
A irrigação é a grande aliada do produtor rural para aumentar a produtividade e garantir a estabilidade da produção, independentemente das oscilações das chuvas
A água é o bem mais precioso para a agricultura e a pecuária, essencial para o crescimento saudável das plantas e o bem-estar dos animais. No Brasil, cerca de 7 milhões de hectares já são irrigados, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). A irrigação é a grande aliada do produtor rural para aumentar a produtividade e garantir a estabilidade da produção, independentemente das oscilações das chuvas. Mas o potencial para expansão é enorme: estima-se que até 76 milhões de hectares cultiváveis poderiam ser irrigados.
Apesar dos benefícios, a irrigação precisa ser feita com cuidado. O desperdício compromete a sustentabilidade econômica e ambiental do negócio. Para se ter uma ideia, em 100 hectares, cada milímetro de água aplicado além do necessário representa 1 milhão de litros desperdiçados, suficiente para abastecer 15 pessoas na cidade de São Paulo durante um ano, segundo o Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA).
Neste artigo do Compre Rural, apresentamos um passo a passo para que você, produtor rural, possa otimizar o uso da água, reduzir o consumo e aumentar a eficiência no campo, garantindo mais lucro e sustentabilidade.
1. Conheça seu sistema de irrigação
Antes de fazer qualquer mudança, é fundamental mapear o sistema que você já utiliza. No Brasil, existem métodos como aspersão, gotejamento e pivô central, cada um com suas características e níveis de eficiência. Avalie também o tipo de solo, relevo e fontes de água disponíveis.
Meça o consumo atual e identifique possíveis vazamentos ou perdas por evaporação. Ferramentas tecnológicas, como sensores de umidade, drones para mapeamento e softwares específicos, podem ajudar a obter dados precisos para decisões acertadas.
2. Escolha o método certo para sua cultura e região
Cada cultura e região demanda uma irrigação específica. No sertão nordestino, por exemplo, onde a seca é constante, o gotejamento se destaca por levar água direto à raiz, reduzindo perdas e podendo aumentar a produtividade em até 200% quando combinado com fertirrigação.
Para culturas maiores, o pivô central pode ser eficiente, desde que bem dimensionado para evitar excessos. Leve em conta fatores climáticos, tipo de solo e estágio das plantas, apostando na irrigação sob demanda, com monitoramento contínuo da umidade do solo e da evapotranspiração.
3. Planeje e instale sistemas eficientes
O sucesso começa no planejamento: defina corretamente volume e pressão da água, posicione os equipamentos estrategicamente e, quando possível, automatize para controle remoto. Invista em materiais de qualidade e facilite a manutenção, evitando falhas e desperdícios.
Capacite sua equipe para operar e monitorar o sistema. Verificações diárias, como checar tubulações, podem evitar perdas que, em escala, chegam a milhões de litros.

4. Use tecnologia para monitorar e controlar a irrigação
Tecnologias inteligentes são o futuro. Sensores de umidade, estações meteorológicas e aplicativos permitem ajustar a irrigação em tempo real. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) oferece, por exemplo, um app que calcula a evapotranspiração diária, auxiliando a aplicar o volume exato de água.
Irrigar entre 21h e 6h reduz custos com energia (até 30% mais barata) e minimiza perdas por evaporação, aproveitando temperaturas e ventos mais baixos.
5. Pratique o manejo integrado para conservar água
Combine a irrigação eficiente com práticas agrícolas que preservam a água no solo. Curvas de nível controlam o escoamento, enquanto o aumento da matéria orgânica melhora a retenção hídrica e regula a temperatura do solo.
Preserve as matas ciliares nas margens dos rios, elas mantêm a qualidade da água, abastecem os mananciais e promovem a infiltração, além de proteger a fauna local.
6. Colha os benefícios econômicos e ambientais
Irrigar com eficiência reduz o consumo de água e o custo da energia elétrica, especialmente evitando horários de pico. Além disso, aumenta a produtividade e a qualidade da produção, reforçando a sustentabilidade do negócio.
Estudos indicam que a irrigação por gotejamento pode cortar os custos com água em até 50%, com ganhos de produtividade que chegam a 200% quando associada à fertirrigação. O retorno financeiro é rápido e traz reconhecimento no mercado por práticas sustentáveis.
A irrigação é indispensável para o crescimento do agro brasileiro, mas precisa ser feita com inteligência e responsabilidade. Com diagnóstico preciso, escolha adequada, planejamento técnico e uso de tecnologias, o produtor pode economizar água, reduzir custos e aumentar sua produtividade, tudo isso enquanto contribui para um campo mais sustentável.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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