O uso de CNF não é mais recomendado para a formulação de dietas, já que amido, pectina e sacarose possuem diferentes digestibilidades e padrões fermentativos.
Os carboidratos compõem a maior parte da alimentação de vacas leiteiras, sendo responsáveis por 60 a 70% da energia da dieta.
No rúmen, os carboidratos têm funções essenciais, destacando-se:
- Produção de ácidos graxos de cadeia curta (principal fonte de energia para o ruminante);
- Substrato para o crescimento de microrganismos, gerando proteína microbiana (excelente fonte de aminoácidos para a produção de proteína do leite);
- Níveis adequados de fibra, com adequado tamanho de partícula são essenciais para garantir a saúde ruminal.
O NRC (2001) separava os carboidratos em insolúveis em detergente neutro (FDN; composta por celulose, hemicelulose e lignina), FDN de forragem, FDA (celulose e lignina) e carboidratos não fibrosos (CNF; compostos por amido, pectina e sacarose).
No entanto, o uso de CNF não é mais recomendado para a formulação de dietas, já que amido, pectina e sacarose possuem diferentes digestibilidades e padrões fermentativos. Sendo assim, o novo NRC (2021) apresenta uma grande evolução. Carboidratos fibrosos continuam caracterizados da mesma forma, mas a entidade nutricional CNF foi substituída por carboidratos solúveis em detergente neutro (NDSC), que são divididos em amido, carboidratos solúveis em água (CSA, sacarose por exemplo) e fibra solúvel em detergente neutro (FSDN, por exemplo pectina).
O conceito de matéria orgânica residual (MOR = matéria seca – cinzas – proteína bruta – FDN – ácidos graxos – amido – CSA – FSDN – ácidos orgânicos – glicerol), que representa compostos que dificilmente são analisados, foi criado. Adicionalmente, o comitê do novo modelo recomenda que a digestibilidade da FDN no trato total (alterável no modelo) seja medida em 48 horas in vitro.
A separação do amido como um nutriente isolado já é praticada há vários anos por nutricionistas, mas a grande quantidade de artigos que relataram o teor de amido da dieta e foram publicados na literatura permitiu que o comitê do NRC (2021) melhorasse diversas equações de predição do modelo (síntese de proteína microbiana, por exemplo).
É importante considerar também a digestibilidade do amido no trato total (alterável pelo usuário no software), uma vez que essa é afetada pelo tipo de grão, vitreosidade, endosperma e processamento. De modo geral, grãos mais farináceos e processados digerem mais, o que leva a uma maior eficiência alimentar dos animais.
- Abertura dos mercados da União Econômica Eurasiática (UEEA) para amêndoas de cacau
- Do clima à guerra, confira os fatores que têm movimentado as commodities
- Chuva intensa atinge amplas regiões; confira a previsão
- Explosão é registrada em secador na MT-430 em Confresa e deixa feridos
- Raio atinge sete vacas e gera prejuízo de R$ 70 mil em SC
A caracterização correta dos carboidratos é essencial para a formulação de dietas, porque cada carboidrato afetará de forma distinta o metabolismo ruminal e pós-absortivo da vaca.
Carboidratos solúveis em água e fibra solúvel em detergente neutro degradam muito rapidamente no rúmen, uma vez que são rapidamente utilizados pelos microrganismos. Por outro lado, a digestibilidade ruminal do amido é extremamente variável (30 a 90%), sendo afetada pelos mesmos fatores que alteram a digestibilidade no trato total mencionados acima. A baixa digestão de amido no rúmen, até um certo nível, pode ser compensada pela digestão de amido no intestino delgado, já que o animal possui enzimas pancreáticas e de mucosa intestinal específicas para a digestão deste carboidrato.
O mesmo não ocorre com os carboidratos fibrosos, que serão aproveitados somente se forem fermentados no rúmen (proteína microbiana também é aproveitada, já que ocorre antes do local de absorção) ou no intestino grosso (proteína microbiana é perdida nas fezes).
Em conclusão, as alterações adotadas pelo NRC (2021) darão suporte para as futuras pesquisas em carboidratos, além de melhorar a capacidade da formulação de dietas para vacas leiteiras em condições de fazenda utilizando o software, uma vez que caracterizam muito melhor os carboidratos e trazem várias equações de predição (que usam o fracionamento de carboidratos) melhoradas.