Pecuarista perde R$ 100.000 em golpe: Grupo usa leilões virtuais e anúncios falsos

Golpes na venda de gado preocupam produtores no RS e deixam prejuízos milionários; Estelionatários usam leilões virtuais e anúncios falsos para enganar pecuaristas; autoridades alertam para cuidados nas negociações

O Rio Grande do Sul volta a enfrentar uma onda de golpes que atingem diretamente o mercado de compra e venda de gado. Produtores rurais relatam prejuízos com golpes na venda de gado que ultrapassam R$ 100 mil em uma única negociação fraudulenta, além de casos mais antigos que chegam a somar perdas de milhões de reais. As informações foram divulgadas pelo G1, que acompanha o avanço das investigações e a preocupação crescente dos pecuaristas.

Em Pinheiro Machado, um estelionatário participou de um leilão virtual, arrematando um lote de 20 cabeças de gado no valor de R$ 100 mil. O gado chegou a ser entregue em Soledade, mas o pagamento nunca foi realizado. O caso está sob investigação da Divisão de Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Dicrab), que já cumpriu mandados em municípios como Ibirapuitã, Nicolau Vergueiro e Passo Fundo.

Segundo a polícia, os golpistas se passam por produtores legalizados ao inserir dados falsos no sistema da Secretaria da Agricultura. Essa prática dificulta a identificação imediata da fraude e dá aparência de legitimidade às negociações.

Outra modalidade identificada é a clonagem de anúncios. Estelionatários replicam ofertas reais em sites e aplicativos de venda de gado, atraindo vítimas com preços abaixo do mercado. Em Montenegro, por exemplo, um produtor quase caiu no golpe após receber vídeos e propostas confusas sobre terneiras supostamente à venda.

Em alguns casos, os criminosos chegam a levar os interessados a propriedades reais, apresentando rebanhos de terceiros como se fossem de sua posse. Uma das conversas flagradas mostrou o golpista oferecendo lotes de 150 a 175 animais a preços de até R$ 9 por quilo, valor bem inferior ao praticado no mercado. A reportagem apurou que, mesmo se passando por um vendedor de Santa Maria (RS), o golpista estava, na verdade, em Cuiabá (MT) no momento do contato.

Recomendações das autoridades

O delegado Heleno dos Santos alerta para medidas simples que podem evitar grandes prejuízos: sempre realizar o pagamento em instituições bancárias oficiais ou acompanhar presencialmente a transferência via PIX ou TED. Ele defende também que os sistemas de cadastro e de leilões sejam aprimorados para garantir a identificação real dos participantes.

Golpes na venda de gado que marcaram o passado

Os recentes casos trazem à memória o golpe de 2021, considerado um dos maiores já registrados no setor. Naquele ano, cerca de 70 pecuaristas tiveram prejuízos estimados em R$ 30 milhões. Um produtor de Restinga Seca relatou ter perdido 542 novilhas, avaliadas em aproximadamente R$ 4 milhões, resultado de anos de investimento.

As investigações revelaram suspeita de envolvimento de um servidor público, acusado de lançar registros fraudulentos em nome de produtores. Documentos apontaram que um investigado saltou de 434 para 1.790 animais registrados em apenas um dia, sem emissão de notas ou comprovação de pagamento.

Situação atual e próximos passos

O processo segue em segredo de Justiça, mas o Tribunal de Justiça do RS confirmou que já ocorreram audiências e novas oitivas de testemunhas estão programadas. O servidor público envolvido permanece afastado, mas continua recebendo salário por determinação judicial, enquanto um processo administrativo segue em andamento.

A defesa de um dos acusados afirma que ele está à disposição da Justiça e cumpre todas as medidas cautelares impostas. O caso dos golpes na venda de gado segue como um exemplo da fragilidade no controle das negociações rurais e da necessidade de reforço na segurança dos sistemas utilizados no agronegócio.

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