No Brasil, café gelado é coisa de maluco? Entenda

O que antes era visto com estranheza, hoje representa uma fatia crescente do consumo nacional e abre novas portas para o agronegócio, valorizando o grão desde a lavoura

Se há alguns anos a cena de alguém bebendo café gelado em uma cafeteria brasileira poderia causar estranhamento, hoje ela se torna cada vez mais comum. A bebida, que parecia um costume distante, típico de filmes americanos, fincou suas raízes no país do cafezinho e representa uma transformação cultural e uma oportunidade de ouro para o setor cafeeiro. A pergunta que antes era uma piada — “café gelado é coisa de maluco?” — hoje tem uma resposta clara do mercado: é coisa de visionário.

A prova dessa mudança está nos números. Dados de pesquisas de consumo indicam que o café gelado já representa cerca de 12% do consumo de café no Brasil, um número impulsionado principalmente pelas gerações mais jovens (Millennials e Geração Z). Eles buscam não apenas a energia da cafeína, mas também experiências de consumo diferentes, bebidas refrescantes e versáteis. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, aqui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!

O crescimento das cafeterias especializadas e a inovação da grande indústria, com lançamentos de produtos prontos para beber (RTD – Ready to Drink), validam essa tendência. O que começou como um nicho, hoje é uma prateleira inteira no supermercado e um item obrigatório no cardápio de qualquer estabelecimento moderno.

O que antes era visto com estranheza, hoje representa uma fatia crescente do consumo nacional e abre novas portas para o agronegócio, valorizando o grão desde a lavoura
Fonte: Substalk

A conexão da xícara gelada com a lavoura

Mas como essa moda urbana impacta a vida de quem está no campo, cuidando do pé de café? A resposta está na agregação de valor e na demanda por qualidade.

Qualidade do Grão

Diferente de um café quente tradicional, preparações geladas como o cold brew (extração a frio) exigem um grão de altíssima qualidade. Bebidas extraídas a frio tendem a ser menos ácidas e mais adocicadas, ressaltando notas sensoriais como chocolate e frutas. Isso valoriza o produtor focado em cafés especiais, com processos de colheita e pós-colheita mais cuidadosos.

Novos Mercados e Rastreabilidade

O novo consumidor quer saber a origem do produto, a fazenda e a história por trás da xícara. Para o produtor, isso é uma chance de criar sua própria marca e vender o café com maior valor agregado, destacando sua origem e sugerindo métodos de preparo, inclusive os gelados.

Diversificação da Produção

A tendência incentiva o cafeicultor a experimentar com variedades de café que produzem notas mais frutadas ou exóticas. O produtor que entende o que o consumidor final procura pode direcionar seu plantio para atender a essa demanda específica, conseguindo um preço superior pela saca.

Um novo diálogo entre campo e cidade

Essa transformação já é sentida no setor produtivo. Cooperativas e associações de cafeicultores, especialmente em regiões de cafés especiais como a Mantiqueira e o Sul de Minas, relatam um aumento na procura do mercado interno. Donos de cafeterias e microtorrefadores agora buscam ativamente por “lotes especiais” com perfis sensoriais que se destacam em bebidas geladas, dispostos a pagar um prêmio pela qualidade e pela história por trás do grão. Essa aproximação cria uma ponte direta entre quem produz e quem consome, fortalecendo a cadeia produtiva nacional.

Portanto, o café gelado deixou de ser uma excentricidade. Ele é um motor de inovação que conecta, de forma inédita, o jovem urbano ao produtor rural. Para o agronegócio, a mensagem é clara: o futuro do café brasileiro não é apenas quente. Ele é versátil, criativo, de alta qualidade e, por que não, muito refrescante. O “maluco” de ontem é o consumidor que hoje ajuda a fortalecer e a valorizar o nosso café.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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