
Mobilização do MST faz parte da Semana Camponesa e reivindica crédito, moradia, assentamentos e políticas públicas para o campo; “Lula, cadê a reforma agrária?”
A sede da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), localizada na capital paulista, foi ocupada por cerca de 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na manhã desta quarta-feira, 23 de julho de 2025. A ação faz parte de uma mobilização nacional intitulada “Lula, cadê a reforma agrária?”, organizada durante a chamada Semana Camponesa, em alusão ao Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, comemorado no dia 25 de julho.
A ocupação é uma tentativa de pressionar o governo federal por avanços concretos na pauta da reforma agrária, um tema historicamente defendido pelo MST e que, segundo o movimento, segue travado mesmo sob um governo alinhado com suas bandeiras históricas.
Reivindicações do MST incluem crédito, assistência técnica e moradia
Entre as principais demandas do MST nesta mobilização estão:
- Liberação de créditos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA/Conab), que possibilitam a compra de alimentos produzidos por famílias assentadas;
- Ampliação dos limites de compra por cooperativas e famílias, para estimular a produção rural de base familiar;
- Acesso universal ao Pronaf A e A/C, com facilidade nos trâmites burocráticos e renegociação de dívidas contraídas por agricultores familiares;
- Assistência técnica permanente, considerada essencial para a produção de alimentos saudáveis e para o desenvolvimento de agroindústrias estruturantes nos assentamentos;
- Construção e reforma de casas em assentamentos, com vistas à melhoria da qualidade de vida no campo;
- Inclusão dos assentamentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
- Assentamento imediato de mais de 5 mil famílias acampadas no estado de São Paulo.
Segundo uma das porta-vozes do movimento, o diálogo com o Incra em São Paulo estaria estagnado há meses, com diversas tentativas de negociação ignoradas. “Há tempos tentamos um diálogo e seguimos sem resposta para nossa pauta”, afirmou.
Governo ainda não respondeu às reivindicações
A Superintendência do Incra em São Paulo limitou-se a informar que aguarda o recebimento formal da pauta para avaliar a viabilidade de atendimento às demandas. Já a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo não se pronunciou até o momento.
A ocupação do Incra em São Paulo é mais um episódio dentro de um histórico de tensões entre o MST e os diferentes governos, incluindo o atual, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja trajetória política sempre esteve ligada à luta por justiça social e à pauta agrária. Apesar disso, setores do MST têm manifestado frustração com a lentidão na implementação de políticas agrárias no terceiro mandato de Lula, o que tem intensificado mobilizações em diferentes estados.
A Semana Camponesa, que motiva a ação, é realizada anualmente e reúne uma série de mobilizações em todo o país para defender a agricultura familiar, denunciar o avanço do agronegócio sobre territórios camponeses e cobrar políticas públicas mais eficazes para o campo.
Ocupações como esta buscam reabrir canais de diálogo entre movimentos sociais e o Estado, cobrando promessas de campanha e ações efetivas para a democratização da terra no Brasil — uma das mais antigas e sensíveis questões sociais do país.
Acompanhe o Compre Rural para atualizações sobre o caso e os desdobramentos nas negociações entre MST e Incra.
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