Não é costume no Brasil? Por que não comemos carne de animais carnívoros

Por que o Brasil evita a carne de leões, onças e outros predadores: riscos à saúde, ineficiência na produção e barreiras culturais e religiosas mantêm os carnívoros fora do prato

No Brasil, país líder mundial em produção de carne bovina, suína e de aves, você nunca verá um churrasquinho de leão, onça ou tigre. Essa ausência não é mera coincidência: envolve fatores biológicos, culturais, econômicos e de sustentabilidade, que moldaram nossos hábitos alimentares.

Para produtores e profissionais do agro, entender por que os herbívoros dominam o consumo é essencial para otimizar práticas de criação, garantir segurança alimentar e reduzir impactos ambientais.

História e tradição do consumo de carne no Brasil

Desde a colonização, a pecuária brasileira se estruturou em torno de animais domesticáveis, como bovinos, suínos e aves. Os predadores naturais, por serem difíceis de domesticar e potencialmente perigosos, nunca fizeram parte do cotidiano alimentar.

Mesmo na modernidade, o consumo de carnívoros silvestres é ilegal, reforçando a preferência por carnes seguras e de fácil manejo. A tradição cultural consolidou-se: herbívoros e onívoros são a norma, e predadores permanecem tabus.

Aspectos biológicos e nutricionais

Os motivos biológicos para evitar carne de predadores são claros:

AspectoCarne de Herbívoros/OnívorosCarne de Carnívoros
Acúmulo de microrganismosBaixo risco se manejado adequadamenteAlto risco: acumula microrganismos das presas
Risco de toxinas/metaisModeradoElevado: bioacumulação no topo da cadeia alimentar
Textura e saborMacia, saborosaDura, magra, menos saborosa
Valor nutricionalProteína eficienteProteína com menor digestibilidade e sabor inferior
Segurança alimentarAlta se corretamente processadaBaixa; risco de salmonela e parasitas maior

Explicação técnica: predadores estão no topo da cadeia alimentar e acumulam patógenos das presas, aumentando os riscos de transmissão de doenças ao ser humano. Além disso, são magros e musculosos, resultando em carne dura e menos suculenta.

Práticas de manejo e sustentabilidade

Criar predadores para consumo humano é ineficiente e caro:

  • Níveis tróficos: herbívoros convertem energia do pasto em proteína; predadores dependem de outros animais, com perda de energia a cada nível.
  • Custo hídrico: produzir 1 kg de carne bovina exige cerca de 15 mil litros de água. Alimentar predadores é ainda mais custoso.
  • Manejo: predadores exigem mais espaço, alimentação especializada e cuidado contínuo.

Infográfico descritivo (narrativo):

  1. Produtores (plantas) → transformam energia solar em biomassa.
  2. Consumidores primários (herbívoros) → convertem plantas em carne.
  3. Consumidores secundários (onívoros e pequenos carnívoros) → convertem herbívoros em proteína, perdendo energia.
  4. Consumidores terciários (superpredadores) → máxima perda de energia e maior risco sanitário.

Aspectos culturais, religiosos e psicológicos

O tabu cultural sobre predadores tem várias camadas:

  • Simbolismo: predadores evocam medo e repulsa.
  • Religião: judaísmo e islamismo proíbem o consumo de carnívoros.
  • Cultura e hábito: gerações consomem herbívoros; predadores permanecem tabu social.

Esses fatores moldam os hábitos alimentares nacionais, reforçando escolhas mais seguras e culturalmente aceitas.

Exceções globais

Apesar de incomum, algumas culturas consomem predadores:

  • Carne de urso: hemisfério norte.
  • Jacarés e crocodilos: EUA, China, Etiópia, Austrália.
  • Peixes carnívoros: maioria dos peixes consumidos são predadores de outros peixes.

Mesmo nesses casos, o consumo é minoritário e tradicional, e não altera o padrão global de preferência por herbívoros.

Dados de consumo e produção no Brasil (2025)

AnimalPopulação (milhões)Consumo médio anual per capita (kg)
Bovinos234,726,5
Suínos44,215,0
Aves1.60043,2
Predadores (ilícitos ou não produzidos)N/A0

Análise: a produção é concentrada em espécies domesticáveis, eficientes em conversão alimentar e socialmente aceitas.

Não consumimos carne de carnívoros no Brasil por uma combinação de fatores biológicos, econômicos, culturais e religiosos. Para produtores e profissionais do agro, entender essas razões reforça a importância de:

  • Boas práticas de manejo;
  • Segurança alimentar;
  • Sustentabilidade da produção;
  • Escolhas conscientes de criação e consumo.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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