Pânico é real ou manipulado? A verdade que não te contam sobre a Gripe Aviária no Brasil

Apesar da crise sanitária, frigoríficos batem recordes de exportação e lucros atingem máximas históricas; Vamos entender os dados e fatos para te conta a verdade sobre a gripe aviária no Brasil

O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, registrou seu primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial, localizada em Montenegro, no Rio Grande do Sul – outros seis estados já estão sob investigação, segundo apontou o Ministério da Agricultura. A repercussão foi imediata: países como China, União Europeia e Argentina suspenderam as importações, e o temor de um prejuízo bilionário tomou conta do setor. Na contramão do pânico gerado pela notícia, os dados econômicos mostram uma narrativa oposta.

Vamos por partes. Como resposta imediata, autoridades sanitárias adotaram medidas drásticas: extermínio das aves na propriedade afetada e suspensão temporária das vendas a alguns mercados externos. A decisão visa conter a disseminação do vírus e manter a imagem sanitária do país — líder mundial nas exportações de carne de frango.

Segundo um levantamento preliminar da consultoria Safras & Mercado, o episódio pode reduzir entre 15% e 20% das exportações mensais de carne de frango. Em resposta, as autoridades adotaram medidas drásticas: extermínio de todas as aves da granja infectada e suspensão temporária das exportações para alguns mercados.

Um impacto que vai além da sanidade animal

Até março deste ano, o Brasil já havia exportado 1,349 milhão de toneladas de carne de frango, tendo China, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita como principais compradores. A confirmação da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) em granja comercial — e não apenas em aves silvestres — acendeu um alerta global.

O analista Fernando Iglesias, da própria Safras & Mercado, destaca que o Rio Grande do Sul será duramente afetado pela gripe aviária: cerca de 40 mil toneladas mensais eram enviadas à China só a partir do estado. E o impacto pode se estender, levando à queda no preço da carne de frango e ovos no mercado interno, como prevê o economista André Braz, da FGV. Segundo ele, o excedente de produto pode pressionar temporariamente os preços, embora essa tendência não deva durar por muito tempo.

Crise da gripe aviária ou narrativa cíclica?

Enquanto o pânico tomava conta das manchetes, alguns especialistas decidiram olhar além da superfície. O analista de mercado João Sebba foi direto: “Isso acontece todos os anos e o efeito manada é sempre o mesmo”. Para ele, o mais curioso é que “as exportações estão batendo recordes e o faturamento das indústrias exportadoras está nas máximas históricas”.

Sebba compartilhou números da COMEX que reforçam sua fala:

  • Em 2024, a receita mensal total das exportações de grandes frigoríficos somou R$ 18,92 bilhões.
  • Em 2025, o valor saltou para R$ 26,74 bilhões — um aumento de 41,31%, o equivalente a quase R$ 8 bilhões a mais em um ano.

“Isso acontece todos os anos. E o resultado desse efeito manada é sempre o mesmo!”

Para Sebba, a crise é cíclica, mas a narrativa do medo acaba favorecendo grupos que se beneficiam com a instabilidade temporária.

A verdade é que as exportações estão batendo recordes e o faturamento das indústrias exportadoras está nas máximas históricas”, afirmou.

Quem realmente ganha com o pânico?

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirmou que os embargos podem ser revertidos em até 60 dias, e que a regionalização das restrições sanitárias é uma alternativa viável. Já Alcides Torres, da Scot Consultoria, acredita que os impactos devem ser amenos, dado o perfil da cadeia produtiva do frango e seu ciclo curto de produção.

Mas, em meio aos embargos, extermínios, recuos de mercado e manchetes alarmistas, os dados frios expõem um contraste inquietante: lucros recordes, frigoríficos em alta e exportações que seguem a todo vapor.

O que há por trás do alarde?

O crescimento exponencial no faturamento das indústrias, mesmo em meio ao pânico sanitário, levanta questionamentos sobre os reais efeitos da gripe aviária para o setor. Se as exportações seguem firmes e os lucros dispararam, quem se beneficia com a propagação do medo?

O episódio também reacende um debate silencioso dentro do agronegócio: até que ponto surtos sanitários são usados como ferramentas de controle de mercado ou barganha comercial internacional? E mais: as medidas adotadas atendem à proteção da cadeia produtiva ou interessam a outros grupos?

A realidade por trás da gripe aviária pode não estar nos holofotes, mas os números falam por si.
Enquanto produtores enfrentam prejuízos e mercados se fecham, grandes grupos seguem lucrando como nunca.

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