
Entenda como reduzir custos e aumentar a produtividade com irrigação eficiente. Para isso, criamos um passo a passo para montar um sistema de irrigação econômico
O sucesso da produção agrícola depende, em grande parte, da gestão eficiente da água. Sistemas de irrigação bem dimensionados permitem atender à demanda hídrica das culturas, reduzir perdas por evaporação e percolação profunda, e otimizar o uso de energia. Para pequenas e médias propriedades, a escolha do sistema adequado, gotejamento, aspersão ou pivô compacto, deve considerar topografia, vazão disponível, qualidade da água, evapotranspiração da cultura (ETc) e custo-benefício.
Este guia apresenta um passo a passo técnico, prático e acessível para quem busca eficiência no uso da água e redução dos custos de produção.
Diagnóstico inicial
Antes de investir, é preciso conhecer a realidade da propriedade:
- Área e topografia: quantos hectares serão irrigados e qual a inclinação do terreno.
- Fonte de água: poço, rio, açude ou represa. A vazão disponível (m³/h) precisa atender a demanda da cultura.
- Qualidade da água: presença de areia, argila ou sais pode exigir filtragem.
- Energia: verificar disponibilidade de energia elétrica, diesel ou possibilidade de solar.
- Clima e solo: textura do solo (argiloso ou arenoso), capacidade de retenção de água e evapotranspiração local.
Tipos de irrigação mais viáveis para pequenas e médias propriedades
- Gotejamento: eficiência de 90–95%, indicado para hortaliças, frutíferas e culturas em linhas. Reduz perdas por evaporação e aplica água diretamente na raiz.
- Aspersão convencional: eficiência de 70–80%, flexível para grãos, pastagens e áreas menores. Pode ser manual (menor custo inicial) ou automatizado.
- Pivô central de menor porte: opção para áreas médias, com automação simples e bom custo-benefício.

Como calcular a necessidade hídrica da lavoura
A fórmula é simples:
Necessidade Hídrica (mm) = ETc – precipitação efetiva
- ETc (Evapotranspiração da cultura): depende da espécie, fase de desenvolvimento e clima.
- Precipitação efetiva: parte da chuva que realmente infiltra no solo e está disponível para a planta.
Exemplo prático:
- Milho em ciclo completo precisa entre 500 e 800 mm (5.000 a 8.000 m³/ha).
- Se a chuva útil na região fornecer 300 mm, a irrigação precisa suprir os 200–500 mm restantes.
Dimensionamento hidráulico
Com a necessidade hídrica definida, o próximo passo é calcular:
- Vazão necessária (m³/h): área (ha) × lâmina de irrigação (mm) ÷ horas de irrigação.
- Pressão de trabalho (mca ou kPa): depende dos emissores escolhidos e da topografia.
- Bomba: deve atender vazão e pressão, com margem de segurança de 10–15%.
Exemplo: irrigar 5 ha de hortaliças com lâmina de 5 mm/dia exige cerca de 250 m³/dia. Se a irrigação for feita em 10 horas, a bomba precisa fornecer 25 m³/h.
Projeto de adução e rede secundária
- Tubulações principais e secundárias devem ser dimensionadas para minimizar perdas de carga.
- Materiais comuns: PVC e PEAD.
- Boas práticas: evitar trechos muito longos, usar registros setoriais e proteger tubos expostos ao sol.
Filtragem e tratamento da água
Fundamental para evitar entupimentos:
- Filtros de tela ou disco: para águas limpas.
- Filtros de areia: quando a fonte tem matéria orgânica ou partículas em suspensão.
- Manutenção: limpeza periódica e retrolavagem.
Sistemas de aplicação e emissores
- Gotejadores: vazão entre 1 e 2 L/h, pressão de 1 bar.
- Aspersores: variam de 0,5 a 2 m³/h, com alcance de 10 a 20 m.
- Pivô: emissores espaçados, cobertura uniforme e automatizada.
Uniformidade é o segredo da economia: quanto mais regular a aplicação, menor o desperdício.
Orientações básicas para instalação e manutenção
- Faça o nivelamento do terreno onde será instalado o sistema.
- Teste a pressão e a vazão em diferentes pontos da rede.
- Treine a equipe para identificar vazamentos e emissores entupidos.
- Elabore um plano de manutenção preventiva: limpeza de filtros, inspeção visual semanal e substituição de peças gastas.
CAPEX, OPEX e payback
- Gotejamento: CAPEX de R$ 8.000–20.000/ha; OPEX médio de R$ 1.500/ha/ano; payback entre 3 e 4 anos.
- Aspersão: CAPEX de R$ 6.000–8.000/ha; OPEX maior que o gotejo; payback entre 2 e 3 anos.
- Pivô menor: CAPEX mais elevado, mas diluído em maior área; payback em 4–5 anos.
Irrigar não é apenas aplicar água: é aplicar eficiência, economia e estabilidade na produção. Um sistema bem dimensionado paga-se rapidamente e garante colheitas seguras mesmo em anos de seca.
Quer saber qual o sistema mais econômico para a sua lavoura? Faça um diagnóstico da sua área e simule o payback do seu projeto. O próximo passo para aumentar a produtividade e reduzir custos começa hoje.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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