
Empresa suíça promove reestruturação global com foco em cargos administrativos, sob nova liderança de Philipp Navratil; Com isso, Nestlé anuncia demissão de 16 mil funcionários em plano agressivo de automação
A Nestlé, maior empresa de alimentos e bebidas do mundo, anunciou um dos maiores cortes de pessoal de sua história recente: 16 mil funcionários serão demitidos em um plano de reestruturação global voltado à automação de processos e aumento da eficiência operacional. O movimento representa aproximadamente 6% da força de trabalho global da companhia, atualmente estimada em 277 mil colaboradores.
A decisão foi anunciada por Philipp Navratil, novo CEO da Nestlé, que assumiu o cargo em meio a uma fase turbulenta para a companhia. Seu antecessor, Laurent Freixe, foi afastado após uma investigação interna que apontou um relacionamento inapropriado com uma subordinada.
Em sua primeira grande medida à frente da empresa, Navratil apresentou um plano ousado: elevar de US$ 2,5 bilhões para US$ 3,7 bilhões a meta de corte de custos até 2027. O novo comando não escondeu a urgência da transformação: “O mundo está mudando. E a Nestlé precisa mudar mais rápido”, declarou o executivo.
Perfil das demissões e automação
Segundo o detalhamento do plano, 12 mil das demissões serão de cargos administrativos, área que hoje concentra cerca de 118 mil trabalhadores. O restante — cerca de 4 mil — ocorrerá na indústria e cadeia de suprimentos, com foco em reorganização operacional e uso de tecnologias de automação e serviços compartilhados.
A aposta da empresa é clara: automatizar processos internos e aumentar a produtividade. Essa transição mira a redução de estruturas administrativas redundantes e o enxugamento de funções que podem ser executadas por sistemas digitais.
Mercado reage positivamente a decisão da Nestlé
Apesar do impacto social do anúncio, o mercado financeiro respondeu com entusiasmo. As ações da Nestlé registraram uma alta de 9,3% na quinta-feira (16), maior valorização diária desde 2007, sinalizando a aprovação dos investidores ao plano de reestruturação.
Navratil aproveitou o anúncio para divulgar também números positivos de vendas no terceiro trimestre de 2025, com crescimento orgânico de 3,3% e avanço de 4,3% no acumulado do ano, mesmo com o impacto negativo de flutuações cambiais nas receitas líquidas.
Possíveis desinvestimentos e foco no essencial
Além das demissões e cortes, a Nestlé também analisa vender ou descontinuar unidades de negócio com baixo desempenho. Entre os ativos sob avaliação estariam as divisões de confeitaria, alimentos congelados e até mesmo a participação de 20,1% na L’Oréal, uma das maiores companhias de cosméticos do mundo.
Com apoio do novo presidente do conselho, Pablo Isla — ex-Inditex (grupo da Zara) —, Navratil sinaliza que a empresa buscará foco em produtos e mercados de alto crescimento, promovendo uma “revisão profunda do portfólio global”.
Reestruturação ou crise?
A medida da Nestlé reacende o debate sobre o futuro do trabalho na era da automação. Para alguns analistas, trata-se de uma resposta estratégica a um cenário de margens pressionadas e mudanças no comportamento do consumidor, que vem optando por marcas mais baratas. Para outros, o corte de milhares de empregos evidencia uma crise interna que se disfarça de modernização.
Independentemente do ponto de vista, o impacto será sentido tanto no ambiente corporativo quanto na base operacional da empresa, com potenciais reflexos também em suas operações no Brasil, onde a Nestlé tem forte presença industrial e comercial.
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