Enquanto OMM projeta 2025 entre os anos mais quentes da história, especialista alerta para o impacto dos combustíveis fósseis na criação de uma ‘atmosfera caótica’. Dados indicam que 2026 perderá o ‘freio’ do La Niña, elevando o risco de novos extremos
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), vinculada à ONU, emitiu um novo alerta indicando que 2025 poderá figurar como o segundo ou terceiro ano mais quente da história. Apesar de oscilações discretas nas médias globais, a persistência de recordes mensais de temperatura reforça as projeções científicas sobre o aquecimento contínuo do planeta.
Conforme explicado pelo meteorologista Arthur Müller ao Canal Rural, a escalada é alimentada diretamente pela queima de combustíveis fósseis. Ao traçar uma linha do tempo das emissões, o especialista observa que o crescimento se tornou exponencial especialmente após as décadas de 1930 e 1960, período marcado pela explosão da indústria automobilística e pelo uso intensivo de energia não renovável.
Müller destaca que o cenário atual valida previsões feitas há mais de um século. Ainda no século XIX, o Nobel de Química Svante Arrhenius já alertava que dobrar a concentração de CO₂ na atmosfera causaria um aumento de cerca de 5°C na temperatura global. Infelizmente, a diplomacia não acompanhou a ciência: mesmo com tratados como a Eco-92, o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris, as emissões continuam subindo. “Muito pouco foi feito. O agro contribui, mas o cerne da questão está na queima de combustíveis fósseis”, reforçou o meteorologista ao veículo.
Atmosfera caótica e extremos climáticos
Os dados indicam que o mundo já ultrapassou o marco crítico de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e caminha para um aquecimento de 3,5°C. Segundo a análise de Müller, essa energia térmica extra torna a atmosfera “caótica”. Para tentar dissipar esse calor e buscar equilíbrio, o sistema climático responde gerando eventos extremos com maior frequência e violência, incluindo tempestades severas, secas prolongadas e chuvas irregulares.
2026: Um ano de transição, mas sem alívio
Se as previsões para 2025 já preocupam, o cenário para 2026 indica que o planeta entrará em uma fase de “transição perigosa”. Dados recentes da NOAA (agência climática dos EUA) apontam que o fenômeno La Niña — que tende a resfriar levemente o globo — deve perder força logo no primeiro trimestre de 2026, dando lugar a uma fase de “neutralidade climática”.
Isso significa que o planeta ficará sem esse “freio natural”, deixando a temperatura global à mercê do aquecimento causado pelo homem. Um relatório atualizado da OMM estima que há 86% de chance de, até 2026, termos pelo menos um ano que quebre o recorde histórico de temperatura novamente.
Para o Brasil, modelos climáticos sugerem que essa transição para a neutralidade em 2026 pode alterar novamente o regime de chuvas. Sem a influência clara do La Niña, o país pode enfrentar um padrão de precipitações mais errático e menos previsível.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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