
Envio de 108 toneladas para a China, a primeira exportação de carne bovina com rastreabilidade individual, marca avanço da pecuária paraense e consolida o Estado como referência nacional em controle e qualidade da produção de carne bovina
O Pará, dono do segundo maior rebanho bovino do Brasil, com cerca de 26 milhões de cabeças, deu um passo histórico rumo à consolidação de uma pecuária mais sustentável e rastreável. O Estado realizou sua primeira exportação de carne bovina com rastreabilidade individual, por meio do Sistema de Rastreabilidade Bovina Individual do Pará (SRBIPA) — um marco que reforça o compromisso com a qualidade, a transparência e a responsabilidade socioambiental na produção de carne.
A remessa pioneira, composta por 108 toneladas de carne bovina, partiu do município de Xinguara, conhecido como a “capital do boi gordo”, com destino à China — um dos mercados mais exigentes do mundo em termos de sanidade e rastreabilidade animal. O lote incluía mais de 350 bovinos machos da raça Nelore, com idades entre 13 e 24 meses, transportados em 22 caminhões até um frigorífico com Serviço de Inspeção Federal (SIF), localizado em Água Azul do Norte, onde a carne foi processada e certificada.
Rastreabilidade e sustentabilidade em foco
Desde o nascimento, cada animal foi identificado com dois brincos — um amarelo de leitura visual e outro azul eletrônico, com tecnologia de radiofrequência (RFID) que permite o monitoramento completo de cada bovino. Durante o ciclo de engorda, os animais foram alimentados com silagem, capim e ração balanceada, em um sistema de pasto rotacionado intensivo, que reduz impactos ambientais e melhora o aproveitamento das pastagens.
Esse processo garante rastreabilidade total — do nascimento ao abate — e comprova as boas práticas adotadas na propriedade, reforçando a segurança alimentar e a sustentabilidade da carne paraense. O lote exportado registrou ganho médio de 592 quilos por animal, somando 7.212,48 arrobas.
“O sistema de rastreabilidade é pioneiro no Brasil e qualifica a carne paraense para mercados internacionais, oferecendo garantias sanitárias de produção e de origem do produto”, destacou Jamir Macedo, diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará).

Tecnologia e valorização da carne bovina paraense
O SRBIPA integra o Programa Pecuária Sustentável do Pará, executado pelo Governo do Estado por meio da Adepará, e representa um salto tecnológico na gestão do rebanho. A plataforma permite acompanhar, em tempo real, a vida produtiva dos animais — desde o nascimento até o frigorífico —, consolidando uma base de dados estratégica para aumentar a produtividade, reduzir riscos sanitários e atender exigências internacionais.
Para o zootecnista Adriano Silva, gestor de propriedade rural, a tecnologia é um divisor de águas.
“Com o número de identificação de cada animal, é possível acompanhar o ganho de peso individualmente, tornando a gestão mais precisa. Isso impacta diretamente na qualidade do produto final e abre portas para novos mercados”, afirma.
Próximos passos: rastreabilidade obrigatória em todo o Estado
A partir de janeiro de 2026, todas as movimentações de bovinos e bubalinos no Pará deverão ser acompanhadas da Guia de Trânsito Animal (GTA) com registro no SRBIPA. Já em janeiro de 2027, o sistema se tornará obrigatório para todo o rebanho estadual.
Os brincos de identificação serão fornecidos gratuitamente pelo Governo do Estado a produtores com até 100 animais, mediante cadastro junto à Adepará nos municípios.
Com a iniciativa, o Pará se antecipa às novas exigências do mercado internacional e se posiciona como referência nacional em pecuária sustentável e rastreável, garantindo ao consumidor — nacional e estrangeiro — transparência, qualidade e origem comprovada da carne produzida no Estado.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.