
Produção de carne de frango segue concentrada no Sul, mas gripe aviária acende alerta para exportações
A cadeia produtiva da carne de frango no Brasil tem como principal pilar a Região Sul, responsável por cerca de 60% do total produzido nacionalmente, de acordo com o IBGE. O Paraná lidera o segmento, seguido de perto por Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esses três estados, juntos, respondem por expressivos 78% das exportações brasileiras do produto.
Até o recente registro de gripe aviária em uma granja comercial, o setor vinha experimentando seu melhor início de ano em meia década. Nos primeiros quatro meses, o país embarcou 1,731 milhão de toneladas da proteína, gerando uma receita de US$ 3,13 bilhões — incrementos de 9% tanto em volume quanto em valor na comparação com igual período do ano passado, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Contudo, o cenário positivo pode mudar drasticamente caso ocorra um bloqueio temporário nas exportações. De acordo com Giovani Ferreira, diretor do Canal Rural Sul, caso o Brasil enfrente uma suspensão nas vendas externas por até 60 dias — prazo previsto nos protocolos sanitários de alguns países —, o prejuízo pode alcançar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões.
“A duração da suspensão será determinante. A retomada das exportações está atrelada tanto ao controle efetivo da doença quanto à confiança dos mercados compradores em retomar os embarques”, ressalta Ferreira.
Excedente pode sobrecarregar mercado interno
Se o ritmo de exportações mantiver os patamares registrados em maio e junho deste ano, o país poderá embarcar cerca de 831 mil toneladas de carne de frango em dois meses, o que renderia aproximadamente US$ 1,48 bilhão. No entanto, segundo Ferreira, quase metade desse volume seria destinado a países que já anunciaram o bloqueio das importações. Isso representa um excedente de mais de 400 mil toneladas que teria de ser absorvido internamente.
Atualmente, o brasileiro consome, em média, 35 quilos de carne de frango por ano. Para equilibrar a oferta diante desse excesso, cada pessoa teria de aumentar o consumo em 5 quilos durante os dois meses de embargo — algo improvável, já que essa proteína é, hoje, a mais acessível e popular no país.
Apesar de declarações otimistas feitas pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, Ferreira acredita que os impactos serão inevitáveis. Ele prevê pressão sobre os preços pagos ao produtor e queda nas margens de lucro de frigoríficos, agroindústrias e abatedouros.
Outro gargalo que preocupa o setor é a limitação da capacidade de estocagem em câmaras frias. Segundo o diretor, ainda que não haja um número exato, estima-se que o limite de armazenamento da carne de frango congelada no país não ultrapasse 15 a 20 dias. Isso agrava o risco de colapso logístico, caso a situação se prolongue.
Escrito por Compre Rural
VEJA MAIS:
- Descubra quanto custa abastecer o maior trator da Agrishow 2025
- Qual é, afinal, a diferença entre zootecnia e veterinária?
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.