Ovo de dinossauro carnívoro de 70 milhões de anos é encontrado e pode ter embrião preservado

Descoberta inédita de ovo de dinossauro feita por paleontólogos argentinos durante transmissão ao vivo pode revelar detalhes sobre a reprodução e evolução dos dinossauros carnívoros, ancestrais diretos das aves modernas.

Um dos achados mais impressionantes da paleontologia nos últimos anos acaba de ser anunciado por cientistas na Argentina: um ovo de dinossauro carnívoro fossilizado, com cerca de 70 milhões de anos, foi descoberto praticamente intacto na província de Río Negro, na Patagônia. A relíquia, que estava enterrada em uma região rica em fósseis, foi localizada por acaso durante a chamada “Expedição Cretácea I”, transmitida ao vivo pelo YouTube e redes sociais, viralizando entre entusiastas e especialistas.

O pesquisador Federico Agnolín, líder da equipe de paleontologia, tropeçou literalmente no ovo enquanto escavava o solo. O objeto, do tamanho aproximado de uma bola de futebol americano, chamou atenção por estar quase completo, com a casca em estado descrito como “parecendo cozida” e “recém-depositada”.

Inicialmente confundido com um ovo de ema, o fóssil revelou-se parte de um possível ninho de dinossauros carnívoros — foram encontrados outros ovos quebrados, dentes de mamíferos e vértebras de serpentes na região, o que pode indicar a presença de um berçário de predadores da era mesozoica.

Pertence a um dinossauro raro e ancestral das aves

De acordo com os especialistas, o ovo possivelmente pertenceu ao Bonapartenykus ultimus, um pequeno dinossauro terópode que viveu pouco antes da extinção em massa ocorrida há 66 milhões de anos. Este grupo de dinossauros é ancestral direto das aves modernas, e por isso seus ovos apresentavam cascas mais finas e frágeis, dificultando a fossilização e tornando esta descoberta ainda mais rara.

“Há menos carnívoros do que herbívoros, e seus ovos são mais parecidos com os de aves — mais delicados e propensos à destruição. É por isso que essa descoberta é tão espetacular”, explicou o paleontólogo Gonzalo Muñoz, do Museu Argentino de Ciências Naturais, à National Geographic.

Tecnologia de ponta para revelar os segredos do fóssil de ovo de dinossauro

Após a remoção cuidadosa, o fóssil foi revestido com gesso e transportado de avião até Buenos Aires, onde será submetido a microtomografias e escaneamentos 3D de alta precisão. O objetivo é verificar a existência de material embrionário preservado — algo extremamente raro na paleontologia e que poderia abrir novas janelas para o entendimento da biologia dos dinossauros.

Apesar da empolgação, os cientistas mantêm a cautela:

“Um embrião é um organismo muito delicado. Embora o ovo tenha se preservado inteiro, não sabemos se havia um embrião ou se era um ovo não fertilizado”, ponderou Muñoz.

Ovo de dinossauro na Patagônia, um berço de gigantes e revelações

A região de Río Negro, na Patagônia, é considerada um verdadeiro santuário de fósseis. Lá já foram encontrados gigantes como o Argentinosaurus (um dos maiores dinossauros herbívoros já registrados) e o Giganotosaurus, um temido carnívoro. A recente escavação também revelou restos de hadrossauros, pequenos saurópodes, folhas, cones e até sementes fossilizadas, permitindo reconstruções mais precisas do ecossistema do final do Cretáceo.

“Essa abundância nos permite descrever uma biota inteira e compreender como era a vida no fim da era dos dinossauros. A Patagônia é uma janela excepcional para esse período”, destacou Muñoz.

Uma nova era de conhecimento

Se confirmado, o embrião fossilizado poderá esclarecer detalhes fundamentais sobre a reprodução dos terópodes, sua embriogênese, estrutura interna dos ovos e evolução em direção às aves. Além disso, a análise pode revelar linhagens ainda desconhecidas e ajudar a mapear como as espécies reagiram à extinção em massa provocada pelo impacto de um asteroide na Península de Yucatán.

O fóssil será encaminhado, após os estudos, para o Museu da Patagônia, onde ficará em exposição permanente, já reconhecido por especialistas como o ovo de dinossauro carnívoro mais bem preservado da América do Sul.

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