
A produção de silagem exige planejamento, técnica e cuidado em cada etapa, quando bem executado, esse processo transforma-se em um dos pilares da nutrição animal, com impacto direto na saúde, produtividade e rentabilidade do sistema pecuário
A silagem é uma das formas mais eficientes de conservar forragens para alimentação de bovinos, especialmente em épocas de escassez de pasto, como durante o inverno ou em períodos de estiagem prolongada. Produzida a partir da fermentação controlada de plantas forrageiras, essa técnica permite manter o valor nutricional dos alimentos por longos períodos, garantindo oferta contínua e de qualidade ao rebanho.
Mas para garantir bons resultados, o processo de ensilagem deve ser feito com rigor técnico e atenção aos detalhes. A seguir, apresentamos um passo a passo completo para a produção de silagem bovina, desde a escolha da forragem até a retirada do alimento do silo.
1. Escolha da forrageira ideal
A primeira etapa da produção de silagem é escolher a planta forrageira mais adequada. Os critérios principais são: alta produtividade por hectare, bom teor de matéria seca, valor nutritivo elevado e facilidade de cultivo.
As mais utilizadas no Brasil:
- Milho (Zea mays): excelente digestibilidade e alto valor energético.
- Sorgo (Sorghum bicolor): mais resistente à seca, bom custo-benefício.
- Capim-elefante (Pennisetum purpureum): alto volume de massa verde.
- Cana-de-açúcar: utilizada em sistemas específicos, geralmente com aditivos.
Dica: o milho é a cultura mais usada devido ao equilíbrio entre energia e fibra, essencial para dietas de gado leiteiro e de corte.
2. Momento certo da colheita
A fase de corte da planta interfere diretamente na qualidade da silagem. O ideal é colher quando a planta apresenta teor de matéria seca entre 30% e 35% — isso favorece a fermentação e reduz perdas por lixiviação ou deterioração.
Indicação por cultura:
- Milho: colheita no ponto de grão pastoso a farináceo.
- Sorgo: entre o início e o meio da formação do grão.
- Capins: quando atingem 1,5 a 2 metros de altura ou antes da floração.
3. Picagem do material
Após a colheita, a forragem deve ser triturada em pedaços de 1 a 3 cm. O tamanho adequado facilita a compactação, reduz perdas e melhora a ingestão pelos animais.
Equipamentos recomendados: ensiladeiras com regulagem de tamanho de corte e boa afiação das facas.
4. Transporte e enchimento do silo
A forragem picada deve ser transportada rapidamente até o silo para evitar fermentação indesejada ao ar livre. O enchimento deve ser contínuo, sem interrupções, para manter a homogeneidade e evitar entrada de oxigênio.
Importante: quanto mais rápido for esse processo, maior será a preservação dos nutrientes.

5. Compactação da forragem
Essa etapa é crucial. A compactação retira o ar entre as partículas, criando um ambiente anaeróbico essencial para a fermentação lática.
Métodos:
- Tratores com peso adequado trafegando sobre o material.
- Em silos menores, uso de pisoteio humano (pouco recomendado em larga escala).
Uma compactação malfeita resulta em silagem mofada, com alta produção de fungos e micotoxinas.
6. Vedação eficiente
Após o enchimento e compactação, o silo deve ser imediatamente vedado com lona plástica de alta resistência (mínimo 150 micras). A vedação impede a entrada de oxigênio e protege contra água da chuva, roedores e pássaros.
Dicas:
- Use duas lonas sobrepostas para maior segurança.
- Coloque sacos de terra ou pneus para manter o plástico firme.
7. Tempo de fermentação
A silagem precisa permanecer fechada por pelo menos 30 a 40 dias antes de ser aberta. Esse é o tempo necessário para que a fermentação se estabilize e o pH se reduza a níveis ideais (entre 3,8 e 4,2).
8. Abertura e manejo do silo
Após a fermentação, o silo deve ser aberto aos poucos e sempre pelo lado oposto ao vento, para evitar a entrada de oxigênio nas camadas internas.
Boas práticas:
- Retire o material em camadas finas (5-10 cm/dia).
- Mantenha a frente do silo limpa e bem cortada.
- Nunca reabra partes já utilizadas.
9. Armazenamento e fornecimento aos animais
A silagem retirada deve ser imediatamente fornecida aos bovinos, sem deixar sobras no cocho, para evitar aquecimento e perda de qualidade.
Quantidade por animal:
- Bovinos de corte: 25 a 35 kg/dia.
- Vacas leiteiras: 30 a 45 kg/dia, dependendo da produção e do peso.
Consulte um zootecnista ou nutricionista animal para ajustar a dieta conforme o tipo de rebanho e os objetivos produtivos.
Cuidados e erros a evitar
- Excesso de umidade (<28% MS): causa fermentações indesejáveis e perda de nutrientes.
- Matéria muito seca (>40% MS): dificulta a compactação.
- Vedação malfeita: gera entrada de ar e contaminações por fungos.
- Abertura prematura: silagem mal fermentada e com baixa digestibilidade.
Benefícios da silagem bem feita
Benefício | Impacto |
---|---|
Redução da dependência de pasto | Alta |
Aumento da produtividade animal | Alta |
Melhor controle da dieta | Média |
Redução de custos na entressafra | Alta |
Conservação de nutrientes por meses | Alta |
Considerações finais
A produção de silagem exige planejamento, técnica e cuidado em cada etapa. Quando bem executado, esse processo transforma-se em um dos pilares da nutrição animal, com impacto direto na saúde, produtividade e rentabilidade do sistema pecuário.
Com esse guia em mãos, o produtor está mais preparado para enfrentar os desafios da seca, evitar prejuízos e assegurar alimento de qualidade para o rebanho ao longo de todo o ano.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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