“O Brasil não pertence aos brasileiros”, por Thiago Pereira

O celeiro do mundo, o Brasil, maior potência para a produção de alimentos não é comandado por quem vive dele, mas sim pelos que compram dele

Quem é o Brasil? Nós somos apenas o maior exportador de carne bovina, temos o maior rebanho comercial do mundo e na produção de grãos representamos o maior concorrente para o primeiro lugar.

Em números temos mais de 200 milhões de cabeças segundo dados do IBGE, atualizados.  A exportação brasileira total de carne bovina – que considera o produto in natura, industrializado, além de cortes salgados e miúdos – alcançou 1,53 milhão de toneladas no acumulado de 2017. Já na produção de grãos, tivemos uma safra estimada recorde de 228,3 milhões de toneladas.

Começar falando do tamanho do potencial produtivo que o Brasil possui é meio clichê, sim e não. Ressaltar as nossas vitórias não significa apenas mostrar números, mas sim mostrar o quanto somos fortes e no que diz respeito a produção de alimentos, nós somos de “Primeiro Mundo”. Somos uma grande embarcação comandada por quem não se preocupa em naufragá-la.

Mas, por que o Brasil ainda se comporta como um “irmão pequeno” frente aos seus concorrentes no mercado externo? Pois bem, vamos tentar entender um pouco sobre isso. Além disso, quero ressaltar que não estamos aqui para culpar, já que a culpa não leva a nada, mas estamos aqui para tentar juntos tomar as rédeas dessa riqueza que “possuímos”.

Culpar não é o sentindo, mas sim buscar soluções para o crescimento

O Brasil é muito vasto, tido como “pulmão do mundo”, detentor do maior reservatório de água potável do mundo e com maior potencial para crescimento de produção de alimentos. Todos esses adjetivos que o país ganhou, infelizmente fez com que a agropecuária – setor responsável por manter o crescimento do país, e com maior representatividade no PIB – tenha sofrido com a grande influência externa nas nossas políticas voltadas para o campo, além de ser responsável pelo não conhecimento que a cidade tem do campo.

Segundo Alberto Pessina, fundador do Agromove, “a pecuária de corte é um dos principais mercados do agronegócio no Brasil. Envolve o abate de mais de 35 milhões de cabeças por ano, além da comercialização de bezerros, garrotes e vacas entre os elos da cadeia. O país também exporta 20% da sua produção de carne, sendo um dos principais players do mercado mundial.  Para se ter uma ideia da importância da comercialização de gado, os bezerros representam 50% do custo de uma fazenda de recria, os garrotes representam 70% dos custos de um confinamento e o boi gordo representa 80% do custo de um frigorífico”.

Fonte: Farmnews

Infelizmente, apesar de termos o maior volume de carne exportada, o Brasil ainda é o terceiro no faturamento. Isso prova, mais uma vez, que o Brasil está líder em exportação de carne barata. Veja o artigo Produção de carne: Focar no mercado interno ou externo?. Falta de comprometimento da cadeia produtiva que é, muitas vezes, influenciada pela falta de política governamental e, principalmente, pelas “barreiras” impostas pelos consumidores externos como uma desculpa para taxar e limitar o nosso crescimento.

Quando vamos para o lado do grande dilema: “O agronegócio é líder em desmatamento“. Quantas vezes ouvimos e lemos isso nos meios urbanos, jornais e, principalmente, dentro do discurso de ativistas e ONG´s estrangeiras. Pois bem, segundo o último levantamento realizado pela Embrapa, o agronegócio preserva 25% do território brasileiro.

O Brasil iniciou a exportação de animais vivos, um mercado com uma rentabilidade excelente e de grande importância para a nossa economia. Entretanto, mais uma vez caiu na graça dos ativistas e ONG´s que se intitulam “defensores dos animais”, e o mercado que estava em crescimento, já apresenta viés de baixa para o que era projetado para o ano.

Os dados que são expostos aqui, refletem, primeiramente, um grande potencial que o Brasil possui dentro do setor agropecuário e isso está posto e claro. O grande gargalo, e que muito me assusta, é que todo esse potencial não pertence aos brasileiros. O Brasil é “comandado” por ONG’s, por seus concorrentes e pelos importadores das suas commodities.

É hora do brasileiro tomar a frente do Brasil e começar a comandar essa potência do agronegócio que nós somos. O setor que gera renda é o setor produtivo!

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