Onde é o melhor lugar do Brasil para ter uma fazenda?

O ‘melhor lugar’ para ter uma fazenda no Brasil depende do perfil do produtor e do sistema produtivo

O Brasil é reconhecido mundialmente como potência agropecuária. Do café mineiro ao gado de corte do Mato Grosso, passando pela fruticultura irrigada do Nordeste, cada região tem sua vocação. Mas surge a dúvida estratégica de muitos investidores e produtores: afinal, onde é o melhor lugar do Brasil para ter uma fazenda?

A resposta não é única. O país é um mosaico de climas, solos, culturas e oportunidades. O “melhor lugar” depende do objetivo do produtor, do tipo de atividade e do nível de investimento. Ainda assim, algumas regiões despontam como fronteiras agrícolas promissoras e outras se consolidam como centros de alta produtividade.

O que define o “melhor lugar” para investir em terras

Antes de olhar para o mapa, é preciso analisar os critérios que realmente fazem diferença no campo:

  • Custo da terra: novas fronteiras agrícolas oferecem preços mais acessíveis, enquanto regiões consolidadas já apresentam valores elevados, mas com alta segurança produtiva.
  • Relevo e clima: áreas planas favorecem a mecanização e o cultivo de grãos, enquanto regiões irrigadas abrem espaço para frutas de exportação.
  • Economia local e infraestrutura: proximidade a rodovias, portos e ferrovias é essencial para o escoamento.
  • Produtividade e tecnologia: uso de biotecnologia, manejo integrado e ILPF aumentam a eficiência.
  • Valorização futura: terras em expansão tendem a se valorizar, transformando-se em ativo estratégico de longo prazo.

Regiões em destaque no mapa do agro brasileiro

1. Região MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)

O MATOPIBA é considerado a última grande fronteira agrícola do Brasil.

  • Custo da terra: historicamente mais baixo, mas em valorização constante.
  • Relevo e clima: chapadas e planícies que favorecem a mecanização, com clima tropical de estações bem definidas.
  • Produtividade: soja e milho puxam os números, com expansão do algodão.
  • Infraestrutura: em desenvolvimento, com novos investimentos em estradas e ferrovias.
  • Diferencial: incentivo governamental e disponibilidade de áreas para expansão.

2. Oeste da Bahia

Consolidado como polo de alta tecnologia agrícola, o Oeste da Bahia é referência em produtividade.

  • Custo da terra: competitivo frente a outras regiões tradicionais.
  • Produtividade: destaque para soja, milho e algodão com resultados superiores à média nacional.
  • Infraestrutura: proximidade do Porto de Ilhéus facilita a exportação.
  • Economia local: fortemente baseada no agronegócio, com grandes grupos instalados.

3. Norte do Mato Grosso

O gigante do agro brasileiro segue em expansão para o Norte.

  • Produção: líder nacional em soja, milho e algodão, além da pecuária de corte.
  • Custo da terra: em alta, mas ainda atrativo para investidores.
  • Clima: tropical úmido, com chuvas bem distribuídas.
  • Tecnologia: região que mais adota biotecnologia e práticas sustentáveis no país.

4. Sul do Piauí

Com terras ainda acessíveis, é uma das portas de entrada para quem busca expansão.

  • Custo da terra: dos mais baixos entre as novas fronteiras.
  • Relevo e clima: planos, com chuvas adequadas para culturas de ciclo curto.
  • Produtividade: soja e milho em crescimento constante.
  • Apoio: integra o MATOPIBA, beneficiando-se de políticas públicas específicas.

5. Oeste do Maranhão

Mais uma peça estratégica do MATOPIBA.

  • Custo da terra: acessível, com valorização prevista.
  • Infraestrutura: destaque para o Porto de Itaqui, que amplia o potencial exportador.
  • Produção: crescente em grãos, com espaço para diversificação.

Cidades que se destacam no agro

Um estudo da Urban Systems, divulgado pela Exame, avaliou as 100 melhores cidades brasileiras para investir em agropecuária com base em oito indicadores, como produtividade, exportações e geração de empregos.

  • Juazeiro (BA) ficou em primeiro lugar, impulsionada pela fruticultura irrigada no Vale do São Francisco. A cidade registrou crescimento de 56,3% na lavoura permanente e criou 2.583 novos empregos em apenas um ano.
  • Petrolina (PE) vem logo atrás, com forte exportação de uvas (6,5 mil toneladas em 2020) e aumento de 20,2% na lavoura permanente.
  • Brusque (SC) ocupa o terceiro lugar, mostrando que não só regiões de grãos lideram o ranking, mas também áreas com base diversificada e forte economia local.

Curiosamente, o Mato Grosso, maior produtor de soja e carne do Brasil, teve apenas três cidades listadas, como Sinop (14ª posição), reforçando que produção em volume não é o único critério para definir boas oportunidades de investimento.

Oportunidades e desafios para o investidor

Investir em terras agrícolas no Brasil pode ser altamente lucrativo, mas exige análise estratégica:

  • Infraestrutura desigual: regiões em expansão ainda enfrentam gargalos logísticos.
  • Sustentabilidade: pressão crescente por práticas agrícolas responsáveis.
  • Valorização das terras: em áreas como o MATOPIBA, a valorização anual ultrapassa 15% em alguns municípios.
  • Tecnologia e mão de obra: diferencial competitivo que separa produtores de sucesso dos que ficam pelo caminho.

Não existe um único “melhor lugar” para ter uma fazenda no Brasil. O ideal depende do perfil do produtor e do sistema produtivo. Enquanto o MATOPIBA e o Oeste da Bahia oferecem oportunidades de expansão e valorização, regiões como o Mato Grosso e o Sul continuam sendo referências em escala e tecnologia. Já polos como o Vale do São Francisco mostram que a fruticultura irrigada pode ser tão estratégica quanto a produção de grãos.

No fim das contas, o que garante sucesso é o planejamento estratégico, alinhando solo, clima, logística e mercado.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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