
Os cavalos de pelagem tordilha geralmente nascem com uma cor mais escura, como preta ou castanha, mas ao longo dos anos se transformam em animais quase totalmente brancos.
O cavalo tordilho é um dos mais admirados do mundo equino. Sua fama vem da incrível transformação de cor ao longo da vida. Potros tordilhos costumam nascer com pelagem escura, na maioria das vezes preta, castanha ou marrom. No entanto, com o passar do tempo, começam a surgir pelos brancos misturados à pelagem original. Esse processo continua ano após ano até que o animal fique quase totalmente branco quando mais velho.
Essa mudança chama atenção porque não é um fenômeno comum no reino animal. Enquanto a maioria das espécies mantém a mesma cor de nascimento até a velhice, o cavalo tordilho passa por uma verdadeira metamorfose, tornando-se praticamente outro animal em termos visuais. Exemplos clássicos são os cavalos Lipizzaner, famosos na Escola Espanhola de Equitação de Viena: nascem escuros e vão clareando até se tornarem brancos por volta dos seis a oito anos.
O mistério do tordilho está na genética. A coloração é determinada por um gene dominante chamado Gray (G). Esse gene não altera a cor de base do cavalo – que pode ser alazã, preta, castanha, entre outras – mas faz com que, progressivamente, os pelos brancos substituam os pelos originais.
Isso acontece porque o gene impede que a melanina, responsável por dar cor aos fios, seja depositada nos pelos. Assim, cada muda traz mais fios claros, até que a pelagem se torne quase completamente branca. Apesar disso, a pele do cavalo continua escura, o que diferencia o tordilho de um animal albino (que, nos cavalos, não existe de forma verdadeira).

A pelagem tordilha não muda de uma vez só. Ela passa por diferentes fases, cada uma com características próprias. Entre as mais conhecidas estão:
- Tordilho Cinza-Ferro (Steel Gray): visto em animais jovens, tem aparência escura com tons azulados.
- Tordilho Salpicado (Dapple Gray): fase intermediária, com manchas brancas redondas sobre fundo escuro.
- Tordilho Rosado (Rose Gray): apresenta reflexos avermelhados, comuns quando o cavalo tem cor base alazã ou castanha.
- Tordilho Mosqueado (Fleabitten Gray): aparece em animais mais velhos, já claros, que desenvolvem pequenas pintas escuras no corpo branco.
- Tordilho Claro (Light Gray): estágio final, quando o animal está praticamente branco.
Essas fases tornam a pelagem tordilha ainda mais especial, já que o mesmo cavalo pode apresentar diferentes visuais ao longo da vida.
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Diversas raças podem apresentar animais dessa cor, como Árabe, Andaluz, Quarto de Milha, Puro-Sangue Inglês, Lipizzaner e Percheron. Em todas elas, o gene Gray se comporta da mesma forma: transformando cavalos escuros em brancos com o tempo.
Cavalos tordilhos, quando ficam muito claros, exigem cuidados extras com a pele, já que a sensibilidade ao sol aumenta. Protetores específicos e atenção às áreas expostas são fundamentais para evitar problemas. Além disso, estudos apontam que cavalos tordilhos têm maior predisposição a desenvolver melanomas cutâneos, geralmente benignos, principalmente em idade avançada.

Outra curiosidade é que um potro só pode nascer tordilho se pelo menos um dos pais também for tordilho. O gene não “pula” gerações. E mais: quando ambos os pais são tordilhos, existe até a possibilidade de o potro nascer sem essa característica, dependendo da combinação genética.
Mais do que uma questão genética, a pelagem tordilha representa um espetáculo da natureza. Acompanhar a transformação de um potro escuro até um imponente cavalo branco é algo que encanta criadores, cavaleiros e admiradores em todo o mundo. Um fenômeno que une ciência, beleza e tradição em um só animal – o fascinante cavalo tordilho.
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