Mulheres na equipe podem aumentar a rentabilidade da fazenda

Março é o mês que se comemora o Dia Internacional da Mulher, mas você sabe realmente a importância dela na sua equipe? Confira esse material da Scot Consultoria

Caro produtor e produtora,

Em março, comemorou-se o dia internacional da mulher. Foram diversas notícias circulando sobre o tema, porém pouquíssimas mencionaram os ganhos econômicos que a diversidade de gênero nas equipes proporciona para as empresas. O Brasil carece de pesquisas e dados oficiais sobre o assunto. E, o agronegócio carece mais ainda. Porém, há estudos internacionais que apontam que ter mais mulheres na equipe aumenta a rentabilidade do negócio e há casos de fazendas no Brasil onde a presença feminina reduziu custos e aumentou a rentabilidade.

A importância da diversidade na rentabilidade das empresas – Pesquisa internacional realizada em 2017 pela consultoria McKinsey, com 1007 empresas, em 12 países, aponta que ter mulheres em cargos de liderança aumenta em 21% a chance de uma empresa ter desempenho econômico acima da média. Outro estudo, realizado em 2016 pelo Peterson Institute para Economia Internacional, em parceria com a consultoria EY, aponta uma lucratividade 15% superior em companhias com 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres.

A questão que fica é: estes resultados são estritamente vinculados à capacidade de trabalho das mulheres? Afirmar que sim seria uma leitura míope.

O ganho em rentabilidade está relacionado aos benefícios gerados pela diversidade. Cada indivíduo, do sexo oposto ou do mesmo, é único. Porém, quando as pessoas são criadas em ambientes e culturas diferentes, a capacidade de as mesmas identificarem problemas e proporem soluções inovadoras é maior. No caso de homens e mulheres, já na descoberta do sexo, ainda na gravidez, há um tratamento cultural diferenciado para o indivíduo. Isto, sem mencionar as diferenças hormonais e biológicas. É aproveitar estas diferenças, além da complexa relação entre os indivíduos, que auferem maiores lucros para empresas lideradas por mulheres.

Do mesmo modo, em equipes compostas majoritariamente por mulheres, a participação de homens também tem o potencial de melhorar os resultados produtivos e econômicos. Outros estudos sociológicos apontam resultados parecidos com equipes com grande diversidade étnica e cultural, gerando soluções inovadoras e de maior criatividade.

A força feminina no Agro – Recentemente, a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), divulgou um levantamento feito em 15 estados brasileiros, onde concluíram que as mulheres já assumem 30% dos cargos de liderança no agronegócio – há poucos anos a participação era de apenas 10%.

Além destes dados, temos muitos exemplos que demonstram que a liderança feminina no Agro tem aumentado e contribuído para o desenvolvimento e rentabilidade do setor. Seria possível escrever um livro com tantos nomes e histórias emocionantes. No entanto, a importância das mulheres nos resultados econômicos não está apenas nas posições de liderança, mas também nas atividades e cargos de base.

Resultados econômicos reais – A Fazenda Malanda, no município de Juara, em Mato Grosso, é um exemplo dos benefícios da inclusão de mulheres em diversas atividades. Seu José P. Costantini, proprietário da fazenda, relatou que quando começou a envolver as esposas dos seus funcionários nas atividades da fazenda seu objetivo era ocupá-las, de modo a reduzir a ociosidade e aumentar a renda familiar.

Porém, de acordo com ele, os benefícios foram muito além do esperado. Atualmente, na Fazenda Malanda as mulheres são as responsáveis pela maior parte das operações de máquinas da agricultura e pecuária. No caso do semi e do confinamento, com 11 mil animais em média confinados por ano, as operações de máquinas são realizadas exclusivamente pelas mulheres.

Qual o resultado econômico disto? Desde que as mulheres assumiram essas funções, os desembolsos com manutenção de máquinas e equipamentos caíram expressivamente. Para o sr. José, “elas são mais cuidadosas”. Os homens participam da terminação intensiva dos animais, mas em funções de vaqueiros. O produtor faz questão de ressaltar que a médica veterinária também é mulher!

Outro benefício citado por ele, que é um grande desafio em todos os segmentos do agro, foi a redução da rotatividade da mão de obra. Com o envolvimento das esposas, aumentou a motivação dos funcionários, havendo inclusive redução dos conflitos entre as equipes. Seu Costantini ressalta que houve desafios neste processo e que, no início, muitos homens não aceitavam a presença feminina.

De acordo com o produtor, outros desafios são superados diariamente, mas no fechamento das contas o retorno econômico justifica (e muito) a inclusão das mulheres em funções tradicionalmente exercidas por homens.

Nem tudo são flores – Ainda que muito tenha mudado nos últimos anos, outros dados merecem ser destacados. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o salário médio das mulheres no Brasil ainda é mais baixo que o dos homens. E, pesquisa divulgada no ano passado pela Catho, empresa que trabalha com classificados online de vagas e currículo, aponta que os salários para homens, para um mesmo cargo, chegam a ser até 62,5% superiores aos das mulheres.

Além da diferença salarial, há os desafios diários. No caso do Agro, estudo da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), aponta que 43% das mulheres que comandam propriedades em diferentes setores do agronegócio relatam insubordinação de funcionários que se negam a receber ordens delas. Além disso, mais de 25% relataram dificuldades para acessar cargos em associações ou organizações setoriais.

Agradecimentos – No “mês da mulher”, agradeço à todas as mulheres do agro, algumas minhas grandes amigas, outras conhecidas e outras que acompanho pelas redes sociais que, com exemplos de coragem e resiliência, me inspiraram a escrever este texto. Agradeço em especial à minha mãe, Luzia, que com o objetivo de estudar meus irmãos e eu, esteve por quase uma década à frente da nossa propriedade rural, abdicando inclusive da sua carreira profissional.

Por Mariane Crespolini

Fonte: Scot Consultoria

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