 anos, por aplicar uma série de golpes que causaram prejuízo estimado em R$ 20,3 milhões a pelo menos 120 produtores rurais do município de Campo Bonito, na região Oeste do estado. O empresário, dono de uma empresa cerealista, é acusado de continuar negociando grãos mesmo após a venda do negócio para uma cooperativa local, recebendo mercadorias e não efetuando os pagamentos devidos. Ele tem mandado de prisão em aberto e é considerado foragido pela polícia.

De acordo com o MPPR, Fruet atuava há cerca de 30 anos no ramo de armazenamento e comercialização de soja e trigo, mantendo uma relação de confiança com dezenas de produtores da região. A empresa recebia os grãos nos silos de sua propriedade e realizava a revenda no mercado, repassando os valores posteriormente aos agricultores.

Entretanto, em 6 de junho deste ano, o empresário assinou contrato de venda da cerealista a uma cooperativa sem comunicar os produtores. Mesmo após a transação, ele continuou negociando grãos e recebendo produtos, sem realizar qualquer repasse financeiro. Segundo a promotora Ana Carolina Lacerda Schneider, a venda da empresa teria rendido mais de R$ 40 milhões, e o Ministério Público agora investiga a destinação desse dinheiro.

Descoberta do golpe de cerealista e prejuízo aos produtores

As vítimas só descobriram o golpe em 21 de julho, quando foram até o local e encontraram o estabelecimento fechado. O imóvel já havia sido transferido à cooperativa, e os silos estavam vazios. Computadores, documentos e o próprio empresário haviam desaparecido. Muitos agricultores relataram perdas financeiras significativas — casos que variam de centenas a milhares de sacas de soja.

Uma das vítimas, Marilete Pagani, contou que sua família tinha 320 sacas de soja armazenadas, o equivalente a cerca de R$ 38 mil, valor que seria usado para o tratamento médico do pai, portador de Alzheimer e Parkinson. “A gente confiava, e de repente você perde tudo. É desesperador. Trabalhamos sábados, domingos e feriados, e de uma hora pra outra não temos mais nada”, desabafou.

Histórico de confiança e ostentação

Conhecido na região como um empresário de sucesso, Fruet exibia nas redes sociais uma vida de luxo, com carros importados, cavalos de raça e fazendas. Sua empresa, que funcionava há décadas no mesmo endereço, conquistava clientes pelo atendimento flexível — incluindo entregas em feriados e finais de semana. Essa relação de proximidade com os produtores acabou sendo fundamental para a aplicação dos golpes, segundo o MP.

Fruet apresentava uma vida de luxos — Foto: Reprodução/ Rede Sociais

As investigações revelaram ainda que o empresário já havia sido investigado por crimes semelhantes em Capanema e Catanduvas, ambos municípios paranaenses, mas essas ocorrências prescreveram e não resultaram em condenações.

Denúncia e próximos passos

O Ministério Público denunciou Celso Fruet por 124 ocorrências de estelionato (Artigo 171 do Código Penal), das quais 38 envolveram vítimas idosas no golpe de cerealista. Além da condenação penal, o MP solicitou à Justiça que o réu seja obrigado a reparar financeiramente os prejuízos causados. Caso condenado, ele poderá enfrentar penas que ultrapassam 30 anos de prisão, considerando o número de vítimas e a gravidade dos crimes.

A defesa do empresário, representada pelo advogado Higor Fagundes, alega que Fruet não cometeu crime e que o caso será esclarecido durante o processo judicial. O defensor afirma que o cliente teria enfrentado uma “catástrofe financeira”, o que o levou a vender os bens e a empresa para tentar pagar os agricultores, sem sucesso.

Foragido e procurado

Desde o fim de julho, Fruet é considerado foragido. Ele teria fugido da cidade após esvaziar os silos da cerealista e desaparecer antes da chegada das autoridades. O mandado de prisão preventiva foi expedido e segue em aberto. A polícia busca informações sobre o paradeiro do empresário, que ainda não foi localizado.

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