Onda de mortes de mais de 100 bovinos e caprinos intriga produtores no Piauí

Morte repentina de animais preocupa criadores no Piauí; Secretarias municipais e universidades investigam e, segundo informações, os animais começaram a apresentar sinais de fraqueza, inchaço e mal-estar, evoluindo para a morte após alguns dias.

Morte repentina de animais preocupa criadores no Piauí, e a agropecuária do estado enfrenta um momento de grande apreensão. Pequenos produtores rurais têm denunciado a morte repentina de bovinos, caprinos e ovinos, principalmente em municípios do interior do Nordeste. Em Simões, a cerca de 450 km de Teresina, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural estima que mais de 100 animais morreram nos últimos 30 dias sem que a causa tenha sido identificada.

De acordo com Rosenalvo Coelho, secretário de Desenvolvimento Rural de Simões, os animais começaram a apresentar sinais de fraqueza, inchaço e mal-estar, evoluindo para a morte após alguns dias. “Tem animais morrendo na região faz mais de 30 dias, e os criadores sem saber exatamente do que. Aqui em Simões passa de 100 animais mortos e eu mesmo já perdi bichos”, relatou.

O problema também foi identificado em Curral Novo do Piauí, município vizinho. Segundo a secretária de Agricultura local, Angelucia Macedo, só um criador perdeu 35 ovinos de uma só vez. Outro registrou cinco mortes e quatro animais doentes.

Equipes da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (Adapi) estiveram em propriedades atingidas e confirmaram que acompanham os casos em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Até o momento, entretanto, não há diagnóstico oficial sobre a origem das mortes.

Para muitos produtores, a criação de animais é mais do que uma fonte de renda: é também parte da identidade familiar. A assistente social Sayonara Lima contou que seu pai perdeu um bode de estimação e uma cabra em apenas três dias.

Morte repentina de animais preocupa criadores no Piauí; Secretarias municipais e universidades investigam e, segundo informações, os animais começaram a apresentar sinais de fraqueza, inchaço e mal-estar, evoluindo para a morte após alguns dias.
Morte repentina de animais preocupa criadores no Piauí. Foto Reprodução/Divulgação

A gravidade do problema mobilizou instituições de ensino e pesquisa. O professor Williams Costa, veterinário e diretor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí (UFPI), confirmou que tanto a universidade quanto a Universidade Estadual do Ceará (Uece) estão apurando os casos. Ele mesmo foi vítima das perdas: em sua propriedade no município de Matões (MA), 38 ovelhas morreram com sintomas semelhantes.

Segundo Costa, os sinais observados se assemelham à “manqueira bovina”, doença infecciosa causada por bactéria que pode provocar claudicação, febre e morte súbita em animais. No entanto, a hipótese ainda não foi confirmada.

Embora não haja conclusões oficiais, especialistas apontam que fatores como doenças infecciosas, intoxicação alimentar ou até mudanças climáticas bruscas podem estar relacionados ao surto. O Piauí já convive com desafios climáticos recorrentes, como secas severas, que fragilizam o sistema imunológico dos rebanhos.

Reuniões têm sido realizadas entre criadores, autoridades e técnicos, em busca de soluções rápidas. O engenheiro agrônomo Jorge Almeida reforçou a importância de intensificar a vacinação, melhorar o manejo nutricional e adotar monitoramento constante da saúde do rebanho.

Entre as medidas em discussão estão:

  • Educação em manejo seguro para pecuaristas;
  • Vacinação regular conforme protocolos veterinários;
  • Monitoramento constante dos animais para detecção precoce de doenças;
  • Maior acesso a veterinários para diagnósticos e orientações.

A morte de animais em larga escala representa um grave impacto econômico para a agricultura familiar, que depende desses rebanhos como fonte de renda e subsistência. “As consequências financeiras são devastadoras. Precisamos de apoio, e ações urgentes devem ser tomadas”, alertou a secretária Angelucia Macedo.

Enquanto aguardam respostas das investigações, os criadores vivem a angústia da incerteza e pedem reforço das autoridades para que novas mortes sejam evitadas. A expectativa é de que a parceria entre governo, universidades e órgãos de defesa agropecuária resulte em um diagnóstico rápido e medidas concretas para conter o problema.

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