Não há futuro sem atrazina, afirma diretor-executivo da Aprosoja

A atrazina é o segundo herbicida mais utilizado no Brasil e, nesta semana, o Ministério Público do Trabalho entrou com ação para banir herbicida no país. Para o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, a atrazina é uma importante ferramenta para os sistemas de produção do Brasil

A atrazina é o segundo herbicida mais utilizado no Brasil. Embora banido em oito países, esse herbicida é usado largamente nas áreas de solo no Cerrado, pois é recomendado para o controle de plantas daninhas nas diferentes culturas, especialmente cana-de-açúcar, milho e soja. O pedido para banir herbicida no país, deixou todo o setor produtivo apreensivo, mobilizando entidades e produtores rurais. Para o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, a atrazina é uma importante ferramenta para os sistemas de produção brasileiro.

Uma das entidades a se manifestar foi a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). Segundo o diretor-executivo, Fabrício Morais Rosa, não há futuro na agricultura brasileira sem atrazina, disse ele ao se manifestar sobre o pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) para cancelar o registro da atrazina no Brasil.

“Hoje, esse herbicida desempenha um papel crucial no controle das ervas daninhas nas culturas de milho, cana-de-açúcar e soja. Especialmente para o combate à buva, uma erva daninha agressiva que prejudica consideravelmente as plantações, a atrazina é essencial para manter a lavoura limpa. Portanto, não podemos ignorar a importância da atrazina em nossa agricultura”, disse Rosa em entrevista ontem.

Ele ainda afirmou que se for necessário, a entidade vai recorrer de uma possível decisão judicial desfavorável, visando a segurança da produção de alimentos no país. O diretor-executivo contou ainda que a realidade brasileira envolve agricultores que utilizam Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ao manusear o produto, em sua maioria, aplicando-o com tratores de cabine fechada de pressão negativa.

“O produto está registrado em mais de 50 países e tem sido utilizado com sucesso na agricultura brasileira por décadas. Isso garante que não haja contato direto com o produto, minimizando qualquer risco laboral. É importante ressaltar que o Ministério Público do Trabalho tem o legítimo papel de proteger os trabalhadores, mas é fundamental não extrapolar um caso isolado para toda a realidade da agricultura brasileira. Nosso setor é altamente tecnificado, investindo continuamente em equipamentos de segurança e, atualmente, é uma referência mundial em boas práticas”, afirmou o diretor-executivo da entidade.

O Ministério Público do Trabalho entrou com uma ação judicial para proibir o uso da atrazina, princípio ativo presente em 5% dos pesticidas vendidos no Brasil, informaram os procuradores nesta quinta-feira (5).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que seria forçada a cancelar o registro de pesticidas que contêm atrazina se um juiz decidir a favor do MPT, não comentou imediatamente a ação judicial apresentada na quarta-feira (4) em um tribunal de Brasília.

Autorizado no Brasil, o princípio ativo ocupou o 5º lugar nas vendas em 2021, somando 37.299 toneladas, o que representa 5% do total dos cerca de 400 produtos registrados no país.

Pesquisador da Embrapa afirma que cancelamento é ‘preocupante’

Quem comenta também sobre o assunto é o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, afirmando que a atrazina é uma importante ferramenta para os sistemas de produção do Brasil. “Do ponto de vista técnico, do ponto de vista agronômico, eu recebo com preocupação a notícia do pedido de cancelamento da atrazina no Brasil”, diz.

Apesar da sua importância para agricultura, o pesquisador ressalta que é preciso ter preocupação com questões de saúde. “Mas antes de qualquer tomada de decisão, nós temos que analisar os estudos, as análises de riscos, principalmente realizadas aqui no Brasil, para ver se essas informações que são colocadas contra o uso do produto, elas de fato se confirmam”, afirma.

“Nós temos já alguns trabalhos que foram feitos nesse sentido aqui no Brasil e essa é mais uma discussão que se inicia contra alguns produtos que precisam de fato ser confirmadas antes de qualquer tomada de decisão”, complementa.

O que diz a Syngenta

Em seu site, a Syngenta classifica a atrazina como “segura para as pessoas” e “boa para o meio ambiente e a economia”, citando estudos que atestam sua segurança nas fazendas dos Estados Unidos, onde seu uso é permitido.

Em comunicado, a Syngenta reconheceu que importa e vende no Brasil produtos formulados por ela mesma contendo atrazina, tanto isolada quanto em misturas.

A empresa também disse que a atrazina está registrada em mais de 50 países, e afirmou que o princípio ativo é uma ferramenta crucial para ajudar os agricultores a tratar ervas daninhas e aumentar o rendimento das colheitas.

O Brasil, uma potência do agronegócio, é o maior consumidor de pesticidas do mundo, incluindo muitos proibidos em outros países. Pesquisadores estimam que o Brasil é responsável por cerca de 20% do uso total de pesticidas no mundo.

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