
Lenda das Rédeas: Duque do Caajara, o garanhão que levou o Cavalo Crioulo ao topo, morre aos 25 anos; Símbolo da raça e primeiro Crioulo a integrar o Hall da Fama da ANCR, o lendário reprodutor deixa um legado eterno para o cavalo crioulo e para o povo gaúcho
A quinta-feira, marcada pelo tradicional Throwback Thursday — ou simplesmente “TBT” —, ganhou um tom de profunda saudade no universo crioulista. O dia 23 de outubro ficará lembrado como a data em que o excepcional reprodutor Duque do Caajara, um dos nomes mais importantes da história das rédeas e símbolo da raça Crioula, partiu aos 25 anos de idade.
Figura lendária, Duque foi mais que um cavalo: foi um divisor de águas na trajetória do Cavalo Crioulo nas pistas nacionais e internacionais. Multi premiado e reconhecido mundialmente, o baio rosilho conquistou admiradores pelo talento, temperamento e por seu legado genético incomparável.

O “Pai das Rédeas”
É impossível falar sobre a modalidade de rédeas no Brasil sem mencionar o nome Duque do Caajara. O cavalo marcou época ao se tornar o primeiro exemplar da raça Crioula a competir no Potro do Futuro, em Oklahoma City (EUA) — um feito histórico que abriu portas e mostrou ao mundo o potencial da raça brasileira.
Seus descendentes continuam confirmando a força do seu sangue competitivo. Por isso, Duque alcançou um patamar inédito, sendo reconhecido entre os principais reprodutores da modalidade. No ranking da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), figurava entre os mais influentes “Pais das Rédeas”.
Em 2022, foi homenageado pela Associação Nacional de Cavalo de Rédeas (ANCR), em Avaré (SP), ao entrar para o Hall da Fama, tornando-se o primeiro Cavalo Crioulo a conquistar esse espaço — até então, reservado apenas a exemplares da raça Quarto de Milha. Um marco histórico que eternizou seu nome entre os maiores.
Hall da Fama: marco histórico para o Cavalo Crioulo
A consagração de Duque do Caajara no Hall da Fama da ANCR ocorreu em 10 de novembro de 2022, durante o tradicional evento Super Stakes, em Avaré, São Paulo. O prêmio é concedido pela Associação Nacional do Cavalo de Rédeas (ANCR) a personalidades, criadores e animais que deixaram um legado na história da modalidade, tanto no Brasil quanto no exterior.
Até a inclusão de Duque, o Hall da Fama contava exclusivamente com exemplares da raça Quarto de Milha. Sua entrada rompeu barreiras e consolidou o Cavalo Crioulo em um espaço antes dominado por outra linhagem. A homenagem foi recebida em nome da Cabanha 38 Agropecuária Ltda, representada pelos cavaleiros Gilson Vendrame e Antônio Corrêa, figuras que acompanharam o garanhão ao longo de sua trajetória esportiva.
Além do reconhecimento simbólico, Duque ocupava posição de destaque no ranking de reprodutores da ANCR, figurando entre os 13 maiores garanhões em atividade no país. Sua genética continua presente nas pistas, com quase 100 descendentes competindo e pontuando em provas de rédeas, tanto em arenas brasileiras quanto internacionais.
A conquista no Hall da Fama, portanto, não foi apenas um título — foi o reconhecimento do impacto técnico, genético e cultural de um cavalo que desafiou paradigmas e levou o Cavalo Crioulo a outro patamar. Como destacam criadores e treinadores, Duque simbolizou a força, inteligência e versatilidade que definem a raça e inspiram novas gerações de competidores.
Um legado que atravessa gerações
Nascido em Guaratinguetá (SP), no Haras Caajara, de André de Pieri Spina, Duque do Caajara pertencia à Cabanha 38 Agropecuária Ltda, de Capão da Canoa (RS), sob a criação de João Carlos Brasil Feijó. A cabanha não divulgou as causas da morte.
Mais do que conquistas em pista, Duque representou o orgulho do povo gaúcho, que vê no Cavalo Crioulo um verdadeiro símbolo cultural e histórico. A raça, originária dos pampas e profundamente ligada às tradições do Rio Grande do Sul, tem em animais como Duque a expressão máxima de força, resistência e talento — características que espelham a alma campeira e o espírito do gaúcho.
Patrimônio do Cavalo Crioulo
A partida de Duque do Caajara deixa um vazio irreparável, mas seu legado permanece vivo em cada descendente, em cada prêmio conquistado e na memória de todos que vibraram com suas apresentações.
Mais do que um reprodutor, ele foi um embaixador do Cavalo Crioulo, mostrando ao mundo que o Brasil — e especialmente o Rio Grande do Sul — possui uma das raças mais completas, versáteis e apaixonantes do planeta.
A história de Duque do Caajara é, sem dúvida, a história de um ícone que elevou o nome da raça crioula e eternizou seu papel como o verdadeiro “Pai das Rédeas”.
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