“Sustentabilidade é um ambiente onde 3 esferas se encontram de maneira harmoniosa: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente”.
A sustentabilidade tem sido protagonista de diversas discussões quando o assunto é produção de leite. Cada vez mais os consumidores estão interessados por saber a origem dos produtos que consomem e a contribuição deles para a preservação do meio ambiente. Com os lácteos não é diferente.
Mas, afinal, o que pode ser definido como sustentabilidade na produção de leite?
Durante o primeiro encontro do MilkPoint Experts: Feras da Sustentabilidade, Osvaldo Stella Martins, Co fundador da Iniciativa verde, que trouxe para o Brasil o primeiro selo de compensação de emissões de gases do efeito estufa com restauração de florestas nativas, o Carbon Free, ressaltou que não existe uma única definição formal do que é sustentabilidade. Contudo, trouxe uma das mais famosas e conhecidas como um bom direcionador : “Sustentabilidade é um ambiente onde 3 esferas se encontram de maneira harmoniosa: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente”.
Garantir o desenvolvimento econômico, com inclusão social e preservando o meio ambiente é o objetivo. Porém, colocá-lo em prática é um grande desafio. Mas, por quê? Osvaldo destacou algumas incompatibilidades entre as leis da natureza e as leis do mercado, que acabam conflitando entre si e geram essa dificuldade na execução.
Os ciclos biogeoquímicos são muito importantes pois regem os processos naturais do planeta, sendo eles os ciclos da água, oxigênio, nitrogênio e carbono. O ciclo da água é algo mais próximo da realidade da população no geral, pois é visível.
Em resumo, a água evapora, se condensa em nuvens, precipita em forma de chuva recarregando aquíferos subterrâneos e outros reservatórios de água, como rios e lagos. A água volta a evaporar novamente, recomeçando o ciclo. Portanto, sabendo-se que o planeta é um sistema fechado, a massa de água na Terra é constante.
Ações antropogênicas, ou seja, realizadas pelo ser humano, alteram processos naturais. Um exemplo é a mudança da temperatura média do planeta em decorrência do aquecimento global, que altera a quantidade de água em cada um dos estados presentes no ciclo da água. Com o aumento da temperatura, há um aumento de água na forma de vapor, gerando efeitos climáticos mais intensos, como tempestades e secas. É inegável que todo ciclo biogeoquímico sofre interferência das atividades do homem.
Outro ciclo cujo elemento tem sido cada vez mais abordado é o ciclo do carbono, que sofreu forte interferência das atividades humanas. Antes da Revolução Industrial (segunda metade do século XVIII), este ciclo tinha como elementos as plantas e os animais, com liberação de carbono na respiração e no processo de decomposição após a morte. Com a Revolução Industrial, adicionou-se equipamentos e máquinas, responsáveis por, através do carbono fóssil, produzir trabalho e energia.
Este processo interfere diretamente no ciclo do carbono, pois o que acontece é o bombeamento do carbono do subsolo para a atmosfera em uma escala muito maior do que a natureza é capaz de colocar no subsolo as moléculas de carbono. Houve, portanto, um aumento exponencial de emissão de gases de efeito estufa após a Revolução Industrial.
- Missão do Mapa na Índia garante abertura de mercado amplia acesso de material genético bovino
- Estudo aponta queda de 16% no montante captado pelas agtechs em 2024 até o terceiro semestre
- Mapa discute ampliar parceria para incentivar o empreendedorismo e a inovação na agropecuária
- Justiça manda leiloar Fazenda em Bariri, interior de SP, por R$ 13 milhões
- Gigante da celulose alcança 47 hexatrens Volvo FMX 6×6 e revoluciona operações
A interferência no ciclo do carbono causada pela Revolução Industrial e outras atividades majoritariamente do homem, fizeram com que o efeito estufa se agravasse, elevando a temperatura da Terra e desestabilizando processos biogeoquímicos essenciais à manutenção da vida no planeta.
Os eventos citados anteriormente causaram uma mudança na quantidade de carbono nos reservatórios, ou seja, foi retirado do subsolo e lançado na atmosfera em uma escala muito maior que a capacidade da natureza de retorná-lo ao subsolo.
Apresentado o cenário atual, quais os próximos passos?
Pensando na sustentabilidade como agente principal da transformação dessas questões, é preciso pensar no modelo de produção agropecuária que existe hoje no mundo e entender de que forma podemos desenvolver ainda mais tecnologicamente o setor de forma a abraçar não só a questão da produtividade mas os outros impactos que a agricultura tem no nosso planeta e na vida.
Em um artigo publicado recentemente no MilkPoint, Marcelo Pereira de Carvalho ressaltou a oportunidade de trabalhar de forma sustentável. “Estamos diante de uma grande oportunidade, de fato muitas das práticas envolvidas na redução da pegada ambiental são, na verdade, um ganha-ganha, isto é, são práticas que, ao mesmo tempo que contribuem para a redução da pegada ambiental, tendem a melhorar os resultados econômicos”.
Além disso, durante sua palestra no MilkPoint Experts: Feras da Rentabilidade, Osvaldo comentou muito sobre essa transformação na forma de produzir voltada para o contínuo crescimento da agropecuária e as infinitas possibilidades de caminhar de mão dadas com o meio ambiente.